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A revanche da elegância é
simplesmente deliciosa! Bento XVI, como todo monarca realmente investido de personalidade
refinada e aristocrática, sabe dar o seu “touché” sem descer ao nível
desqualificado dos barraqueiros… A carta que ele escreveu sobre o centenário do nascimento de João Paulo II foi,
para todos os efeitos, aquela alfinetada pontiaguda que dói na medula. – Ah,
e como dever ter doído!
Assim como se percebe melhor a
feiura em contraste com a beleza, Bento XVI, traçando um retrato de João Paulo
II, deixa ver a quem quiser a face de Francisco. Aquilo que ele enfatiza mostra
exatamente o que considera virtuoso no pontificado do papa polonês. O delicado
tapa consiste, justamente, no fato de que são aspectos totalmente inexistentes
no pontificado de Francisco. A carta de Bento sobre João Paulo II conduz,
portanto, a um juízo sobre o atual governo do bispo de Roma.
A personalidade de Joseph
Ratzinger poderia ser resumida também numa breve alcunha: “a humildade da
verdade”. Sem gritar, sem tripudiar, sem se impor, com sua bondade e gentileza
inigualáveis, ele é sinal desta Igreja hoje oprimida.
Com toda a discrição, Bento
XVI mais uma vez brindou a Igreja com um retrato minuciosamente descrito, em
contraste com o qual ficam devidamente denunciadas as deformidades deste
pontificado. Foi uma bela provocação, a do bávaro papa demissionário, tão sutil
quanto eloquente: um verdadeiro “tapa com luva de pelica”.
Ele começa fazendo um breve
resumo da biografia do papa polonês. Oriundo de um cenário épico – guerras,
ditaduras nazista e comunista, desgraças familiares –, mesmo assim, ele se
dedicou ao estudo e foi um renomado professor universitário. Nada mais
diferente de Francisco, que não foi qualificado para estudos superiores e viveu
a vida inteira respaldando autoridades, mesmo quando isso trazia prejuízos para
os seus colegas jesuítas.
Em seguida, Bento XVI mostra
como Wojtyla foi eleito pontífice na mais profunda crise da Igreja
pós-conciliar, que estava, segundo suas palavras, “em uma situação
desesperada”, com uma fé falsa, em meio à balbúrdia litúrgica e em que tudo,
inclusive a própria Igreja, era posto sob escrutínio. Será que existe alguma
semelhança entre aquele período de confusão e o deste pontificado?… E que
diferença de perspectiva em relação àquela que considera que a “Igreja nunca esteve tão bem”, não é mesmo?
Em outras palavras, embora se
mostre vanguardista, Francisco nada mais é que um representante da requentada e
ressentida ideologia progressista dos anos 70-80, que tanto dano causou à
Igreja Católica e que já estava superada pela interpretação dos pontificados
posteriores. Em poucas palavras, Francisco é démodé, retrógrado e,
sobretudo, inapto para o cargo.
A diferença, segundo
Ratzinger, é que Wojtyla adveio da Polônia, que, diferentemente da Argentina e
do Brasil, é um país que recepcionou bem o Concílio, em continuidade com a
tradição anterior.
João Paulo II, continua Bento
XVI, teria devolvido o entusiasmo à Igreja, cenário realmente oposto ao
completo vazio do pontificado atual, que, apesar de se pretender tão populista,
encerrou-se no completo autoritarismo, refém de suas próprias ideologias,
isolado na frieza, distante do povo, incapaz de se comunicar com o católico
comum.
João Paulo II fez mais de cem
viagens pastorais e encheu o mundo de alegria, criando uma relação afetuosa com
os fiéis. O papa atual, por sua vez, assusta as almas tanto quanto seus gestos
de falta de piedade.
Ainda segundo Bento XVI, João
Paulo II expôs a moral da Igreja e suscitou oposição no ocidente. Impossível
não ver o contraste com Bergoglio, que trata como obsessão e legalismo a defesa
dos “valores inegociáveis”, suscitando apoio das esquerdas internacionais.
Para Ratzinger, João Paulo II
era humilde e escutava os seus conselheiros, abrindo mão de suas ideias. Como
não compará-lo a Francisco, temido e chamado nos corredores de ditador, que não
escuta ninguém e avança como um trem, investindo contra a tradição e os fiéis
católicos?
João Paulo II tinha como
centro de seu pontificado a Misericórdia Divina, diz Bento. Que paralelo se
pode fazer com Bergoglio e o centro de seu pontificado, a misericórdia humana,
conivente com o pecado e cúmplice da iniquidade?
João Paulo II gritou, na
abertura do seu pontificado, “não tenhais medo, abri as portas para Cristo”.
Hoje, Bergoglio compactua com que se feche as portas das igrejas, minando
sozinho, contra a “comunhão”, a atuação conjunta do episcopado italiano que
pleiteava a retomada das atividades religiosas junto ao governo italiano.
Bento, então, sustenta que
João Paulo II não é um rígido moralista, como continuamente esbraveja Bergoglio
contra aqueles que sustentaram a luta doutrinal daquele pontificado —
desmantelando sem dó o Instituto que leva o nome do papa polonês e perseguindo
os seus mais fiéis seguidores — , mas o verdadeiro papa da misericórdia, contra
a tirania de um absolutista socialista.
A carta de Ratzinger termina
com uma mensagem de esperança: “neste tempo em que a Igreja sofre a aflição do
mal”, contra todo otimismo e paixão pelo mundo da corte bergogliana, o poder e
a bondade de Deus prevalecerão e, assim como depois de Paulo VI surgiu um papa
que devolveu à Igreja o orgulho de ser católica, não podemos duvidar de que o
mesmo poderá suceder no futuro, caso ainda não estejamos nos tempos finais.
Longa vida ao Papa
Ratzinger!
Título e Texto: FratresInUnum.com,
20-5-2020
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