Aparecido Raimundo de Souza
O ZÉ É O CADEIRANTE mais canalha e safado, mais cachorro vira lata tipo esses que andam por
ai, sarnenteados e gafeirosos que
conhecemos na face da terra. Escudado no seu assento de rodas, faz dele o seu
refúgio mágico, o seu esconderijo quimerado, o seu recanto de sonhos, o seu
abrigo de orgias. Isso mesmo, de orgias. Dito de maneira mais clara: o Zé faz
da sua cadeira amiga, ou do seu estado de “doente-infeliz”, o patamar unglo
para se autopromover a vagabundo e flibusteiro.
E acreditem. O infeliz consegue. Nesses cinquenta tons de escuro, todo
bandido que se presa, necessita ter um unglo ou uma cava oculta, uma depressão
desconhecida que as pessoas de bem, notadamente aqueles que o cercam
cotidianamente e o têm e o vêm como honesto, não saibam onde fica a localização
exata da sua insanidade anunciada. Nesse mausoléu enfurnado dos olhos da vida
plena, ele maquina e engendra seus golpes sepulturados à sanha de sua mente
conturbada.
Tudo com a intenção predeterminada de se autopromover a pobre-coitadinho.
O desgraçado, até agora, ou até ontem conseguiu. Indubitavelmente o Zé do nosso
dia a dia é um salafrário, um vigarista, um verme da marca Wilton, um
aproveitador, um desonesto de mão cheia. As pessoas (vizinhos e amigos que o
encontram casualmente) enfim, os que não o conhecem, ao ouvirem suas histórias
e lorotas, acabam comprando a sua imagem manchada, deturpada, desfocada de bom
samaritano do pau oco, quando na verdade o ilustre cidadão não passa realmente
de um grandessíssimo filaucioso e charlatão.
Em outras palavras: bazofiador, farsante, impostor... Se não fosse pelo
sobrenome, diríamos sem margens de erros (ainda que distante), teria além da
felonia pelos que o cercam, parentesco com o nosso ilustre cachaceiro famoso de
São Bernardo do Campo. Quando dona Maria
sua mãe vivia, o cara honrava todos os seus compromissos. Inclusive pagava seus
advogados e demais credores à vista. Muitas vezes até adiantadamente. Quando a
nobre senhora veio a óbito, as pessoas descobriram o outro lado do Zé. O lado negro.
Chegaram à conclusão de que o filho das unhas, além de cadeirante, também se
imbuia de uma farsa camuflada.
Trazia sobre seus costados, um ouro de tolo, usque uma criatura que não
cumpria com suas obrigações, nem trazia suas contas em ordem. Meses passados,
chegou ao nosso conhecimento que saiu fugido, pelas portas dos fundos, de um
inferninho (ou casa de prostituição, como os senhores acharem melhor)
disfarçado de Carminha Lúcia e o seu banco móvel, também da mesma laia,
encapotada de Rosa Weber. Nessa confusão pior que a de Neymar e a modelo Najila
Trindade, veio à tona, o estupro mais infame de todos os tempos: quem honrava
as despesas que o Zé promovia e as armações (pasmem!), até o dinheiro das
vagabas que levava, de contrapeso, no lombo de sua possante quatro rodas, não
outra senão a mãe, pobre coitada, que a tudo custeava sem dar um pio.
Dona Maria se transformara por força não de obrigação, mas embaixo de
vara em estuprada, ou abusada, vilipendiada em seu caixa-rápido para livrá-lo
das encrencas, dos sufocos e até de uma mulher que arranjara lá para as bandas
de Piracanjuba. O Zé ardilosamente se casara com essa dama desconhecida, e, por
mal dos pecados, fora obrigada, dona Maria, a assumir juntamente com uma renca
de filhos (de conluios passados da dita) e a adotar, rebentos que não faziam
parte da estirpe, tampouco da consanguinidade de seu querido filhinho
paralítico.
O Zé, de repente, de homem sério, honesto, reto, justo, passou a crápula,
a loroteiro, a pilantra a bandido. Desde a morte de sua genitora, o písquico
(variante de caloteiro e velhaco), vem construindo não caminhos sólidos, mas
vários, com bifurcações as mais diversas, todos eles, entretanto, cheios de
curvas fechadas, de cruzamentos perigosos, sendas e desvãos que de um momento
para outro poderão levá-lo a tropeçar num emaranhado de balas de chupar para
defuntos desprevenidos, ou até ver a sua vida jogada ao léu de uma forma jamais
imaginada. No tapa.
O Zé de ontem vivia à sombra fresca da mãe, como acima dissemos. O Zé de
hoje vegeta a bel prazer das suas canalhices, se prevalecendo da sua condição
de deficiente físico, para dar golpes, para pegar empréstimos em casas
especializadas, para se escudar, com ênfase, desenhando a poder de picuinhas
engodos e tramoias, um emaranhado de coisas tudo como nos buracos escusos do
STF, ou seja, por debaixo dos panos. Enquanto isso, seus dois filhos menores (e
os agregados da companheira de Piracanjuba), passam fome.
A prima Tereza, que ganha um salário merreca do INSS, é quem mantém a casa
enorme, a televisão em funcionamento, as luzes acesas, a geladeira abarrotada,
entre outras premências não relatadas. Temos pena de dona Maria. Coitada! Dona
Maria deve estar se remoendo, aos prantos, em sua cova esquecida. Ela não gerou
um homem de brio, de caráter. Deu vida e forma a um abestado, a um larápio que
rouba a si mesmo, e pior passa os cinco dedos nos agasalhos dos filhos para
cobrir os anjinhos nada legais e estrepolióticos da arranjada senhorita
trazida, em repeteco, de Piracanjuba.
O Zé, nosso de cada nascer de um novo dia, é um vigarista patifeado,
salafrariado que se aproveita da sua “rodante”, para se fazer de vítima, de
tadinho, e, como tal, seguir por picadas absconsas, construindo ao seu redor,
um mundo sujo, nojento, onde só ele se vê protegido da sua própria estupidez
galopante. Em epítome, senhoras e senhores, assim como o Zé do nosso habitual
(os prezados podem ter um ao lado, comendo no mesmo prato, acomodado na mesma
mesa) faz mais sucesso que “O nada a perder 1 e 2” do bisbisbispopo Pedir
Maiscedo, ele, realmente, não tem nada a
perder (ele o Zé, por favor, o Zé, não o bispinho) e pior que o tombo
hollywoodiano da Gaby Amarantos, em seu show lá em Belém do Pará.
Gaby depois de “bater cabelo” ou rodar a cabeça como uma piã (feminino de
pião) que tomou todas, nosso amigo Zezinho segue rodando a sua cadeirinha
(comprou uma nova, no cartão), dando rasteiras aqui e ali, deslealdando seus
amigos, atraiçoando seus mais chegados, insidiando seus vizinhos, a ponto de
sua cadeira de rodas (a antiga de quase vinte anos de serviços prestados sem
reclamar) entrar na justiça por abandono de incapaz, maus tratos, e assédio
sexual, em processos que prometem se arrastar e ter mais visualizações que o
clássico Rei Leão.
Ops! Já que tocamos no Rei Leão, a nova versão vem como as figuras de
Donald Glover, no papel de Simba, e quem diria, da esfuziante e chumbrega
cantora Beyoncé Knowles-Carter, como Nala. Pois bem. Se cuidem, amados.
Lembrando que temos um Zé em cada esquina. Alguns deles até com a aparência
facial e irreconhecível de um galã de novelas e folhetins de terceira categoria
conhecido entre os meios carnavalescos de Diamantina como Gilmar Prendes,
perdão, Gilmar Mendes.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, de Vila
Velha, no Espírito Santo. 3-1-2020
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