Rodrigo Constantino
Reinaldo Azevedo era um
jornalista respeitado, levado a sério por milhões de brasileiros. Foi o autor
de O País dos Petralhas, em que apontava para o enorme esquema de corrupção da
quadrilha petista. Tem uma coluna na Veja falando dos R$ 242 bilhões desviados
pelo governo do PT só na saúde, afirmando que o partido de Lula é a doença.
Hoje prega voto no ladrão.
Geraldo Alckmin disputou
eleição contra o PT e, em 2018, disse categoricamente que o ladrão queria
voltar à cena do crime. Hoje o ex-tucano é o vice na chapa, provavelmente de
olho nesse butim caso o ladrão volte mesmo, e pede para ignorarem seus vídeos
de poucos anos atrás, alegando de forma patética que foi enganado por um
julgamento suspeito - como se Lula tivesse sido inocentado, e não "descondenado"
por um malabarismo supremo ridículo.
Marina Silva foi do PT por
vários anos, e quando saiu disse que o fazia com dor. A pessoa sai do PT, mas o
PT não sai da pessoa. Ocorre que Marina resolveu disputar eleição contra o PT,
e aí sentiu na pele a máquina podre de difamação do partido, que nunca mediu
esforços em sua luta pelo poder e sempre desceu bastante o nível. Marina foi
atacada de forma vil, cruel, absurda, que deixou cicatrizes.
Mas algum tempo passou e eis que Marina Silva se encontrou com Lula para lhe entregar seu plano para a área ambiental, deixando claro o seu apoio à candidatura do ladrão. Qual o nome mesmo para quem apanha desse jeito e depois volta para trocar afagos com o algoz?
Esses são apenas alguns
exemplos óbvios. O ponto evidente aqui é que a esquerda em geral não parece
nutrir amor-próprio, não se importa com valores morais básicos, não se baseia
em conceitos sólidos de ética. Para um esquerdista, tudo parece valer para o
poder. Pouco importa se foram humilhados, se denunciavam a corrupção até ontem
ou se acusavam a turma de "petralha".
A justificativa patética é que
para derrotar o "genocida", o "fascista", esse
"terrível monstro" que coloca milhões de brasileiros de todas as
classes e cores nas ruas para enaltecer a Pátria de forma pacífica e ordeira,
vale tudo, inclusive se aliar àquele que era tratado como o câncer da política
nacional não faz muito tempo. Que tipo de gente age assim?!
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Gazeta do Povo, 12-9-2022, 11h49
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