sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A caixa de Pandora e o boxe

Jonathas Filho
Tem gente que está com medo até de lavar o carro nesses lugares cujo nome serve de apelido a uma operação da mais alta esfera policial.

Um dia a caixa preta de Pandora teria de ser aberta. E abriram.


Dela estão saindo revelações que estão dando punchs & jabs, criando uma atmosfera de tensão aos espectadores da aldeia que agora ri dessa luta com escárnio, enquanto outros se envergonham de ver quanto descalabro e outras sujeiras que estão saindo pela tubulação do esgoto da corrupção.

No mesmo dia que abriram a Caixa de Pandora, também ligaram o ventilador espalhando a lesma lerda nas paredes e nos muros dessa aldeia, atingindo algumas figuraças com a lama fétida e deixando manchas indeléveis nos alvos colarinhos brancos que motivavam a inveja dos menos favorecidos.

Muita coisa já era conhecida nesse ringue e apenas os lutadores da turba ignara e os alienados do ritmo disseram não saber, porque a antena e o foco desses pobres inocentes úteis sempre esteve voltada para outras arenas de “lutas” mais pagodícias, mais fúteis-bolísticas, mais gluteocídias ou mais cervejistícas, não necessariamente nessa desordem.

Agora se deram conta que tocaram a campainha e esse round destruidor já passou da conta e estão, por enquanto, sentados nos corners tendo um surto de agorafobia com medo de tudo e tomando cuidados, pois não estão sentindo só nas faces, mas também na carne, na energia elétrica, no supermercado, na entrada dos estádios e até na geladérrima loura que outrora era feita com lúpulo e cevada; diga-se bons tempos aqueles.

Agora também é revelado que a grande “bolsa” do torneio, o dim-dim de “alguéns” no exterior, lá no extra-anjeiro cada dia aumenta mais. A palavra anjeiro ainda não tem sequer uma definição nos dicionários, mas creio eu, ser o lugar onde se depositam os “anjo$” e como esses “trocado$” estão depositados em Paraí$o$ fiscais, devo ter acertado no significado. Anjo$ moram nos Paraí$oS, né?

Dizem as boas línguas que são cerca de 200 BILHÕES DE DÓLARES (fonte: Jornal A Folha de São Paulo - 12.08.2015), porém, uns técnicos tem uma “visão” de ser somente o “pixuleco” de 100 bilhões de dólares.

Alguns desses “contendores” estão com receio dos impactantes hooks e uppers que serão desferidos de baixo para cima com a intenção de atingir o queixo dos depositantes.  Isso me causa surpresa, pois será que nem o Tio Patinhas, mergulhado na sua piscina de moedas de ouro, vendo essa luta pelo campeonato, não sabia dessa bolsa-prêmio? Assim como nós, ele é um pato mesmo!

Estão querendo repatriar essa polpuda dinheirama e já há até um Projeto de Lei do Senado, o PLS 298/2015 de autoria do Senador Randolfe Rodrigues que estabelece o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária – RERCT, para declaração integral e espontânea do patrimônio de origem lícita transferido ao exterior, com pagamento de multa de regularização, produzindo extinção de outras obrigações tributárias, cambiais ou financeiras, bem como anistia e extinção da punibilidade do crime de evasão de divisas, entre outros. Também determina o sigilo da declaração e cria tipos penais.

Pois é, a Caixa de Pandora faz aparecer certas coisas e desaparecer outras.

No nosso caso, a (nossa) PL 2 parece que desapareceu pois até então nem tem previsão de ser lançada em desafio para luta, desculpe, quero dizer colocada em pauta. Tal Projeto de Lei, se aprovado no Congresso, garantirá as nossas complementações do Aerus. Entretanto, advertem que é somente “enquanto durarem os nossos estoques” de meses deste ano fiscal.
                                                                                                                    
No atraso de quase dez anos em que estamos nas cordas desse tablado, sendo fustigados por repetidos socos além de outros golpes baixos dolorosos, principalmente atingidos na cabeça e abaixo da linha da cintura, o que nos tonteia desde 2006 e que tem sido o causador de nocautes definitivos em milhares de participantes do Aerus, que infelizmente foram à lona e retirados sem vida desse ringue da desigualdade.

Perseverança, meus amigos, pois não podemos perder a consciência causada pela Síndrome do 9º Impacto e tampouco cair em knock down, porque não aguentaremos outra contagem até 10 novamente. Portanto, recoloquemos os nossos gum shields para proteger nossas bocas e dentes e continuemos na luta, de combate em combate. Somos pesos-pena lutando contra pesos-pesados, mas ainda assim já suportamos nove assaltos. Por isso, vamos fazer um B.O. na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
 
Que o Juiz Supremo no final, erga nosso braço e nos recoloque o cinturão da dignidade, declarando-nos campeões por nocaute técnico.
E que não joguem a toalha na Caixa de Pandora... 
Título e Texto: Jonathas Filho, sangrando no supercílio, na boca e no nariz, mas continua de pé!, 13-8-2015

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