domingo, 11 de novembro de 2012

"Nunca disse que os pobres têm de se habituar à pobreza"

Foto: Fábio Teixeira
A propósito da polémica em torno das declarações que prestou na SIC Notícias, Isabel Jonet precisa o que disse num texto de opinião para a Rádio Sim, do Grupo r/com – renascença comunicação multimédia. A Renascença divulga o artigo em antecipação.
OPINIÃO DE ISABEL JONET, QUE QUE VAI SER TRANSMITIDA ESTA SEGUNDA-FEIRA, 12 DE NOVEMBRO, NA RÁDIO SIM:

"Vi-me envolvida numa enorme polémica, na sequência de um programa de televisão onde manifestei a minha convicção de que algo tinha de mudar na forma como vivemos.
Farei um resumo do que defendi e lamento se porventura magoei algumas pessoas que não me compreenderam quando disse que tínhamos de mudar o modo como vivemos. Gostaria de começar por esclarecer, se necessário for, que não estava a falar para os mais pobres, ou a dizer que são os pobres que têm de se habituar à pobreza. Como gostaria que dela pudessem sair, certa que para isso é imprescindível crescimento económico. Não tenho medidas políticas para erradicar a pobreza do mundo; se tivesse, era política; e não sou. Só faço o que posso numa área específica e com uma forma concreta. Sou presidente da Federação Portuguesa dos BA (Bancos Alimentares) e da FEBA, (Federação Europeia de Bancos Alimentares) que congrega Bancos Alimentares, que com o mesmo modelo ajudam 330 mil pessoas em Portugal e 5 milhões em 21 países da Europa, pessoas em situações de pobreza e que necessitam de auxílio alimentar.
Não quero ver em Portugal o que vi na Grécia, onde estou a preparar BA e onde há tanta miséria que nem se encontram medicamentos para os doentes crónicos, onde falta o gás e a luz, onde escasseia a comida nos supermercados.
O Estado Social foi concebido a seguir à grande Depressão, em 1929, para acudir a situações de emergência social, numa altura em que a esperança de vida era de 60 anos pelo que o peso das reformas era pequeno. Ganhou maior dimensão a seguir à 2ª Grande Guerra, numa época de grandes necessidades, onde até era justificada a criação de emprego pelo Estado, nomeadamente em obras públicas, empresas, etc. Com o tempo e a prosperidade económica o peso do Estado Social foi aumentando, e felizmente passaram a ser garantidos direitos essenciais como a Educação, os cuidados de Saúde, etc. Só que nos últimos anos a situação tem vindo a alterar-se muito com a alteração na pirâmide demográfica e o peso que as reformas têm hoje (até porque aumentou imenso a esperança de vida e muitas pessoas têm longos anos de pensionistas) e porque o peso da Europa no mundo alterou-se radicalmente: competimos com países muito mais prósperos do que nós e onde não vigoram direitos sociais idênticos. É pois precisamente para manter o Estado Social e defender quem mais precisa que temos portanto de repensar o seu modelo e assegurar a sua sustentabilidade. Volto a realçar: para ajudar quem mais precisa. Para que não precise. Porque a pobreza estrutural infelizmente mantém-se.
Vivemos nos últimos anos muitas vezes acima das nossas reais possibilidades: tanto no que se refere às despesas públicas (autoestradas, estádios de futebol, rotundas) como as despesas individuais de uma camada significativa da população. Adoptamos hábitos que não podemos manter: daí o facto dos países e de muitas famílias estarem endividados, que tenham assumido créditos que hoje dificilmente podem suportar.
O pior é que se tinha uma expectativa de vida que não pode ser realizada exactamente porque a conjuntura e o mundo mudaram. E vemos que os nossos filhos vão viver pior do que nós vivemos, se nada for feito, ou nada fizermos por eles.
Penso que muitas das críticas que me foram feitas, sobretudo nas redes sociais, foram por pessoas que nem ouviram o programa de televisão, nem tudo o que eu disse, mas que interpretaram parcialmente o que foi sendo comentado, descontextualizando totalmente o que expressei.
Tenho pena desta polémica que não é boa para ninguém. É triste ver a incapacidade de encarar com realismo que, se não mudarmos nada a situação, não é mesmo sustentável.
Aqui, nos BAs, continuaremos a fazer o mesmo trabalho sem perder de vista quem efectivamente precisa."
Isabel Jonet, Rádio Renascença

Comentário de Jorge Duque na revista Visão:
A Sra. Isabel Jonet está do lado errado da barricada. Em Portugal, o politicamente correcto afirma que para se ajudar os pobres tem de se pertencer à esquerda radical. Ora, a sua obra magnífica, que já tirou a fome a milhares de homens, mulheres e crianças sem qualquer custo para o Estado, é um amargo de boca para os tais iluminados da esquerda fundamentalista. Este grupo, predominantemente do PCP e BE, é, regra geral, agressivo e grosseiro para quem prova que eles só têm vozearia na opinião pública e tem sido sempre a direita conservadora (a começar pela Igreja) a ajudar os mais desfavorecidos.
Portanto, a Sra. Isabel Jonet não tem nada que pedir desculpa, pois a suas palavras foram propositadamente e maldosamente mal interpretadas pelos tais membros da esquerda integrista. O resto dos detractores seguiu o mesmo caminho ou por desespero ou por imbecilidade.
Os cidadãos mais esclarecidos e moderados apenas lhe pedem que continue com a sua excelsa obra de tirar a fome e quem precisa no nosso necessitado País.
Jorge Duque

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