quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Ministra segue exemplo de Lula e protesta contra números sobre a desigualdade brasileira


Reinaldo Azevedo
Uma coisa a gente tem de convir: eles têm método, e sua noção de pudor é muito particular. Em novembro do ano passado, o PNUD divulgou o IDH do Brasil — de 0,715 em 2010 para 0,718 em 2011. O país andou apenas uma posição. Saiu do 85º lugar para o 84º. Lula ficou furioso. Achou pouco. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência — da Presidência de Dilma, bem entendido — não se constrangeu em revelar:
“Lula nos deu um telefonema iradíssimo hoje, disse que (o resultado) era injusto e que a gente tinha de reagir”.
Muito bem. Agora Leiam o que informa o Portal G1. Volto em seguida:
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, rebateu nesta quinta-feira (19) a divulgação de um estudo da Oxfam (entidade de combate à pobreza e a injustiça social presente em 92 países) que coloca o Brasil em segundo lugar no ranking de desigualdade nos países do G20, atrás apenas da África do Sul. Campello argumentou que é preciso fazer uma análise da evolução do país ao longo dos anos. “Uma coisa é a gente olhar a situação hoje, outra coisa é a gente olhar a evolução que nós tivemos”, afirmou a ministra, que participou, nesta terça, de uma reunião sobre o plano Brasil Sem Miséria com a presidente Dilma Rousseff.
“O Brasil reconhecidamente por todas as instituições internacionais é o pais que mais vem reduzindo desigualdade, agora, nós temos 500 anos de história, então temos que olhar o filme. Nós conseguimos retirar 28 milhões de pessoas da pobreza, 40 milhões de pessoas entraram na classe média, temos ainda uma meta de incluir 16 milhões de brasileiros. Achamos que é possível exatamente porque estamos partindo desse patamar”, disse ela.

Pesquisa
De acordo com a pesquisa “Deixados para trás pelo G20″, apenas a África do Sul fica mais mal colocada que o Brasil em termos de desigualdade. Como base de comparação, a pesquisa também examina a participação na renda nacional dos 10% mais pobres da população de outro subgrupo de 12 países, de acordo com dados do Banco Mundial. Neste quesito, o Brasil apresenta o pior desempenho de todos, com a África do Sul logo acima.
A pesquisa afirma que os países mais desiguais do G20 são economias emergentes. Além de Brasil e África do Sul, México, Rússia, Argentina, China e Turquia têm os piores resultados. Já as nações com maior igualdade, segundo a Oxfam, são economias desenvolvidas com uma renda maior, como França (país com melhor resultado geral), Alemanha, Canadá, Itália e Austrália.

Voltei
Isso é método. Se um determinado resultado serve para o petismo demonstrar que seus adversários são homens perversos, maus, que não dão bola para a desigualdade, eles o alardeiam como verdade universal. Se, no entanto, os dados são ruins para o PT, eles questionam a régua, como fez Lula (que nem presidente era mais) e como faz agora a ministra Teresa Campello.
Nos tempos do governo FHC, por exemplo, os petistas não queriam saber do “processo”. Eles vieram a descobri-lo só em 2003. A resposta da ministra não deixa dúvida: se há ainda algo a ser corrigido no Brasil, deve-se aos 503 anos anteriores à chegada do PT ao poder. O que eventualmente houver de bom, bem, aí é coisa do PT, é evidente. Notem que o Plano Real, por exemplo, desapareceu de sua equação.
Tal método seria ridicularizado em qualquer país democrático do mundo. Por aqui, não são poucos os que começam a achar que o PNUD e a Oxfam não estão fazendo justiça ao PT. Afinal, o partido acha que suas intenções também têm de entrar na equação.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 19-01-2012

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