Da investigação sobre o
Alzheimer, até à tecnologia que vai ajudar o próximo rover a sobreviver ao frio
de Marte. O PÚBLICO contactou algumas universidades portuguesas para ouvir o
que de mais interessante se fez no ano que terminou. A lista resultante é uma
pequena amostra da realidade, mas revela que a ciência nacional está em
evidência em muitas áreas.
Nicolau Ferreira
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A sonda que vai a Marte terá
tecnologia portuguesa (ESA)
|
Estrelas de matéria escura
É uma antiga guerra teórica
dos físicos: o que é que acontece quando as estrelas deixam de ter matéria para
consumir? Uma das principais teorias defende que o seu peso obrigaria a estrela
a colapsar, originando um ponto de densidade tão alto – os chamados buracos
negros – que sugaria até a luz, e onde o espaço e o tempo se comportariam de
uma outra forma. Mas houve sempre teóricos que criticaram este conceito
excepcional de “singularidade” dos buracos negros, que existiriam em vários
pontos do universo. Num artigo aceite para publicação na Physical Review
Letters, Paolo Pani, Vitor Cardoso e Térence Delsate, do Instituto Superior
Técnico, sugerem agora que este colapso das estrelas não resultará numa
singularidade e explicam que o aumento súbito da densidade da matéria pode
originar uma nova força gravitacional, a chamada matéria escura. O resultante
será uma “estrela de matéria escura” invisível aos telescópios.
Vulcão origina explosão de
vida no mar
Foi um dos estudos mais
interessantes do ano, de acordo com a NASA. Vasco Mantas, cientista da
Universidade de Coimbra, documentou pela primeira vez algo que sempre se julgou
acontecer, um aparecimento súbito de organismos em regiões submarinas onde
ocorre uma erupção vulcânica. O investigador verificou, com ajuda de imagens de
satélite, o aparecimento de microalgas associado ao vulcanismo, em regiões do
Pacífico pobres em nutrientes. O fenómeno “tem consequências, por exemplo, na
cadeia alimentar, fazendo aumentar a ‘carga’ de peixe, e na diminuição da
quantidade de dióxido de carbono”, explicou o cientista num comunicado.
Cerâmica para gerar energia
Chama-se Projecto Solar Tiles,
reúne um consórcio de nove entidades nacionais, desde empresas até institutos e
universidades, e teve o apoio do QREN. O objectivo do projecto, de que a
Universidade do Minho foi promotora, é simples: produzir peças de cerâmica como
as telhas, que contenham células fotovoltaicas capazes de utilizar a energia
solar, transformando-a em energia eléctrica. O trabalho terminou em Agosto do ano
passado, com um protótipo pré-industrial. O próximo passo será a sua produção
em massa.
Diagnosticar a doença de
Alzheimer sem erros
Identificar uma pessoa com
doença degenerativa de Alzheimer sempre foi um problema, pela dificuldade de
encontrar alguma substância produzida pelo corpo associada à doença. A empresa
2CTech, associada ao Centro de Biologia Celular da Universidade de Aveiro,
criou um teste que avalia três biomarcadores neurológicos e diagnostica a
doença sem erros. As investigadoras Odete Cruz e Silva e Margarida Fardilha
conseguem ainda identificar pacientes que estão num estado precoce do processo
degenerativo e vão desenvolver a doença.
Testar o aquecimento global
num ribeiro
Os resultados estão por vir,
mas a experiência pioneira em toda a Europa foi posta em prática neste ano. A
ribeira do Candal, na Lousã, tem agora um troço de 22 metros separado ao meio,
a nível longitudinal. Numa parte tudo acontece naturalmente, na outra um
termoacumulador vai aquecer a água em cerca de 3ºC. A experiência, coordenada
por Cristina Canhoto, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra e que tem uma dezena de colaborações internacionais,
além de várias parcerias nacionais, quer responder a uma questão: o que vai
acontecer ao funcionamento dos ecossistemas dos rios com o aumento de
temperatura?
Automóvel que anda sozinho
Atlascar é um Ford Escort que
passou a andar sozinho. A equipa do Atlas, coordenada por Vítor Manuel Santos, da
Universidade de Aveiro, construiu o primeiro carro português que não precisa de
condutor. Os investigadores instalaram um robô neste modelo automóvel com
sensores e actuadores que permitem investigar e desenvolver a condução
assistida. O projecto venceu em 2011 o prémio Freebots Competition no Festival
de Robótica Assistida, promovido pela Sociedade Portuguesa de Robótica.
Grafeno
Grafeno
Muitos dizem que o grafeno é o
material do futuro. O composto é formado por uma camada de átomos de carbono
cujas ligações resulta numa estrutura de hexágonos, como se fosse uma colmeia.
O material promete revoluções na electrónica. Nuno Peres, do Centro de Física
da Escola de Ciência da Universidade do Minho, é responsável por um dos
laboratórios mais importantes do mundo que estuda as propriedades deste
material. Em 2011, o cientista ganhou o Prémio Ciência da Gulbenkian e está a
estudar agora as propriedades da camada dupla de grafeno, que poderá ter
aplicações em aparelhos de comunicação móvel, células solares, detectores de
radiação electromagnética, sensores de pequenas quantidades de moléculas,
sensores de tensão em estruturas, sequenciação do ADN.
Aerogéis contra frio de Marte
A temperatura média de Marte é
de 63 graus Celsius negativos. Qualquer máquina enviada para lá tem que
suportar um clima gelado. No caso do próximo veículo (rover) que a Agência
Espacial Europeia pensa em enviar em 2016, são os investigadores do Instituto
Pedro Nunes, associado à Universidade de Coimbra, que estão a resolver esta
questão A equipa liderada por Ricardo Patrício desenvolveu neste ano aerogéis
que protegem os circuitos electrónicos da temperatura e pressão do ambiente
agreste do planeta vermelho. A substância foi produzida através de “um processo
específico de secagem dos produtos à base de sílica que garante uma menor
densidade e maior flexibilidade”, explicou o cientista, num comunicado.
Sequenciar genomas é mais
barato
A sequenciação de genomas é
uma das técnicas mais importantes da biologia. Através dela é possível saber a
sequência dos tijolos de ADN que forma o genoma de animais, plantas, bactérias,
vírus, espécies extintas e do ser humano. O processo é importante em inúmeras
actividades, desde conhecer a origem genética de doenças, até ajudar a
compreender a árvore da vida. O sistema desenvolvido por Francisco Fernandes,
do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, do Instituto Superior
Técnico, funciona com um novo algoritmo informático que torna este processo
mais económico e dá um passo em frente para a democratização do acesso à
sequenciação genética, o que pode ajudar a tornar a medicina personalizada numa
realidade.
Regeneração de tecidos em
marcha
Como é que se pode regenerar
cartilagem ou osso? Utilizando materiais como o amido de milho, soja e a
quitina. Esta é a aposta de investigação da equipa de Rui Reis, que acredita
que um dia irá ser possível regenerar membros completos. O investigador é
director do grupo 3B’s, Biomateriais, Biodegradáveis e Biomiméticos da
Universidade do Minho e em 2011 publicou dezenas de artigos nesta área. No ano
passado foi galardoado com o George Winter Award, o principal prémio Europeu na
área dos biomateriais.
Texto: Nicolau Ferreira,
Público, 01-01-2012
Como diriam o Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e a CGTP "é tudo um bando de ladrões neoliberais, capitalistas, etc..." e "não se comparam com os ensolarados cientistas da Coreia do Norte". E em Medicina "são muito inferiores aos gloriosos médicos cubanos", e "são cientistas que se juntaram ao Pacto de Agressão", "jamais serão capazes de construir uma bomba atômica, como as da Coreia do Norte e do Irão, bombas construídas para salvar a humanidade dos americanos, alemães, franceses..." Saravá!
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