terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Após decisão da Justiça, avião da Varig que ficava perto do Galeão é 'recortado'; parte será doada a museu

Após decisão da Justiça, avião da Varig que ficava perto do Galeão é 'recortado'; parte será doada a museu

Raoni Alves e Carlos Brito


Na última sexta-feira (31), a imagem de um avião modelo DC-3, equipamento importante na história da aeronáutica, completamente destruído em um terreno perto do Aeroporto Internacional Tom Jobim chocou historiadores e amantes da aviação nacional. Nesta segunda, a Massa Falida do Grupo Varig, empresa gestora do espólio da companhia, disse que o avião foi "recortado" com autorização da Justiça e alguns de seus pedaços serão doados para o Museu Aeroespacial (Musal), localizado no bairro Campo dos Afonsos, na Zona Oeste do Rio.

A aeronave que já pertenceu à Varig era um dos poucos modelos ainda de pé do icônico avião que foi bastante popular nas décadas de 1930 e 1940, além de ter sido utilizado durante a Segunda Guerra Mundial.

Serão doados, segundo a administração do espólio: conjunto de manetes, manches, medidores do painel de instrumentos, poltronas do compartimento de passageiros e conjuntos de rodas e pneus.

Outras partes do modelo registrado como DC-3 PP-VBF, que ficou durante anos exposto no Parque do Flamengo, na Zona Sul da cidade, serão leiloadas. A data do leilão ainda não foi confirmada pela Justiça.


Avião abandonado
O DC-3 que pertenceu à Varig estava parado e sem manutenção em um hangar da TAP Manutenção e Engenharia Brasil, empresa ligada a companhia aérea TAP Portugal.

Em setembro de 2019, a Massa Falida do Grupo Varig recebeu uma notificação da empresa portuguesa pedindo a retirada da aeronave do local.

A gestora do espólio da companhia brasileira procurou o Museu Aeroespacial com a intenção de doar o avião completo. Contudo, a direção do museu avaliou a aeronave e constatou "corrosão generalizada de 100% do revestimento externo". Além disso, o custo do deslocamento e a logística complicada impediram a operação.

"O orçamento da transportadora e o relatório de viabilização rodoviária para o transporte do avião mostraram que o custo seria significativamente oneroso para as Massas. Além disso, o transporte do avião envolveria uma operação extremamente complexa: demandaria retirada de postes, retirada de placas de sinalização ao longo do caminho, retirada de cercas, realização de uma obra para acesso do comboio e construção de uma base para recepcionar o avião", dizia a nota da Massa Falida.


De acordo com o comunicado, o objetivo principal da falência é de arrecadar valores para o pagamento do maior número possível de credores.

"Dado o alto custo da transposição do bem e diante da negativa do Musal em expor o avião, foi requerido ao juízo à autorização para que este pudesse ser recortado e, parte de suas peças, doadas ao Museu".

Em dezembro de 2019, a 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro autorizou o recorte do avião, bem como a doação de parte das peças.

Modelo restaurado
Segundo a Massa Falida do Grupo Varig, um avião do mesmo modelo que foi destruído no Rio de Janeiro se encontra restaurado no Museu Varig, localizado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O avião registrado como DC-3 PP-ANU foi recuperado em 2016 e atualmente é preservado por uma empresa privada, escolhida em processo de licitação sob a supervisão da Justiça e com o apoio do Ministério Público.

Varig
Fundada em 1927, a Viação Aérea Rio Grandense pediu falência em 2005. Com dívidas estimadas em R$ 7 bilhões, foi a primeira empresa do país a pedir a recuperação judicial, em 17 de junho de 2005, quatro meses depois da promulgação da nova Lei de Falências. No ano seguinte, foi vendida para a Gol.

Na primeira metade dos anos 2000, a Varig transportava uma média de 28 milhões de passageiros por ano para 37 cidades do país e para 28 destinos internacionais.

A empresa também teve relevante reconhecimento internacional, tornando-se uma das maiores companhias aéreas entre as décadas de 1960 e 1980.

A venda da Varig para a Gol foi um dos principais negócios da história da aviação brasileira.
Título e Texto: Raoni Alves e Carlos Brito, G1, 3-2-2020, 19h42

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