Rodrigo Constantino
Cada vez mais gente vai se
dando conta de que é preciso resistir aos arroubos autoritários de governantes
encantados com o poder arbitrário de decretar o fechamento de tudo em nome da
"ciência" e do "interesse coletivo".
Não é preciso negar o risco da
pandemia para entender que nossas liberdades básicas estão em jogo, que esses
experimentos sociais preparam o terreno para modelos totalitários em nome do
"bem comum". No Ocidente não será tão fácil transformar tudo em
província chinesa, como querem alguns "liberais".
O empreendedor bilionário Elon
Musk tem liderado um movimento de resistência aos arbítrios das autoridades, e
chegou a desafiar o governo californiano a prende-lo, afirmando que estaria no
chão da fábrica da Tesla ao lado de funcionários que precisam trabalhar para
sobreviver. Paulo Polzonoff comentou o caso na Gazeta, resgatando os exemplos
de Thoreau e Martin Luther King de desobediência civil:
O tuíte de Elon Musk informando as
autoridades californianas e o mundo todo que ele estava disposto a ser preso
para ver sua fábrica funcionando novamente deu resultado. Afinal, a prisão de
um bilionário carismático seria péssima para a imagem do estado.
Na América há grande apreço
pelas liberdades individuais, arduamente conquistadas com muito derramamento de
sangue. Não vão entregar de bandeja para políticos o controle absoluto de suas
vidas. O fundador da Barstool Sports, Dave Portnoy, gravou um desabafo que
viralizou nas redes sociais (no Brasil com minha humilde ajuda), em que alerta
para a mudança de discurso, antes para "achatar a curva" e agora para
"encontrar a cura", alertando que americanos tomam risco na vida:
A colunista do WSJ Mary
O'Grady, especializada em Américas, alertou em sua coluna que o modelo de
lockdown não pode simplesmente ser copiado em países mais pobres, e conclui de
forma enfática que o Brasil precisa retomar o trabalho produtivo já:
Lockdown advocates are wrong to extrapolate from the experience of Ecuador’s hardest-hit city. Brazil needs to get back to work, writes @MaryAnastasiaOG https://t.co/aAlLacUO5D— MaryAnastasiaO'Grady (@MaryAnastasiaOG) May 17, 2020
Cada vez mais gente vai se
dando conta de que é preciso resistir aos arroubos autoritários de governantes
encantados com o poder arbitrário de decretar o fechamento de tudo em nome da
"ciência" e do "interesse coletivo".
Enquanto isso, no Brasil,
nossa elite "progressista" insiste no slogan "fiquem em
casa" e pregam isolamento radical sem qualquer preocupação com seus
efeitos concretos, buscando monopolizar as intenções nobres em relação à vida.
Luiz Felipe Pondé, em sua coluna de hoje, foi na jugular da turma:
Pedir lockdown aqui parece coisa de gente que
está bem segura em casa, no sítio ou na praia, cercada de livros, wi-fi de
qualidade, séries de TV, mesmo que sem sexo pois os frouxos estão saindo do
armário: tem gente com medo de beijar de língua a própria mulher.
[...] Caros inteligentinhos, muitos
brasileiros saem para rua porque suas casas são uma aglomeração maior do que a
rua, saem porque, se não, morrem de fome. Saem porque não têm nenhuma razão
para confiar nas suas autoridades nem na sua elite pensante.
Se estamos diante de uma
histeria coletiva ou não, talvez seja cedo para dizer. Mas uma coisa é certa: a
liberdade individual vale muito, e para os liberais clássicos, vale inclusive o
risco de morte. É por isso que nós não aceitamos de forma tão passiva
argumentos coletivistas como este:"
Guedes disse que “é um direito do cidadão são sair de casa e correr risco de se infectar”. Esqueceu que o direito desse cidadão acaba logo que se infectar e arriscar a contaminação alheia durante a incubação.— Monica de Bolle (@bollemdb) May 17, 2020
Trata-se de fala sobre a “liberdade” que implode o próprio conceito.
Por essa lógica, pode-se
defender autoritarismo ditatorial enquanto existir vírus no mundo! Enquanto
houver "externalidades negativas" teremos um regime de opressão
estatal, sempre em prol da "comunidade". É muito pouco apreço pela
liberdade individual, sob a desculpa do "interesse coletivo". Em nome
da "saúde pública", não custa lembrar, já tivemos as maiores tiranias
do planeta.
"Give me freedom or give
me death", diz um antigo ditado libertário. Assusta ver no Brasil supostos
liberais desprezarem por completo essa visão de mundo, aderindo docilmente,
como ovelhas obedientes, aos mandos dos "especialistas", feitos em
nome de uma pseudo-ciência arrogante."
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Gazeta do Povo, 18-5-2020, 11h02
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