José Luís Seixas
O Outono está estranho. Parece
um Verão retardado e inclemente. Poderá configurar uma mensagem divina de
solidariedade, um gesto de misericórdia para um povo que viveu os efeitos de
uma alucinação que o conduziu ao desastre. O Estado Português não tem dinheiro.
A Banca não consegue financiar-se. O futuro que se avizinha é uma enorme
incógnita que nos angustia. Mas, pelo menos, temos sol, dias lindos, calor que
nos mantém em trajes de veraneio. É uma espécie de consolo. Sabemos que não há
mais tempo a perder nem dinheiro para gastar. Mas, entrementes, sempre dá para
um mergulho na praia. O Orçamento de 2012 prenuncia sangue, suor e lágrimas.
Que possivelmente se replicarão no Orçamento seguinte. Sabe Deus até quando.
Regressaremos a paradigmas de
vida diferentes. Perderemos hábitos incomportáveis e olharemos para o dinheiro
com o respeito que sempre deveria ter merecido. Mas ainda sobra um trocado para
uma cerveja gelada e um pratinho de tremoços. Antes tesos e com calor do que
pobres e com frio. O problema é que o Inverno chegará, mais cedo ou mais tarde.
Inexoravelmente. E com a electricidade a este preço, lá iremos em busca dos
velhinhos cobertores de papa. Que muito aqueciam e nada gastavam. Coisas
esquecidas do passado que ainda serão o nosso presente.
José Luís Seixas, Destak, 12-10-2011
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