Cesar Maia
1. É verdade que no Brasil as projeções eleitorais não podem
apontar para mais que seis meses. Até porque não se sabe nem quem serão os
candidatos. Um exemplo disso é o PMDB, o partido do Planalto e com maior
capilaridade do Brasil. É certamente o parceiro mais desejado dos outros numa
chapa presidencial, mas – ainda – sem nome para ocupar a cabeça dessa chapa.
2. Uma eleição majoritária no Brasil, nos grandes estados, nas
grandes cidades e no país, a força partidária terá pouco significado se o
candidato não tiver força e imagem de um forte personagem. Agora mesmo em 2016
o prefeito eleito de Porto Alegre – do PSDB – trouxe com ele apenas um vereador
eleito.
3. Na Cidade do Rio de Janeiro não foi diferente. O prefeito eleito
liderou com grande vantagem as pesquisas desde o início do primeiro turno. Seu
partido elegeu apenas três vereadores e o mais votado deles chegou em oitavo
lugar. Em Belo Horizonte da mesma forma. O prefeito eleito levou consigo três
vereadores, de quarenta e um, sendo que dois foram o último e o penúltimo colocados.
4. Ao se olhar para a eleição presidencial de 2018 deve-se levar em
conta a expressão partidária e em especial a capilaridade. Nas condições
brasileiras, essa é, no máximo, uma condição que ajuda, mas nem de longe uma
condição suficiente. Há que se avaliar os personagens.
5. Os personagens são menos uma questão de oferta, ou seja, eles em
si mesmos e mais uma questão reflexa, ou seja, se refletem a demanda dos
eleitores naquela conjuntura. Os programas dos candidatos assessorados por
equipes técnicas da maior qualidade certamente servirão para governar, mas não
para ganhar as eleições.
6. A debacle do PT que foi quase o décimo partido em número de
prefeitos eleitos nada tem a ver com os programas oferecidos e mesmo com a
qualidade de seus candidatos. A desintegração da imagem nacional do PT alcançou
ampla capilaridade em micro, pequenos, médios e grandes municípios. Como uma
nuvem de cinzas de um vulcão em erupção. Alguns candidatos trocaram de sigla
para não serem varridos pelo desmonte de imagem, como o caso do prefeito
reeleito em Niterói que saiu – a tempo – do PT para o PV.
7. O PT ter um candidato à imagem do partido em 2018 é garantia de
derrota. Seu principal cacife é o tempo de TV, que poderá atrair uma
candidatura mais ou menos em seu campo político. Mas ocultando cuidadosamente a
sigla, nomes e imagem do PT.
8. Dos nomes escalados hoje para o grid de largada em 2018, Marina
Silva incorpora a postura antipolítica do eleitor hoje. Falta capilaridade e
tempo de TV. O PSDB vai gastar um tempo precioso para, de hoje até final de
abril de 2018, longos e importantes dezoito meses em que os dois pré-candidatos
ou três estarão arranhando a imagem do adversário interno ou torcendo para as
longas mãos da Lava Jato alcance algum/alguns dele(s), simplificando a tarefa.
9. O PMDB fica torcendo por um efeito Plano Real, em que a economia
se recupere e o presidente Temer passa a ser um candidato tão forte quanto
compulsório. Mas dará tempo para isso? E isso é possível? Alvaro Dias, com
minguado tempo de TV, espera que seu carisma retórico sulista possa produzir
algum impacto e memória dos espaços que teve como líder da oposição no Jornal
Nacional, na cobertura dos escândalos.
10. Com tudo isso, os espaços estão abertos para Ciro Gomes entrar
como uma nova esquerda, agressiva, moralista, desde o mesmo nordeste que
impulsionou Lula e Dilma. Terá um tempo intermediário de TV que, dependendo das
pesquisas pré-eleitorais, poderá ser agregado. E seus apoiadores torcerão para
que uma provocação não produza um desgaste que lembre os piores momentos de
Trump na atual campanha norte-americana.
Título e Texto: Cesar Maia, 3-11-2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-