Ex-jornalistas de redes respeitadas, como
CNN e BBC, põem de lado a ética e o compromisso com a verdade para trabalhar
para a TV estatal da China
Roberta Ramos
Como conseguir credibilidade
rápida, mesmo que a realidade não seja aquela que se deseja mostrar? A CGTN,
rede de televisão estatal do Partido Comunista Chinês (PCC), encontrou uma
fórmula no mínimo surpreendente.
A emissora contratou diversos
jornalistas experientes, saídos de concorrentes como a americana CNN e a
britânica BBC, e os colocou para fazer propaganda, no lugar de jornalismo.
Exemplo disso, o ex-âncora da
CNN Sean Callebs se tornou, desde sua contratação pela CGTN, um ferrenho
defensor do país ditatorial.
Ele elogiou as ações do PCC no
meio ambiente, apesar de o país responder de modo consistente pela maior
parcela mundial de emissões de gases de efeito estufa e poluir
desproporcionalmente o ar e a água, por exemplo.
O mesmo aconteceu com a
ex-repórter da rede norte-americana Karina Huber. Em seu entusiasmo com os
novos patrões, ela levou os espectadores para dentro de sua casa para
demonstrar como a grande maioria dos produtos que usava era fabricada na China,
sem mencionar como as importações chinesas prejudicaram a vida norte-americana:
os brinquedos chineses são feitos com tinta tóxica; os peixes chineses são
cancerígenos devido à água poluída do país; o doce chinês foi contaminado com
formaldeído; e o drywall chinês é feito com material
radioativo.
E até mesmo um brasileiro se
deixou cooptar pelos comunistas: ex-corrrespondente da BBC no Brasil, Paulo
Cabral [foto] agora saúda o país asiático como “uma importante fonte de
investimento necessário” para países como o Brasil, concluindo que “a China
está tomando o lugar dos Estados Unidos na América Latina”.
Ele também falou abertamente
da iniciativa Belt and Road do país, pela qual o PCC adquire participações na
infraestrutura e nas indústrias dos países em desenvolvimento por meio de
aquisições e investimentos predatórios.
Como conclusão, a CGTN paga a
seus profissionais para que abram mão da ética e do compromisso com a verdade e
os fatos para que a visão chinesa de mundo se espalhe com mais facilidade,
partindo da boca (e dos textos) de quem já sabe como falar com o público
ocidental.
Uma estratégia inteligente que
pode passar despercebida a quem não prestar atenção à informação recebida.
Título e Texto: Roberta
Ramos, revista
Oeste, 30-6-2020, 4h30
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