Portugal viveu durante anos a
ilusão de poder gastar mais do que tinha e produzia. Nessa ordem, várias foram
as famílias que, para mostrarem poder de compra ao vizinho, viveram acima das
suas possibilidades, aproveitando o recurso ao crédito. Ou seja, estivemos
longos anos a viver de aparências e agora que a corda começa a apertar vemo-nos
de pés e mãos atados, sufocados por medidas de austeridade que todos dizem
injustas. Em todos estes anos, houve quem agradecesse este despesismo, lucrando
com isso e fazendo valer os seus interesses, nomeadamente bancos e entidades
credoras. A tudo isto acresce que, apesar das sucessivas mudanças de governos,
estes maus hábitos do povo foram transportados para a classe política (...).
Somos reféns dos erros do passado, mas o mais importante será aprender com a
lição, e não que nos comparemos a gregos ou irlandeses ou a quaisquer outros.
Os nossos problemas são bem reais e há que os enfrentar com lucidez, e não com
a continuação de privilégios desnecessários ou injustificados, pois um
verdadeiro estado social deve apoiar sim quem quer trabalhar ou apoiar aqueles
que, não querendo trabalhar, ainda recebem um dito subsídio de inserção quando
se sabe que apenas se está a alimentar mais uma geração de irresponsáveis e
mandriões? (...)
Título e Texto: Hugo Oliveira,
Covilhã, revista Sábado, nº 392, 03 a 09-11-2011
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“Este rapaz não vai dar nadinha”
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