quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Isabel Jonet, a recentíssima vítima das pedradas do ódio social

Hoje à tardinha escrevi um post A Esquerda, obnubilada pelo ódio, já não tem resquício de sobriedade. E perguntava o que teria acontecido com Portugal, ou seja, como Portugal teria chegado a este ponto – de ódio, ressentimento, inveja social…

(Na verdade, agora me dou conta, deveria ter escrito “como alguns portugueses chegaram a este ponto”, pois a Nação, a Pátria, não tem culpa, nem responsabilidade pelos prematuros que nela nascem. Peço sinceras desculpas a Portugal).

Foto: Fábio Teixeira
A Sra. Isabel Jonet é presidente do Banco Alimentar contra a Fome, participou de um programa televisivo na quarta-feira e disse, na minha opinião, algumas verdades cristalinas.

Foi o bastante para espoletar os vis sentimentos da pandilha. Não vou deixar links para os bebedouros esquerdistas, tipo 5 dias.net, esquerda.net e outras .net
Leia o que escreve o Público (e depois, por favor, os dois textos que seguem):

Isabel Jonet acusada de usar a fome como arma política

José Augusto Moreira

Poderia ser apenas uma questão de canja ou caldo, mas as declarações da presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, desencadearam uma violenta onda de protestos, com insinuações de índole pessoal, acusações de activismo político e até um pedido de demisão.

A sopa em que mergulhou a polémica tem como principal ingrediente o facto de Jonet ter afirmado que “os portugueses vivem muito acima das possibilidades” e que, por isso, vão ter que “aprender a viver com menos”. “Vamos ter que empobrecer muito, vamos ter que viver mais pobres”, disse, em conclusão, a presidente do Banco Alimentar (BA), na quarta-feira em directo no programa Última Edição, na SIC Notícias, onde se debatiam as causas e consequências da actual situação de crise generalizada.

As reacções de indignação multiplicaram-se logo nas redes sociais e, numa carta aberta publicada nesta quinta-feira na Internet pelo Movimento Sem Emprego, Jonet é acusada de proferir “insultos”, “declarações aviltantes” e de “mascarar de caridade o saque que estão a fazer às nossas vidas”.

Redigido em tom agressivo e desafiador, o documento dirige-se à responsável pelo BA dizendo que “o tamanho dos seus disparates não abafa os murmúrios da pobreza e miséria”. Assumindo-se como a voz do “milhão e meio de desempregados”, diz ainda que “o tempo não é de substituir o ‘Estado Social’ pelo ‘Estado de Caridade’, mas de pelo menos ter tanto cuidado com os pobres como com aquilo que se diz”.
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José Augusto Moreira, Público, 08-11-2012, 21h13

Isabel Jonet 

Lourenço Ataíde Cordeiro

Isabel Jonet foi à SIC-Notícias participar num debate com Manuela Ferreira Leite e Rui Vilar. Logo aqui percebemos que algo não está bem. O tema, julgo, seria tão difuso como «a crise e os portugueses», como bem gostam as televisões portuguesas, dando espaço para que os intervenientes falassem sobre o que bem lhes apetecesse. Foi neste espírito que Isabel Jonet produziu umas declarações que fez as delícias das «redes sociais», e que, resumindo, era uma crítica aos hábitos de consumo dos portugueses, sobretudo dos portugueses que não podem dar-se ao luxo de ter hábitos de consumo desregrados.

Como Isabel Jonet não é uma oradora talentosa nem tem um discurso cívico consistente, a coisa descambou para um conjunto de banalidades moralistas, pensava eu que inócuas, como por exemplo a condenação de idas a «concertos rock» e o facto de os seus filhos lavarem os dentes com a água a correr (bem como alguma coisa sobre Nestum - trazida ao debate por Ana Lourenço - que eu não percebi).

Ora, eu ouvi isto todos os dias da minha educação: são coisas que qualquer pai (e avó) competente repete aos seus filhos. São ilustrações simplistas de uma hierarquia de prioridades saudável. São, também, parte da narrativa católica, da narrativa católica conforme passada às crianças. Foi estranho ouvir aquilo de alguém que falava para adultos, mas não mais do que isso: estranho. E devo dizer que, no essencial, mesmo traduzindo para uma linguagem mais consequente as ideias que Isabel Jonet estava a transmitir, estou absolutamente de acordo: os portugueses - nós - habituaram-se nos últimos 20 anos a viver com défices orçamentais constantemente deficitários e isso levou à instalação de hábitos de consumo insustentáveis.

O que se passou a seguir é para mim inexplicável. Caiu o Carmo e a Trindade sobre Isabel Jonet, e os acéfalos do costume lançaram-se em campanhas virtuais de «boicote» ao Banco Alimentar. Sim, porque Isabel Jonet é a presidente de uma das instituições que mais tem feito pelo auxílio dos pobres.

Chama-se a isto «caridade», uma palavra que a esquerda odeia porque acha que quem a pratica pretende manter os seus beneficiários na pobreza, enquanto massaja o seu ego e o seu currículo cristão. E, claro está, não tardou muito que Isabel Jonet fosse apelidade de «salazarenta».

Obviamente que este tipo de «debate», chamemos-lhe assim, não mereceria qualquer tipo de alimento numa situação normal - aliás, como nunca mereceu durante todos estes anos que Isabel Jonet tem à frente do Banco Alimentar, com condecorações à mistura e tudo - mas nós não estamos numa situação normal.

O pecado de Isabel Jonet é a sua dicção, digamos, a maneira como mexe as mãos e pisca os olhos: é a sua condição social de «privilegiada», como agora se diz, o que, segundo a acefalia reinante, a desqualifica para qualquer intervenção pública. Mesmo sendo Isabel Jonet uma pessoa com um currículo a todos os títulos inatacável no trabalho de campo de combate à pobreza, qualquer consideração que faça sobre os mais «desfavorecidos» será considerado um «insulto», à imagem daquilo que se passou com Alexandre Soares dos Santos, por exemplo (já agora, como está a correr esse boicote ao Pingo Doce?).

O dado preocupante nesta história é este (não é o «boicote» ao Banco Alimentar, que será feito por catorze pessoas com contas Twitter): a radicalização das várias sensibilidades sociais e políticas que conduzirão, tragicamente, a uma situação onde será impossível qualquer tipo de consenso sobre aquilo que o país tem de fazer.
Lourenço Ataíde Cordeiro, Complexidade e Contradição, 08-11-2012

Vocês tem de perceber como isto funciona

Maurício Barra

Para quem está espantado com a falta de reacção da nossa imprensa às recentes declarações de Vasco Lourenço, nas quais alimentava a estapafúrdia ideia de uma próxima guerra na Europa (porque a realidade não vai de encontro às suas “vontades de revolução permanente”), e agora constata uma reacção violenta contra Isabel Jonet, com primeiras páginas promovendo abaixo-assinados e quejandos, porque a senhora argumentou o que entendeu argumentar sobre a realidade que vivemos, tem de perceber como isto funciona: o grupo organizado que navega nas águas dos dois partidos não democráticos, com a ajuda dos radicais e idiotas úteis que para estas coisas aparecem sempre, alem das manifestações organizadas por SMS, dedica-se ao ataque de todas as situações e opiniões com que não concordam. São ataques ad hominem que visam pessoas que os incomodam, seja porque têm uma opinião diferente, seja porque pelos seus actos ocupam postos de relevância social que gostariam de destituir.

Como a senhora não deixa que a sua obra caia em mãos que ideologicamente a destruiriam em pouco tempo, vai daí organiza-se um abaixo-assinado e a respectiva promoção, do qual temos notícia porque as antenas que este grupo tem em órgãos de imprensa têm uma influência exorbitante e exploram um caso que, visto e revisto, não passa de um fait-divers em qualquer democracia.

Mas para estes profissionais da agitação e propaganda, nós não somos uma qualquer democracia. Temos de ser uma “democracia a caminho do socialismo”, na qual se tenta na rua obter o que não se consegue ter pelo voto.
Maurício Barra, Forte Apache, 08-11-2012
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6 comentários:

  1. Ó Ratazana, por acaso, só por acaso, não fumo essa bosta, nem a outra. Só por acaso.
    Agora, uma pergunta: o que vocês têm na cabeça quando andam por aí a "protestar" contra a Direita (e contra o pilau pequeno)?!
    Considere-se PRIVILEGIADO com a minha 'resposta'. Inté!

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  2. Fico com a impressão que começou e acabou o seu discurso a pensar no modo de vida dos seus filhos. Modo de vida do Sr Vilar, da Sr Manuela Ferreira Leites e de tantos comentadores e opinion maker da praça pública.
    Não há maiores "chulos" que a maior parte, dos donos das IPSS, Associações de caridade, Fundações, que vivem da existência destas desigualdades.

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  3. A utopia chegou a tal imbecilidade que até a caridade é atacada.
    pj

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  4. Banco Alimentar Contra a Fome. Não poderia ser apenas Banco Alimentar? Ou se fosse um nome apenas para criar impacto quando ouvido, melhor não seria a versão brasileira do "Fome Zero"? Afinal, ninguém pode imaginar um Banco Alimentar "Pró Fome" ou ainda "Contra a Alimentação".
    É em Portugal o lugar onde "nunca escurece" ... "quando o sol se põe, acendemos as luzes".

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