domingo, 5 de fevereiro de 2012

Outra vítima da ascenção brasileira: passagens aéreas baratas

O fundador da ‘GOL’, uma linha aérea brasileira que certa vez decidiu acabar com o alto custo das viagens aéreas, enfrenta agora questionamentos quanto aos preços exorbitantes cobrados por sua empresa pelas tarifas aéreas. 

Foto: Alexandre Meneghini/AP

Andrew Downie
Quando entrevistei o diretor da GOL para a revista ‘The Monitor’ em 2005, fique tremendamente impressionado pela sua ética de querer criar uma empresa aérea para o Brasil que pudesse ter baixo custo e passagens baratas além de enfrentar o legado das demais transportadoras cujo modelo tanto o desagradava.
Constantino de Oliveira Jr. fez exatamente o que se propôs a fazer: combinou importantes cortes de preços com serviços de boa qualidade – ajudado pelo boom econômico que trouxe milhões de consumidores locais para o mercado do transporte aéreo de passageiros – e, com ajuda de amigos no governo petista, acionistas da TAM, ajudou a falir a Varig, a até então maior transportadora de cargas e passageiros do país. Hoje a GOL rivaliza com a TAM pela primeira posição no mercado.

AO VENCEDOR, AS BATATAS
O problema é que em algum ponto de sua trajetória empresarial, Constantino de Oliveira Jr. parou de despejar toda aquela conversa progressista de criar uma empresa aérea alternativa, reservando-a para os fregueses menos capazes de discernir e menos capazes de viajar, e acabou transformando a GOL no tipo de empresa aérea que ele parecia tão a fim de substituir.
A GOL agora cobra preços que são ridiculamente mais altos mesmo para o Brasil, um país que agora se inclui entre os mais dispendiosos do mundo.
O vôo mais barato encontrado ontem para o trecho entre Rio e São Paulo, hoje, no website da GOL, foi de 832 dólares. Em comparação, voos equivalentes, entre Nova York e Washington DC, por exemplo, pela Delta estão a partir de 319 dólares. Um viagem equivalente entre Londres e Edinburgo pela British Airways chega a custar o mínimo de 210 libras esterlinas ou algo em torno de 332 dólares.
No melhor dos exemplos de como a GOL traiu amplamente sua ética inicial, é a cobrança três vezes mais alta do que cobrava a empresa Webjet pela mesma rota, segundo o relato da Folha de São Paulo da última quarta feira. O detalhe curioso aqui é o fato de que a ‘GOL’ comprou a Webjet no ano passado, sem que a legislação antitruste nacional tenha se manifestado, e a empresa adquirida, que transportava com seus aviões regionais a baixo preço e bilhetes baratos, sendo uma alternativa aos exorbitantes preços cobrados pela ‘GOL’ e pela TAM. A ‘GOL’ disse à Folha que não estava fazendo nada ilegal e a empresa não era a única a usar essa conversa fiada. Tudo, no Brasil, é mais caro que no resto do mundo. Mas as tarifas abusivas são particularmente egrégias em função dos objetivos iniciais da ‘GOL’, louváveis, mas infelizmente abandonados.
Título e Texto: Andrew Downie, Latin America Monitor, 03-02-2012 
Tradução: Francisco Vianna

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