terça-feira, 30 de junho de 2020

Mídia chinesa recruta repórteres para turbinar sua máquina de propaganda

Ex-jornalistas de redes respeitadas, como CNN e BBC, põem de lado a ética e o compromisso com a verdade para trabalhar para a TV estatal da China

Roberta Ramos

Como conseguir credibilidade rápida, mesmo que a realidade não seja aquela que se deseja mostrar? A CGTN, rede de televisão estatal do Partido Comunista Chinês (PCC), encontrou uma fórmula no mínimo surpreendente.

A emissora contratou diversos jornalistas experientes, saídos de concorrentes como a americana CNN e a britânica BBC, e os colocou para fazer propaganda, no lugar de jornalismo.

Exemplo disso, o ex-âncora da CNN Sean Callebs se tornou, desde sua contratação pela CGTN, um ferrenho defensor do país ditatorial.

Ele elogiou as ações do PCC no meio ambiente, apesar de o país responder de modo consistente pela maior parcela mundial de emissões de gases de efeito estufa e poluir desproporcionalmente o ar e a água, por exemplo.

O mesmo aconteceu com a ex-repórter da rede norte-americana Karina Huber. Em seu entusiasmo com os novos patrões, ela levou os espectadores para dentro de sua casa para demonstrar como a grande maioria dos produtos que usava era fabricada na China, sem mencionar como as importações chinesas prejudicaram a vida norte-americana: os brinquedos chineses são feitos com tinta tóxica; os peixes chineses são cancerígenos devido à água poluída do país; o doce chinês foi contaminado com formaldeído; e o drywall chinês é feito com material radioativo.

E até mesmo um brasileiro se deixou cooptar pelos comunistas: ex-corrrespondente da BBC no Brasil, Paulo Cabral [foto] agora saúda o país asiático como “uma importante fonte de investimento necessário” para países como o Brasil, concluindo que “a China está tomando o lugar dos Estados Unidos na América Latina”.


Ele também falou abertamente da iniciativa Belt and Road do país, pela qual o PCC adquire participações na infraestrutura e nas indústrias dos países em desenvolvimento por meio de aquisições e investimentos predatórios.

Como conclusão, a CGTN paga a seus profissionais para que abram mão da ética e do compromisso com a verdade e os fatos para que a visão chinesa de mundo se espalhe com mais facilidade, partindo da boca (e dos textos) de quem já sabe como falar com o público ocidental.

Uma estratégia inteligente que pode passar despercebida a quem não prestar atenção à informação recebida.
Título e Texto: Roberta Ramos, revista Oeste, 30-6-2020, 4h30

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