As penas castanhas caíram, a
frequência cardíaca se reduzia. O coraçãozinho pequenino não recebia mais fluxo
sanguíneo. O passarinho com bico que compunha mil melodias, mal sabia voar,
pobre coitado. Não tinha provado o dom de ser pássaro. Morrera ali, nas mãos da
menina tímida, dos cabelos presos e a voz de sossego. Tentara salvá-lo,
acalantava o seu corpo, para a sua pele tornar calor nas asas dele. Mas nada
adiantou, as batidas cessaram e a moça chorou, banhou os olhos do pequeno com
suas lágrimas.
A moça tremia com passos
lentos, rodava o terreno do quintal. A avó preocupada jogou a pilha de roupas
de lado e correu para perto da menina, dizendo com a voz cuspida:
- O que tu tem menina?
- Para onde os pássaros vão
quando morrem? – a menina perguntou apreensiva.
- Para onde vamos quando
morremos?
- Para o céu, para o inferno
ou para o peito de outro alguém, é o que mamãe sempre me diz.
- Então, minha mocinha, ele foi para cá, ó! – disse
enquanto apontava para o peito da menina.
- Ele não morreu, fez o meu
coração ganhar asas.
- Voe longe, minha pequenina,
bem longe.
Layla G., Desenhando Palavras
Colaboração: Fátima Lopes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-