terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pergunte, que a Siri responde

Uma nova aplicação de voz está a deixar o mercado louco. Escreve mensagens, procura restaurantes e faz chamadas. E ainda responde às perguntas mais disparatadas

Susana Lúcio

É a aplicação com mais êxito do novo iPhone 4S. Desde que foi lançado nos EUA, no início do mês passado, o telemóvel da Apple tem entusiasmado os utilizadores com Siri, uma assistente pessoal que usa a voz para comunicar. Como outras aplicações do género, Siri recebe ordens verbais e executa-as diligentemente: escreve as mensagens que lhe são ditadas e envia-as, faz telefonemas, anota lembretes e procura os restaurantes mais próximos de casa. A grande diferença está na forma como fala e, sobretudo, como responde. Por enquanto apenas em inglês, alemão e francês.

"Como está o trânsito nesta zona? Aqui está o mapa de tráfego. Envia uma mensagem à minha mulher a dizer que vou chegar 30 minutos atrasado." A conversa decorre no spot publicitário da Apple que demonstra como usar a aplicação. Siri não necessita de ouvir palavras de comando para executar tarefas, basta fazer a pergunta como se a fizesse ao seu melhor amigo. Os fãs adoraram e já há quem tenha deixado de usar as teclas do telemóvel para passar o dia a falar com Siri.

Os mais curiosos divertem-se a testar a capacidade de resposta. À pergunta: "Onde posso comprar marijuana?" Siri indica as lojas onde se vendem cogumelos mágicos e cachimbos de água. Mas se perguntar por drogas, Siri dá a morada dos centros de tratamento de toxicodependência mais próximos.

A voz não hesita quando lhe perguntam por prostitutas: "Eis os serviços de acompanhantes nesta área." E está preparada para responder a insultos. "És uma cabra!" Resposta: "Só estou a tentar ajudar." Ou: "Vai à merda!" Resposta: "Não é preciso ser malcriado." Até tem réplica para pedidos menos ortodoxos: "Mostra-me as mamas". "Encontrei uma série de clubes de strip. Dois deles são perto de ti." E aparecem no visor do telemóvel os nomes dos clubes e a distância a que se encontram. 

A aplicação é o resultado de 40 anos de investigação da agência americana de projetos de defesa 

Perguntar o mais improvável a Siri acabou por se tornar rapidamente num passatempo. De tal forma que até surgiram páginas na Internet, como Shit That Siri Says (treta que a Siri diz), onde são publicadas as perguntas e as respostas mais bizarras. Ao pedido "Siri, diz-me porcarias", a resposta é inesperada: "Húmus. Estrume. Pedra-pomes. Lama. Cascalho." Outro exemplo: "Siri, estás a menstruar?" "Não comento, idiota."


No site Siri Says os exemplos são intelectualmente mais elevados. "Qual é a raiz quadrada de 1.356?" Siri responde com a ajuda de uma das aplicações do iPhone, o Wolfram Alpha, um motor de respostas que processa informação, em vez de fornecer uma lista de documentos que possam ter a resposta. É também com esta aplicação que Siri responde à pergunta: "Quando é que os porcos vão voar?" Resposta: "Ok, é assim: a) Quando lhes crescerem asas; b) Quando colocados num canhão de circo; c) Quando conseguirem comprar bilhetes de avião."

Siri é o resultado de 40 anos de investigação financiada pela agência norte-americana de projectos avançados de defesa. A aplicação foi criada no Centro de Inteligência Artificial do Instituto de Pesquisa de Stanford, por Dag Kittlaus, Adam Cheyer e Tom Gruber e vendida à Apple no ano passado.
Título e Texto: Susana Lúcio, Sábado, nº 393, 10 a 16-11-2011
Edição: JP

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