Telmo Azevedo Fernandes
Desde o início do ano, em
média, todas as semanas (sublinho, todas as semanas) acontece uma tragédia de
dimensão equivalente a seis vezes a de Pedrógão Grande.
No incêndio de Pedrógão Grande
morreram 66 pessoas. E desde 1 de Janeiro deste ano morrem cerca de 400 pessoas
por semana em Portugal a mais em relação à respectiva média mensal
correspondente dos últimos 10 anos.
A tragédia de Pedrógão é
comparável com a do actual caos no serviço nacional de saúde porque num e
noutro caso são acontecimentos excepcionais; porque resultam da incúria e
falhas graves do Estado; porque o primeiro-ministro cobardemente se
desresponsabiliza politicamente do sucedido; porque a ministra da pasta inventa
narrativas capciosas e fantasiosas para justificar o injustificável; porque o governo
e os seus assessores de imprensa tentam calar e evitar as investigações
jornalísticas e as perguntas difíceis; porque o inenarrável ocupante da
Presidência da República serve vergonhosamente de escudo às críticas a António
Costa; porque a generalidade dos partidos políticos e a espécie de avençados do
comentariado nacional fala baixinho e mansamente sobre o assunto e, finalmente,
porque a generalidade dos Portugueses está-se verdadeiramente a marimbar para
quem faleceu e para as suas respectivas famílias.
Aliás, a agenda partidária e mediática no nosso país aborda com muito mais frequência e entusiasmo de processos legislativos gizados à má fila para facilitar a eutanásia ou aborto do que para assegurar as condições de acréscimo de natalidade ou qualidade de vida aos idosos.
Como escreveu a minha amiga
Ana Caraballo no Facebook, os nossos responsáveis políticos e dirigentes da
DGS, perante os altíssimos números do excesso de mortalidade deste ano afiançam
com certeza que “as pessoas morreram de calor. Os que morreram antes de estar
calor, morreram de frio. Outros não aguentaram sequer temperaturas amenas.
Caiem que nem tordos e se chatearem muito o governo com perguntas, regressam os
confinamentos e volta tudo a morrer oficialmente de covid. Já os jornalistas
têm centenas de médicos especialistas prontos a atestar o que for preciso para
que não passe pela cabeça de ninguém que o governo deu cabo do SNS.”
Já João Miguel Tavares lembrou
esta semana no Público e muito justamente uma louvável excepção de trabalho de
investigação do jornalista Pedro Almeida Vieira da publicação online Página UM e tem sido na prática
sabotado por diligentes funcionários públicos que retiraram o acesso a dados
estatísticos sobre morbilidade e mortalidade hospitalar que dantes estavam
total e completamente disponíveis online.
Assim se fazem as coisas em
Portugal…
E, já agora, lembro que os
tempos não estão para facilitismos e por isso, por amor de Deus não comam ‘bacalhau
à brás’ pelo menos até haver uma vacina contra esta iguaria.
A minha crónica-vídeo de
hoje, aqui:
Título, Texto e Vídeo: Telmo
Azevedo Fernandes, Blasfémias,
10-8-2022
Desastre ambiental
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