Guilherme Macalossi
Quantos desses que saíram às
ruas nos EUA para protestar pela morte de George Floyd estão de fato
preocupados com ele ou mesmo com o problema do racismo? As manifestações que se
seguiram ao episódio da violenta abordagem policial ocorrida em Minneapolis
parecem menos interessadas em buscar justiça e igualdade e mais interessadas em
promover a desordem social e a insegurança generalizada.
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Foto: John Minchillo/AP |
É necessário deixar bem claro
que Floyd foi vítima de uma brutalidade de caráter claramente racista. Sem ter
resistido, acabou sendo asfixiado por um policial branco, que, durante 8
minutos, manteve seu pescoço pressionado junto ao chão usando a força do
joelho. A cena de selvageria correu o mundo, gerando uma comoção mais do que
justificada.
Ao que parece, entretanto, a
comoção acabou instrumentalizada por aqueles que queriam ter apenas uma licença
poética para praticar outros incontáveis crimes. É o que está acontecendo nesse
exato momento. Por certo, há muitos pacifistas se manifestando, mas é inegável
também a ação de grupos radicais e violentos que se escudam entre aqueles que
buscam apenas externalizar sua indignação. As depredações em massa, as
agressões contra outras pessoas (algumas delas também assassinadas) e o saque a
estabelecimentos comerciais dão a tônica de um clima de insurgência
revolucionária que surge a partir dos EUA e começa a se espalhar pelo mundo.
Ou roubar a lojas da Nike e da
Louis Vuitton, ou tocar fogo em uma unidade da CVS ou mesmo da Target é a
resposta certa para combater o preconceito? Essas empresas, afinal, não
empregam negros? Por que se tornaram alvo?
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Foto: John Minchillo/AP |
A resposta é simples: há quem veja
no próprio sistema capitalista o promotor da opressão social e, nessas
empresas, alguns de seus estandartes e símbolos. Para estes agentes, a tal
cultura da desigualdade é alicerçada nos próprios fundamentos do livre mercado.
E, sendo assim, essa estrutura econômica deve ser destruída.
Peguemos um exemplo. Veja o
que diz Silvio Almeida, professor da USP, que postou o seguinte em seu Twitter:
“Ser antifascista não é
somente ser contra a violência dos fascistas, mas ser contra tudo a que o
fascismo dá suporte e sentido. Assim, ser antifascista é ser contra a economia
do fascismo, o direito do fascismo, a cultura do fascismo. A luta antifascista
é uma luta existencial.”
Em entrevista para o Nexo Jornal, Almeida afirma que a democracia liberal “é
um modelo que não se preocupa com a substância da participação política, a
efetiva participação das minorias para que elas possam, ao decidir, tomar conta
do próprio destino”.
Ora, se a democracia liberal,
na qual o livre mercado está inserido como uma peça fundamental, não se
preocupa com a efetiva participação das minorias, então é fácil assumir que,
segundo essa ótica, esse sistema supostamente gerador de desigualdades seria
fascista em sua gênese.
Os Antifas, que estão nas ruas
dos EUA e reapareceram na Av. Paulista e no centro de Curitiba nos últimos
dias, pensam da mesma forma, mas não buscam a superação do atual sistema com
palestras na Casa do Saber, e sim com paus, pedras, coquetéis molotovs e
rojões.
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Foto: Ben Gray/AP |
Martin Luther King Jr, que se
tornou mártir da causa da igualdade racial, sempre condenou a ação violenta. Os
Antifas, que saem praticando atos de terrorismo urbano não apenas ofendem sua
memória como também usam o corpo de George Floyd para promover agitação contra
os fundamentos da liberdade. Bancam os humanistas comovidos, mas não passam de
carniceiros ideológicos.
Título e Texto: Guilherme
Macalossi, Gazeta do Povo, 4-6-2020, 16h11
Guilherme Macalossi é
jornalista, apresentador, redator e radialista. Apresenta o programa
"Confronto", na Rádio Sonora FM, e o programa "Cruzando as
Conversas", veiculado pela RDC TV, emissora de TV a cabo no Rio Grande do
Sul. Trabalhou na agência Critério - Resultado em Opinião Pública, e já
escreveu artigos para o site do Instituto Liberal. Na Gazeta Povo, produziu o
programa "Imprensa Livre" e também mini documentários sobre temas
variados publicados ao longo de 2019.
**Os textos do colunista não
expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
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