Michael Moran, GlobalPost
Infraestrutura se tornou um palavrão atualmente aqui em Nova Jérsei, EUA.
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A construção está em curso pelo projeto petrolífero do Brasil. (foto:
AP/Gentileza da imprensa da Presidência em Brasília)
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Infraestrutura se tornou um palavrão atualmente aqui em Nova Jérsei, EUA.
O escândalo sobre a suposta vingança do
fechamento de uma rodovia de saída que leva uma das pontes mais movimentadas do
mundo nesta cidade à beira do Rio Hudson se recusa a ser coisa do passado. As investigações
estão fuçando tudo para verem se as saídas foram deliberadamente fechadas para
punir o prefeito democrata de Fort Lee por não dar apoio à campanha para reeleger
o governador republicano Chris Christie do Estado de Nova Jérsei.
Mas zorra política à parte, os que moram em Nova Jérsei se comportam de
forma muito semelhante às demais pessoas do planeta: dependem, embora com
rabugice, da infraestrutura para ir de A a B.
Ora, custa uma fortuna manter tais estruturas e construir outras novas.
Mas muitos entendidos defendem que os países devam gastar cada vez mais nelas —
algo em torno de 60 por cento mais do que já é gasto, o que, globalmente,
representa uma cifra de 57 trilhões de dólares até 2030, segundo McKinsey.
E, claro, um número de projetos enormes está em andamento, não apenas
aqui nos EUA... O maior projeto no hemisfério ocidental está, na verdade, em
andamento no Brasil. E o preço de etiqueta da exploração de petróleo do
pré-sial brasileiro está muito além do que qualquer orçamento estatal desse
lado do mundo, incluindo o segundo maior que é a construção quase improvável de
uma ferrovia para “trens-bala”, na Califórnia.
Segue uma lista dos dez maiores projetos de infraestrutura do
hemisfério ocidental – alguns já em plena execução, mas outros ainda no terreno
das quimeras.
1. Projeto do Pré-Sial (“pré-sal”) de exploração de petróleo em águas
profundas
Talvez o mais ambicioso projeto de exploração petrolífera jamais levado
a cabo por qualquer país. O Brasil leiloou em outubro de 2013 os diversos lotes para as grandes multinacionais petroleiras
e as construções já estão bem adiantadas. A um custo estimado 237 bilhões de
dólares, com grande parte desse investimento pago por empresas estrangeiras,
tal projeto é quatro vezes maior em dólares do que seu mais próximo competidor
regional. É chamado de ‘pré-sial’ e também de ‘pré-sal’ pelo fato das jazidas
petrolíferas se situarem a cerca de 6 mil metros de profundidade sob uma camada
subterrânea de sal que constitui a camada do sial da crosta terrestre, no fundo
do atlântico ao longo da plataforma continental brasileira a menos de 200
milhas da costa brasileira.
2. Ferrovia de alta velocidade na Califórnia
A proposta de tal ferrovia é uma das favoritas dos esquerdistas
californianos e considerada uma temeridade pelos seus oponentes direitistas. Como
a Atlantis e a mulher perfeita, ela já se tornou uma fonte inesgotável de
piadas. Mas os 69 bilhões de dólares que ela irá torrar, de um estado que está
com seus cofres vazios, torna improvável que qualquer trem-bala saia de alguma
estação num futuro previsível.
3. Gasoduto para gás liquefeito do Alaska
Trata-se de uma empreita que reúne quatro gigantes da indústria energética
mundial – a TransCanada, a ExxonMobil, a British Petroleum, e a Conoco-Phillips.
Este oleoduto abrangerá todo o enorme estado americano do círculo polar ártico.
Ao contrário do ‘trem-bala fantasia’ da Califórnia, o gasoduto depende muito
pouco dos cofres de seu estado de origem. E o investimento de 65 bilhões de
dólares será quase todo realizado pelo grupo industrial citado, que considera a
empreita como um bom negócio, em função também da afluência de apetites de exploração
de gás nos EUA, a partir do xisto e de poços em terra firme, e da necessidade
de consumo no exterior. Está agora em fase de projeto com o início da construção
previsto para 2016. Poderá ser a partida para tornar os EUA um exportador de
hidrocarbonetos.
4. Expansão da malha ferroviária brasileira
Quando se considera o transporte ferroviário no Brasil, precisamos
comparar com a situação americana de 1900, na época do Oeste selvagem. Apesar
da enorme dependência do país nas suas atraentes exportações (grãos, frutas,
carne, minérios e outras matérias primas), sua malha ferroviária está de há
muito abandonada e decrépita. Os planos governamentais incluem o investimento líquido de 43 bilhões de dólares que poderão ter que percorrer um longo caminho
para se efetivar. O problema maior do país é que qualquer investimento estatal
costuma custar quase o triplo do orçamento inicial, com muito dinheiro se
escoando pelos ralos da corrupção e da ineficiência do estado.
5. Corredor ferroviário de alta velocidade do Nordeste dos EUA
A empresa americana de transporte ferroviário, a Amtrak, é uma campeã em
vencer concorrências públicas em Washington e se ofereceu para investir 40 bilhões
de dólares para levar adiante tal projeto, apenas um pouco mais provável que se
materialize do que o projeto estatal da Califórnia. Por outro lado, o direito
de passagem dos trilhos já existe. No entanto, entre muitos obstáculos, o
visionário trem-bala da Amtrak vai precisar viajar primeiro pelo gabinete do
Governador Christie.
6. Canal Transoceânico da Nicarágua
O sonho de um canal atravessando a Nicarágua é mais antigo do que
originou o Canal do Panamá. No entanto, uma empresa chinesa convenceu o governo da Nicarágua a fica
devendo até as cuecas para aprovar um projeto que vai custar ao país 40 bilhões
de dólares. Quais são os prospectos? Os mesmos da ferrovia de alta velocidade
da Califórnia...
7. ‘Porto Maravilha’ do Rio de Janeiro
Trata-se de uma restauração do porto da cidade do Rio de Janeiro cujo
“orçamento inicial” é de 35 bilhões de dólares, mas que ninguém se arrisca em
calcular o custo final... As obras já começaram.
8. Projeto Portal de Entrada de Nova Iorque
Será
o prêmio de consolação da área de Nova Iorque – um pacotaço de pequenas
melhorias em vez do túnel ferroviário Trans – Hudson. As autoridades portuárias
de Nova Jersey e de Nova Iorque revelaram o plano, de uma década, em fevereiro
último, e que prevê o gasto de 27,6 bilhões de dólares do erário nas obras.
9. Duto Leste de Energia do Canadá
Um oleoduto de 12 bilhões de dólares da linha TransCanada line que
bombeará 1,1 milhão de barris de petróleo cru por dia de Alberta
e Saskatchewan ate as refinarias do leste canadense, num percurso de cerca de 3.000
milhas, aliviando as ferrovias desse tipo de carga perigosa.
10. Terminal de Exportação da LNG em Cameron na Louisiana
Gerado pela "revolução do fracking", uma grande fábrica do
estado sulista da Louisiana de importação de gás natural está passando por uma
conversão de 10 bilhões de dólares para permitir a exportação de gás natural da
América.
Michael Moran, GlobalPost
Tradução: Francisco Vianna,
07-05-2014
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