1. Luis GUSHIKEN - falecido um ano atrás - continua sendo um dos
mais importantes quadros do PT, cujo trabalho explica hoje a vantagem de Dilma
nas pesquisas e nessa última do Datafolha. GUSHIKEN foi presidente do Sindicato
dos Bancários e treinado e qualificado em relação à gestão de Fundos de Pensão
dos trabalhadores.
2. Em 1985, Tancredo procurou Lula pedindo os votos do PT no
Congresso. Lula fez dois pedidos. Um simbólico (aumento do salário mínimo) e
outro, a gestão dos Fundos de Pensão estatais, para o que contava com GUSHIKEN.
Tancredo negou. O PT anulou o voto. A revista Veja, na época, cobriu essas
razões de Lula.
3. No governo Lula, GUSHIKEN teve duas tarefas básicas: uma,
naturalmente, como orientador dos fundos de pensão das estatais e outra - por
alguns anos - como ministro/secretário de comunicação com gabinete no Palácio
do Planalto, próximo a Lula.
4. Nessa função introduziu uma mudança de grande significado
político. Passou a priorizar – proporcionalmente – os meios de comunicação,
especialmente rádios dos municípios menores. Estima-se que incluindo governo,
estatais e empresas parceiras, a publicidade nos meios de comunicação dos
municípios menores represente entre 20% e 25% do total da publicidade com
lastro político.
5. Não se trata só das inserções formais através das agências de
publicidade, mas dos testemunhais dos comunicadores, do tratamento das
notíciais envolvendo a presidência e o governo federal e das promoções de
festas e torneios esportivos. E se o investimento publicitário for
"abrangente", mesmo durante as eleições presidenciais estará coberto,
seja pelas estatais que podem fazer publicidade, seja pelas empresas parceiras,
seja através dos municípios parceiros, seja por antecipação de verbas dando
continuidade ao tratamento das notícias na campanha.
6. Iludem-se os que atribuem à bolsa família a causa básica da
vantagem eleitoral nas cidades menores. Hoje é decrescente. Certamente a
publicidade cotidiana através de uma programação sistemática, legitimada por
testemunhais e forma de cobertura, joga o papel mais relevante na vantagem de
Dilma nos pequenos municípios.
7. O Datafolha separa a intenção de voto em 4 blocos: municípios
até 50 mil habitantes, entre 50 e 200 mil, entre 200 mil e 500 mil e mais de
500 mil. Agrupemos os extremos: até 50 mil de um lado e mais de 200 mil e de
500 mil somados, de outro.
8. Nos municípios de até 50 mil habitantes -que representam na
amostra 34% - Dilma tem 47% das intenções de voto e todos os demais candidatos
somados 35%. Nos municípios de mais de 200 e de 500 mil eleitores, que
representam 45% na amostra, Dilma tem 30% e os demais somados 44%.
9. Sobre o TOTAL do eleitorado, só nos municípios menores (34%) a
vantagem de Dilma seria de 4 pontos sobre todos os demais somados e nos
municípios maiores (45%) a vantagem de todos os demais somados sobre Dilma
seria de 6 pontos. Os demais municípios 21% (50 a 200 mil) repetem o resultado
geral.
10. Portanto, cuidado com os planejadores de campanha que orientam
os candidatos a concentrar sua campanha só nos municípios maiores. Há dois
métodos usados para influenciar o voto nos municípios menores. Um é a visita
casa a casa, que foi destacada na primeira vitória de Bush filho. Outro - usado
por Collor em 1989 - é o carrossel, em que com uns 5 trios elétricos-palco, o
candidato chega num município pequeno, faz um discurso de uns 15 minutos e
segue a outro (com apoio de helicóptero nas distâncias maiores), onde já está
esperando outro trio elétrico, faz um discurso e assim por diante. Uns 15 a 20
por dia, com a presença do candidato e quantos quiser sem a presença do candidato.
11. Que os candidatos de oposição não descuidem dos pequenos
municípios.
Título e Texto: Cesar Maia, 10-07-2014
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