José Carlos Bolognese
A L'OSSERVATORE ROMANO (edição semanal em Português)
Neste mês de julho, Sua
Santidade, o Papa Francisco, estará visitando o Brasil pela primeira vez, por
ocasião da Jornada Mundial da Juventude, entre os dias 23 a 28. O Sumo
Pontífice será recebido, como é de praxe, pelas autoridades constituídas que
tudo farão para mostrar ao Papa uma nação forte e unida, sob a égide do
cristianismo que permeia os corações e as mentes de seu povo. Não estarão
omitindo a verdade nesse particular, mas esta será a “verdade conveniente” de
que lançam mão para esconder do mundo – sem sucesso como se percebe nos últimos
acontecimentos no país – que existe um outro Brasil, assolado pelas outras
verdades da corrupção, da violência diária que ceifa milhares de vidas todos os
anos, carente de uma saúde pública digna deste nome, com educação precária e
profunda injustiça social que se disfarça em programas assistenciais, perpetuando
a dependência de pessoas carentes, acima de tudo carentes da capacidade de
julgamento crítico que as liberte da suposta generosidade do governo cujo
objetivo é permanecer no poder a qualquer custo. Esse grupo político há mais de
doze anos no poder é o mesmo que dá guarida a um terrorista italiano - julgado
e condenado em seu país - flerta com ditadores, financiando-os com recursos
indispensáveis ao povo brasileiro e só ainda não legalizou o aborto porque sabe
que estaria comprando uma seríssima briga com a maioria cristã do povo deste
país.
Faz parte dessa triste
realidade a situação de milhares de pessoas idosas, ex-trabalhadores e
aposentados da empresa aérea Varig que, desesperados e morrendo aos poucos,
recebem deste governo em forma de injustiça e humilhações o pagamento por terem
cometido o crime de serem honestos trabalhadores. Há sete anos, neste mesmo mês
de julho deram o tiro de misericórdia numa empresa que mais de uma vez, teve a
honra de transportar de volta a Roma Sua Santidade, o Papa João Paulo II.
Esta era uma empresa que, como
qualquer outra dedicada a servir ao país, empregava milhares de trabalhadores
honestos, arrimos de família e, malgrado uma equivocada, ou mesmo intencional
política econômica desastrosa, produzia riquezas para a nação na ordem de US$
2,5 bilhões ao ano, o que em detrimento dos cidadãos brasileiros, acabou se
tornando lucro de empresas estrangeiras.
Essa irresponsabilidade
sepultou as esperanças de milhares de trabalhadores e suas famílias e deixa
aposentados já no limiar da existência, reféns da dependência de familiares e
amigos, isto quando posível.
Neste momento, um abnegado
grupo de aposentados, a maioria na faixa dos 70 e tantos anos, outros até com
mais de 80, ocupa há quatro dias os escritórios do que restou do seu fundo de
previdência privada, que só existe porque foi financiado com o trabalho destes
homens e mulheres durante pelo menos 24 anos.
Unicuique suum, «a cada um o (que é) seu», um dos lemas do seu prestigioso L´Osservatore Romano, corresponde ao que desejam – e nada mais - esses trabalhadores e todos os outros milhares que os apoiam:
Que lhes sejam devolvidos seus
direitos a uma existência digna e cessem a brutalidade e a injustiça.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, Aposentado, Varig Airlines, 1º de julho de
2013
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Mais uma vez o Bolognese vem nos representar.
ResponderExcluirDiferentemente de arruaceiros e baderneiros, vimos há mais de 7 anos lutando, ordeiramente, por nada mais que nossos direitos.
Depois do Papa só nos restará Deus.
Cezar Prates
Muito oportuna a mensagem ao homem que se diferencia por ser nosso pastor.Ele precisa saber o que aqui está acontecendo e, quem sabe, interceder por nós.Deus nos acompanhe!
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