Alexandre Garcia
Assim como o Supremo tirou do
presidente e pôs nas mãos de governadores e prefeitos a administração das
medidas preventivas da Pandemia, está chegando a hora e governadores
transferirem aos prefeitos a decisão de apertar ou afrouxar os controles.
Em 20 estados, a situação está
parecida com a da Coreia do Sul. Nos três estados do Sul, com 30 milhões de
habitantes, houve pouco mais de dez mortes por milhão, as UTIs estão
praticamente vazias e parece ser muito seguro retomar a atividade econômica. Em
14 estados, a situação está melhor que na Coreia do Sul.
Na região metropolitana do Rio
de Janeiro, a situação parece fora de controle, justificando um lockdown.
As regiões metropolitanas de São Paulo e Fortaleza parece que se estabilizam.
Preocupam Manaus, Belém, São Luís, Recife e Salvador. Sempre regiões
metropolitanas. Assim, por que não transferir aos prefeitos as decisões em
municípios fora de registros da doença, como forma de reativar a vida?
A dupla crise sanitária e
econômica precisa de uma visão mais técnica sem o calor do oportunismo
político. Vejam o caso da hidroxicloroquina. Desde 20 de março, só com receita
médica controlada. Por décadas, era vendida livremente, para malária, artrite,
lúpus.
Quando, depois dos
chineses, o presidente gostou da hidroxicloroquina, ela foi carimbada com
tarja preta. Num experimento(?) em Manaus, ministraram super doses que causaram
a morte de 11 pacientes. Superdose até de aspirina pode ser gravíssima. Pareceu
sabotagem contra uma solução barata e disponível, para desacreditar o presidente
que a defendia. Caso para a polícia apurar.
A propósito, usei a cloroquina
quando cobria guerra em Angola, em 1982, sem sentir reação adversa alguma.
Muitas dessas 17 mil vidas poderiam ter sido salvas com a medicação logo nos
primeiros sintomas, como se recuperaram os doutores David Uip e Roberto Kalil
Filho. Talvez se Bolsonaro tivesse execrado a cloroquina, teria ajudado a
salvar vidas, pois seu uso seria estimulado pelos ativos opositores.
O Brasil está em 28º lugar no
número de mortes em relação à população - 76 por milhão de habitantes. No ano
passado, entre 16 de março e 18 de maio, tivemos 55 mil mortes por
pneumonia, insuficiência respiratória e SRAG (síndrome respiratória aguda).
Agora, desde 16 de março, temos 67 mil mortes. São 17 mil por Covid-19, 29.500
por pneumonia, 15.700 por insuficiência respiratória, 5 mil por SRAG, em
números redondos, segundo registro de óbito nos cartórios. Ou seja: num mesmo
período, 50 mil mortes de outras doenças respiratórias e 17 mil de Covid-19.
Mas é o corona que agita o Brasil e o mundo. Para pensar.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 19-5-2020, 15h16
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