segunda-feira, 22 de junho de 2020

Nunca mais chove torrencialmente durante uns 40 dias e 40 noites


Vitor Cunha

O estado da nação é igual ao de sempre, só que está se notando mais. Resumindo: um indivíduo, acaso presidente da república popular, vem espingardar que é preciso “medidas mais duras” para pessoas que se deixam controlar (filiem-se em sindicato da CGTP);

o bobo da corte em funções vem logo dizer que concorda, que é preciso proibir ajuntamentos dos que ele não tenciona frequentar e punir esses que não são da CGTP, para o bem de todos (leia-se: de ninguém);

a polícia diz que não tem bastões suficientemente fortes para dispersar as multidões que o crescente revivalismo da tradição de bufaria faz denunciar diligentemente;

o autarca da cidade com tradição de desfiles de Carnaval em biquini no mês de fevereiro vem exigir um cerco sanitário à volta de Lisboa (eu concordo, desde que seja para sempre e em ocasião do Rui Moreira estar de visita) e, mesmo com cachimbos de crack gratuitos, os idosos continuam sem poder frequentar centros de dia, limitando-se à morte lenta em casa, mas – Deus nos livre – sem Covid, só com uma faca nos pulsos;

entretanto, um não sei quê da polícia já veio dizer – ouvi no rádio – que a polícia, afinal, tem meios para acusar gente que se junta de “crime de desobediência” se não dispersarem perante a arrogância pacóvia dos tipos de uniforme perante pessoas que se limitam a existir.

Enquanto decorre isto, pessoas andam entretidas a deliberar se o Chega é ou não é de extrema-direita, isto é, se são daqueles que no poder andariam aí feitos filhos de putas a limitar os direitos de circulação e livre associação dos cidadãos.

E não há um dilúvio que purifique isto.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias, 22-6-2020

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