A plenipotência dos valores dos governos brasileiros jamais teve em suas
entranhas tamanha caracterização como o lulopetismo obteve na construção de sua
base parlamentar e nas nomeações aos cargos públicos. Não há qualquer senso de
meritocracia na distribuição das incumbências nos Ministérios que se tornaram
feudos das facções políticas aliadas. Foram loteados cargos, Ministérios,
Autarquias e Estatais, num despropósito absurdo que a sucessora de Lula mantém
em total sintonia aos oito anos precedentes. Tudo como dantes, nada mudou, e
quem rege o Estado é o clientelismo e o fisiologismo incrustrados em todos os
Poderes da República.
Lula quebrou todos os paradigmas da ética no gerenciamento
da coisa pública, criou a comercialização da moral, como se isso fosse algo
banal e normal. Esfacelam-se num lamaçal de denúncias concisas, convincentes e
constatáveis as práticas de desmandos, corrupção, concussão em todos os Poderes
Republicanos e onde sequer o Judiciário é digno de mínimo respeito pela opinião
pública consciente. Aliás, proporcionalmente dentre os demais Poderes, é o que
mais decepciona a opinião pública, em especial pela precaríssima atuação do STF
desde o caso Battisti, Ficha Limpa e os expurgos das poupanças. Somos um país
de poliquetas do “dia a dia”; sem horizonte algum; dos “pacotinhinhos” que se
atrevem a chamar de política ou programas econômicos. Somos o país donatário
das “bolsas alienação” e que a malogro da moral chamam de distribuição de
riqueza, ou redução da pobreza, evidentemente sem sustentabilidade alguma e sem
recato mínimo de quem assim declara publicamente, do Big Brother para
emburrecer os já idiotizados eleitores. Temos o BNDES, que despeja bilhões de
reais do Tesouro Nacional nos caixas de empresas dos amigos do “rei”, com juros
de pai para filho, e a isto dão o nome de política desenvolvimentista. Temos um
governo que há nove anos promete reformas, fala delas tal qual discursava na
campanha em 2002 e através do mesmo porta voz – um dos chefes do mensalão -
José Dirceu, mas nem sequer cogitou tocá-las. O Ministro da Fazenda, perdido
como um cego em tiroteio, ora retém o crédito ora libera, aumenta ou reduz
impostos e sempre ao segmento errado. O PAC emperrou. No início do ano passado
Rousseff e Mantega decidiram cortar R$ 50 bilhões do orçamento. Este foi o
primeiro ato de austeridade da “gerentona”. Passados doze meses o que se
constata é que se houve de fato algum ajuste foi na “cota de investimento do
governo”; afinal para que investir? Tal desembolso ficou em R$41,9 bilhões,
pouco inferior ao também ridículo valor aplicado em 2010 - R$ 44,7 bilhões
(tendo que investiremos para Copa algo como R$ 100 bilhões, e para as
Olímpiadas, nas primeiras previsões, R$ 28 bilhões). Mesmo assim R$ 25,3
bilhões foram para “restos a pagar” deixados pelo antecessor, e do valor orçado
para 2011 – R$ 67,7 bilhões, Rousseff e Mantega gastaram R$ 16,6 bilhões;
portanto daqui saiu o corte dos R$ 50 bilhões. O que esperavam? Obras de
contenção para chuvas? Não precisamos de nada disso. Porém o Executivo gastou
R$ 1,15 bilhão em média por mês em 2011 sem licitação alguma; mais um recorde a
comemorar – “nunca antes na história desta republiqueta”.
Os gastos com pessoal no âmbito Federal corresponderam a R$ 196,6
bilhões (ativos e inativos), um acréscimo de R$ 13,2 bilhões sobre o ano
anterior; ou seja, quase o dobro que governo lulopetista emprega anualmente em
saneamento básico em todo país. Não é por outro motivo que na última década o
país continuou com metade de seus municípios sem coleta e tratamento de
esgotos. Todos demais gastos do governo federal chegaram R$ 664,6 bilhões; ou
ainda mais R$ 84,5 bilhões que no ano anterior. Resultado, mais impostos e
menos investimentos. Esse é o país do amanhã e que surfará na marolinha da
prosperidade do demagogo mor. Um país sem projeto social e econômico e,
portanto sem futuro. Tão fácil analisar se Mantega está com a razão quando
afirma que em vinte anos teremos padrão de vida de primeiro mundo, - sugiro ao
leitor que olhe para trás e veja se vinte anos atrás esses mesmos países
estavam como nós estamos hoje em termos de qualquer indicador socioeconômico! Mantega
é um claro exemplo daquele que fala sem pensar.
O reflexo no cenário econômico se dá pela baixa produtividade e não
estritamente pelo aumento das remunerações tal qual no aumento do salário
mínimo como muitos apregoam; afinal o salário médio na iniciativa privada é
apenas 2,3 vezes o salário mínimo – “nunca antes na história desse país”,
(expressão esta tomada do aculturado pregador da imbecilidade), obteve-se
tão baixa relação. Comprova-se assim, que o enriquecimento e distribuição de
renda, pelo neoliberalismo perpetrado por FHC e assumido pelo
lulopetismo-fisiológico é: - quem tinha algo agora possui menos, pois passou
para quem tinha pouco; e quem tinha muito agora possui muito mais; não fosse
isso, o nosso índice de concentração de renda (Gini) não seria próprio dos
países Africanos - de quinto mundo onde os 10% mais ricos detém quase 47% da
riqueza do país; muito próximo do que estávamos há décadas.
A principal reforma que urge - é a da moral. Os atuais
gestores públicos, de forma geral, em conluio com o corporativismo pendurado
nas tetas do clientelismo, fazem de qualquer Instituição um balcão de negócios.
Acabar com isso é o desafio da parcela inteligível da nação representada por
cidadãos, empresários e entidades íntegras e conscientes de que devem execrar
do contexto da vida pública nacional, essa putrefata negociata de
aproveitadores das brechas das leis e que corroem o espírito da decência e da
própria democracia no Brasil.
Título e Texto: Oswaldo Colombo Filho, 19-01-2012
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