O estado da nação é igual ao
de sempre, só que está se notando mais. Resumindo: um indivíduo, acaso
presidente da república popular, vem espingardar que é preciso “medidas mais duras” para pessoas que se deixam controlar (filiem-se em
sindicato da CGTP);
o bobo da corte em funções vem
logo dizer que concorda, que é preciso proibir ajuntamentos dos que ele não
tenciona frequentar e punir esses que não são da CGTP, para o bem de todos (leia-se: de ninguém);
a polícia diz que não tem
bastões suficientemente fortes para dispersar as multidões que o crescente
revivalismo da tradição de bufaria faz denunciar diligentemente;
o autarca da cidade com
tradição de desfiles de Carnaval em biquini no mês de fevereiro vem exigir um
cerco sanitário à volta de Lisboa (eu concordo, desde que seja para sempre e em
ocasião do Rui Moreira estar de visita) e, mesmo com cachimbos de crack gratuitos, os idosos continuam sem poder frequentar centros de
dia, limitando-se à morte lenta em casa, mas – Deus nos livre – sem Covid, só
com uma faca nos pulsos;
entretanto, um não sei quê da
polícia já veio dizer – ouvi no rádio – que a polícia, afinal, tem meios para
acusar gente que se junta de “crime de desobediência” se não dispersarem
perante a arrogância pacóvia dos tipos de uniforme perante pessoas que se
limitam a existir.
Enquanto decorre isto, pessoas
andam entretidas a deliberar se o Chega é ou não é de extrema-direita,
isto é, se são daqueles que no poder andariam aí feitos filhos de putas a
limitar os direitos de circulação e livre associação dos cidadãos.
E não há um dilúvio que
purifique isto.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
22-6-2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-