quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Para onde os pássaros vão quando morrem?


As penas castanhas caíram, a frequência cardíaca se reduzia. O coraçãozinho pequenino não recebia mais fluxo sanguíneo. O passarinho com bico que compunha mil melodias, mal sabia voar, pobre coitado. Não tinha provado o dom de ser pássaro. Morrera ali, nas mãos da menina tímida, dos cabelos presos e a voz de sossego. Tentara salvá-lo, acalantava o seu corpo, para a sua pele tornar calor nas asas dele. Mas nada adiantou, as batidas cessaram e a moça chorou, banhou os olhos do pequeno com suas lágrimas.
A moça tremia com passos lentos, rodava o terreno do quintal. A avó preocupada jogou a pilha de roupas de lado e correu para perto da menina, dizendo com a voz cuspida:
- O que tu tem menina?
- Para onde os pássaros vão quando morrem? – a menina perguntou apreensiva.
- Para onde vamos quando morremos?
- Para o céu, para o inferno ou para o peito de outro alguém, é o que mamãe sempre me diz.
 - Então, minha mocinha, ele foi para cá, ó! – disse enquanto apontava para o peito da menina.
- Ele não morreu, fez o meu coração ganhar asas.
- Voe longe, minha pequenina, bem longe.
Colaboração: Fátima Lopes

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