Ser utópico é ser um sonhador
com os pés no chão. Imaginar uma sociedade mais humana, digna, distributiva,
pacífica é ser um utópico. É um sonho que pode ser alcançado. Além das riquezas
materiais, os carrões, os tablets, os resorts, os passeios no Mediterrâneo, as
roupas de grife, os cartões de crédito, os celulares, os móveis da moda, é
preciso ir além. Tudo isso é bom, mas não é o suficiente. O que adianta um belo
apê se ele precisa ficar cercado de grades ? Um tênis de corrida, se na
primeira esquina o filho é assaltado, e volta para casa, quando volta,
descalço? É utopia desejar uma sociedade com valores éticos e morais, onde,
pelo menos, as pessoas obedeçam e façam obedecer a lei? Imagina o nosso país
com reforma política, cadeia para corruptos e corruptores, participação social
e cidadã, reforma do judiciário, recuperação do dinheiro desviado dos cofres
públicos, financiamento público de campanhas, imprensa livre, mobilização
social. Isto é utopia? Sim. É uma utopia possível; ao alcance e desejável pela
maioria dos brasileiros.
O filósofo italiano
renascentista Tomaso Campanella também escreveu uma utopia. Imaginou uma cidade
ideal a qual deu o nome de A Cidade do Sol. Esta é a sua obra mais importante e
que lhe custou perseguições, inclusive da Inquisição. Graças a amizade que
tinha com o Papa da época escapou e fugiu para Paris, onde morreu. Campanella
retrata no livro uma cidade imaginária ideal, naturalista, guiada por
princípios divinos. Na Cidade do Sol não existiria qualquer tipo de propriedade,
nem familiar, nem privada, já que todos os bens obrigatoriamente estariam a
serviço de todos. Ele era um sonhador, tal cidade onde todos trabalhariam 8
horas, descansariam 8 e se divertiriam também 8 horas, jamais existiu. Ele
dizia que os trabalhadores braçais deveriam ganhar mais do que os banqueiros,
por que seu trabalho era mais pesado. O sonho do filósofo não se concretizou,
os seres humanos não estavam preparados para isso.
Nossa utopia é bem mais simples e possível de se realizar. O primeiro passo seria a formação de uma consciência crítica, cidadã, participativa, fiscalizadora do poder público. Acabar com a corrupção não é construir uma Cidade do Sol. É muito menos. É um passo que pode ser dado se a sociedade quiser, se as pessoas se juntarem em pequenas células populares e passarem o modelo adiante. A replicância logo cobriria o país em uma malha de células, interligadas e com conectividade entre todas, como uma imensa mandala. Nessa teia logo cairiam os primeiros insetos que insistem em levar vantagem em tudo. As mudanças que precisamos podem ser rotuladas de utópicas, mas são factíveis, dependem única e exclusivamente de cada um de nós. Contudo para realizar essa utopia é preciso mudar nossa maneira pessoal de ser e repudiar veementemente os que perpetuam o levar vantagem em tudo e que consolidam o jeitinho brasileiro e institui o quebra galho. É preciso praticar as regras éticas mesmo quando os outros não estão vendo. Não podemos nos indignar por não fazer parte do festival de malandragens conduzidos por alguns que imaginam ser mais espertos. Enfim nossa utopia começa com o fim da Lei de Gerson.
Texto: Heródoto Barbeiro, escritor, jornalista e âncora do Jornal da Record News às 21h, Blog do Barbeiro.
Nossa utopia é bem mais simples e possível de se realizar. O primeiro passo seria a formação de uma consciência crítica, cidadã, participativa, fiscalizadora do poder público. Acabar com a corrupção não é construir uma Cidade do Sol. É muito menos. É um passo que pode ser dado se a sociedade quiser, se as pessoas se juntarem em pequenas células populares e passarem o modelo adiante. A replicância logo cobriria o país em uma malha de células, interligadas e com conectividade entre todas, como uma imensa mandala. Nessa teia logo cairiam os primeiros insetos que insistem em levar vantagem em tudo. As mudanças que precisamos podem ser rotuladas de utópicas, mas são factíveis, dependem única e exclusivamente de cada um de nós. Contudo para realizar essa utopia é preciso mudar nossa maneira pessoal de ser e repudiar veementemente os que perpetuam o levar vantagem em tudo e que consolidam o jeitinho brasileiro e institui o quebra galho. É preciso praticar as regras éticas mesmo quando os outros não estão vendo. Não podemos nos indignar por não fazer parte do festival de malandragens conduzidos por alguns que imaginam ser mais espertos. Enfim nossa utopia começa com o fim da Lei de Gerson.
Texto: Heródoto Barbeiro, escritor, jornalista e âncora do Jornal da Record News às 21h, Blog do Barbeiro.
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