Cesar Maia
1. A probabilidade de um prefeito do Rio se reeleger é muito alta.
Em primeiro lugar porque tem um corpo de funcionários de alto nível. Ou seja,
mesmo que a montagem do secretariado e do primeiro escalão fique muito aquém
das promessas, a máquina da prefeitura do Rio toca o dia a dia. Segundo porque
suas finanças são estáveis. O que pode oscilar é a taxa de investimentos.
2. O slogan eleitoral de Crivella, “vou cuidar das pessoas”,
independente de ter sido usado como contraponto eleitoral ao atual prefeito e
seu candidato no primeiro turno ajuda a não se ter sustos financeiros, pois a
redução dos investimentos passa a ser “a política de governo”. Os investimentos
já deveriam cair naturalmente, pois os convênios com o governo federal, em função
dos grandes eventos, terminaram.
3. A pressão financeira virá do sistema previdenciário, que perdeu
toda a liquidez e cobre suas despesas com recursos adicionais do Tesouro, além
das receitas orgânicas dos descontos dos servidores e do empregador
(Prefeitura). Isso também afetará a taxa de investimentos. Mas como Crivella
“vai cuidar das pessoas”, poderá justificar tudo isso como sua “política de
governo”.
4. Crivella terá algumas boas notícias. A primeira é que faz parte
da tradição dos servidores profissionais da área financeira da Prefeitura do
Rio dar um freio de arrumação nos últimos dois meses e deixar um oxigênio
razoável para atravessar os primeiros quatro meses, agregando a antecipação do
IPTU em fevereiro. Ele terá tempo de conhecer seus gabinetes. Politicamente, a
“plasticidade” da maioria dos vereadores com micro-pretensões de clientela não
criará problemas no legislativo. Apenas terá que ter paciência – o que não lhe
falta - para administrar as agregações inorgânicas à sua base partidária
frágil. Na campanha, ele se descolou da cúpula do PMDB-RJ, sabendo que a
questão partidária não será o foco dos vereadores.
5. Outra boa notícia vem do quadro nacional, não por novas e amplas
transferências, mas porque a economia chegou ao fundo do poço e inicia um
processo de reversão. Alguns setores se beneficiarão das primeiras medidas,
como os investimentos no setor do petróleo, com a nova legislação, que
retornam, produzindo efeitos multiplicadores nas receitas do ISS, etc.
6. Crivella tende a atravessar as eleições de 2018 com
tranquilidade. O PSDB – uma alternativa nacional - estará fazendo parte de seu
governo. E poderá inclusive se descolar de qualquer pretensão eleitoral em
2018, deixando espaço aberto para seus parceiros de segundo turno de 2016
acumularem a prefeitura com suas candidaturas em 2018. E a partir de 2018, vem
o fluxo de expansão de gastos estaduais e federais e da expectativa que virá de
um outro governo federal.
7. Então chegará a 2020 com gás suficiente. “Cuidar das pessoas” o
ajudará a espalhar clientela. Quem poderia ser seu adversário em 2020? Dará
tempo para surgir uma alternativa? Freixo, apesar dos apoios, se mostrou um
adversário frágil e com nenhum conhecimento da cidade nas Zonas Oeste e –
digamos - Alta Zona Norte. Será candidato a governador? Irá para o sacrifício
de seu mandato de deputado estadual? Apesar do discurso, sua derrota em 2016
atingiu-o nas vísceras. E Paes? Será candidato a governador? Se for e ganhar
será menos um problema para Crivella. E se perder? Sairá manco?
8. Mas terá dois problemas básicos. As corporações derrotadas em
2016 voltarão às ruas cobrando as promessas de seu adversário. O governo
estadual ainda este ano aplicará um arrocho nos servidores, o que servirá de
contraponto. E a desintegração do governo estadual continuará derramando
problemas sobre a Prefeitura, especialmente na Saúde e na Segurança.
9. A ambição de Crivella e seu grupo é de poder. Não quer concorrer
com Pereira Passos, Carlos Sampaio, Dodsworth, ou Lacerda…. Olhando o horizonte
desde o “mirante” de 2016, os caminhos estão abertos a Crivella para 2020. E a
expectativa de seus novos amigos, e hoje parceiros, apontará para 2024.
10. Acompanhemos!
Título e Texto: Cesar Maia, 1-11-2016
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