terça-feira, 8 de novembro de 2011

“Vladimir Putin não vai abandonar o poder e revolução pode ser inevitável”


José Milhazes
Mikhail Khodorkovski, antigo proprietário da petrolífera Yukos, considera que o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, não abandonará voluntariamente o poder, o que poderá provocar uma revolução.
“Receio que o país entre num longo período de estagnação, numa crise política e mudança revolucionária (espero muito que sem sangue) do poder. Infelizmente, Putin não sairá por vontade própria e não prepara um sucessor real”, declarou ele, respondendo, por escrito, às perguntas dos leitores da rádio Eco de Moscovo.
“Se a situação se desenvolver assim, a tarefa da oposição liberal consiste em defender os valores da liberdade e dos direitos humanos nos anos de estagnação, menorizar as consequências da revolução”, considerou.
Segundo o antigo oligarca, o seu país encontra-se perto do “suicídio nacional”.
“Hoje, o estado da indústria russa corresponde ao europeu de há 30-50 anos atrás. Semelhante atraso poderá ser superado em 20-25 anos. O estado da sociedade pode torná-lo irreversível. Estamos muito perto do suicídio nacional”, sublinhou.
Ele é da opinião que “as tentativas de conservar o império em vez da construção de um Estado de direito nacional saíram-nos e continuam a sair-nos muito caras”.
“O poder deve escolher o que é mais importante: o próprio bem-estar ou o futuro do país. E os cidadãos podem ou não concordar com a opção do poder”, acrescentou.
“O poder russo explica as humilhações a que submete o seu povo com a necessidade de manter o império e conservar a “estabilidade”. E o povo aceita, em nome de um império fantasma e de uma pseudo-estabilidade, renunciar aos valores humanos fundamentais e ao Estado de direito nacional. Por isso, o poder atua comporta-se como um ocupante no próprio país”, considerou.
Khodorkovski está a cumprir uma pena de 14 anos de prisão por alegadas fugas ao fisco e branqueamento de capitais.
O antigo magnata mostra-se convencido de que irá cumprir toda a pena e que lhe irá ser negada a libertação antecipada, pois não reconhece a sua culpa.
“O falso testemunho é um pecado terrível. Ao salvar-me a mim próprio, pisarei inocentes. Isso é inaceitável”, frisou.
Título e Texto: Agência Lusa/José Milhazes, blogue “Da Rússia”, 08-11-2011

Mikhail Khodorkovski, foto: AD

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