António Ribeiro Ferreira
Dava para rir às gargalhadas se houvesse dinheiro nos bolsos, nos bancos, nos cofres das empresas e das famílias. Dava para rir às gargalhadas se houvesse emprego para toda a gente. Dava para rir às gargalhadas se os pensionistas tivessem reformas decentes para o resto dos seus dias.
Dava para rir às gargalhadas se os velhos não morressem sozinhos. Dava para rir às gargalhadas se os jovens, os de meia idade e mesmo os mais velhos não tivessem de fugir do país para terem trabalho e viverem com alguma dignidade. Dava para rir às gargalhadas se a justiça não fosse uma vergonha, em que os ricos passam pelos pingos da chuva e os pobres são vítimas de toda a espécie de injustiças e abusos. Dava para rir às gargalhadas se os corruptos, os que levaram o país à miséria e agora passeiam à luz do dia o produto dos roubos cometidos ao longo de muitos anos, estivessem justamente na cadeia. Dava para rir à gargalhadas se os empresários tivessem formação e conseguissem sobreviver numa economia de mercado, com concorrência, em vez de andarem sistematicamente encostados ao Estado e aos favores do poder político.
Dava para rir às gargalhadas se os sindicatos fossem instituições inteligentes, preocupadas com o desenvolvimento económico, a vida das empresas, o progresso dos assalariados e, já agora, com as centenas de milhares de desempregados. Dava para rir às gargalhadas se o Estado fosse mínimo e não consumisse metade das riquezas nacionais.
Dava para rir às gargalhadas se o Estado, mínimo, sem burocracia e amigo do cidadão, baixasse os impostos obscenos que cobra a empresas e cidadãos. Dava para rir às gargalhadas se os partidos políticos fossem entidades sérias, pilares da democracia. Dava para rir às gargalhadas se os partidos políticos não fossem máquinas que tomaram de assalto o Estado que não lhes pertence. Dava para rir às gargalhadas se os partidos políticos não fossem enormes agências de empregos públicos pagos pelos impostos obscenos cobrados aos cidadãos e às empresas.
Dava para rir às gargalhadas se os velhos não morressem sozinhos. Dava para rir às gargalhadas se os jovens, os de meia idade e mesmo os mais velhos não tivessem de fugir do país para terem trabalho e viverem com alguma dignidade. Dava para rir às gargalhadas se a justiça não fosse uma vergonha, em que os ricos passam pelos pingos da chuva e os pobres são vítimas de toda a espécie de injustiças e abusos. Dava para rir às gargalhadas se os corruptos, os que levaram o país à miséria e agora passeiam à luz do dia o produto dos roubos cometidos ao longo de muitos anos, estivessem justamente na cadeia. Dava para rir à gargalhadas se os empresários tivessem formação e conseguissem sobreviver numa economia de mercado, com concorrência, em vez de andarem sistematicamente encostados ao Estado e aos favores do poder político.
Dava para rir às gargalhadas se os sindicatos fossem instituições inteligentes, preocupadas com o desenvolvimento económico, a vida das empresas, o progresso dos assalariados e, já agora, com as centenas de milhares de desempregados. Dava para rir às gargalhadas se o Estado fosse mínimo e não consumisse metade das riquezas nacionais.
Dava para rir às gargalhadas se o Estado, mínimo, sem burocracia e amigo do cidadão, baixasse os impostos obscenos que cobra a empresas e cidadãos. Dava para rir às gargalhadas se os partidos políticos fossem entidades sérias, pilares da democracia. Dava para rir às gargalhadas se os partidos políticos não fossem máquinas que tomaram de assalto o Estado que não lhes pertence. Dava para rir às gargalhadas se os partidos políticos não fossem enormes agências de empregos públicos pagos pelos impostos obscenos cobrados aos cidadãos e às empresas.
Dava para rir às gargalhadas se o país
não estivesse na bancarrota, transformado num protectorado que anda de
mão estendida a pedir dinheiro para salários e pensões. Dava para rir às
gargalhadas se as elites nacionais não fossem tão rascas e sempre
dependentes das migalhas, grandes ou pequenas, que caem da mesa do
orçamento. Dava para rir às gargalhadas se este país tivesse futuro para
os que já cá estão e os poucos que ainda nascem. Mas,
definitivamente, este Portugal não dá vontade de rir. Nem de chorar. É
uma tristeza de uma ponta à outra. Tão triste que mete pena ouvir almas
penadas a discutir com muita paixão o fim de feriados patéticos,
nacionais ou municipais, pontes, tolerâncias de ponto e, claro, o
importantíssimo carnaval.
Mas sejamos justos. Os espectáculos andrajosos, os desfiles pindéricos de terça-feira de carnaval, do norte ao sul, do centro às ilhas, devem manter-se, custe o que custar. Por uma razão simples. São a imagem perfeita, verdadeira, real deste pequeno e triste Portugal. Ali está a alma lusitana na sua plenitude. Despida, gelada, desgraçada, pobre, miserável.
Título e Texto: António Ribeiro Ferreira, jornal “i”, 06-02-2012
Mas sejamos justos. Os espectáculos andrajosos, os desfiles pindéricos de terça-feira de carnaval, do norte ao sul, do centro às ilhas, devem manter-se, custe o que custar. Por uma razão simples. São a imagem perfeita, verdadeira, real deste pequeno e triste Portugal. Ali está a alma lusitana na sua plenitude. Despida, gelada, desgraçada, pobre, miserável.
Título e Texto: António Ribeiro Ferreira, jornal “i”, 06-02-2012
Edição: JP
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