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Foto: Fábio Teixeira |
A propósito da polémica em
torno das declarações que prestou na SIC Notícias, Isabel
Jonet precisa o que disse num texto de opinião para a Rádio Sim, do Grupo
r/com – renascença comunicação multimédia. A Renascença divulga o artigo em
antecipação.
OPINIÃO DE ISABEL JONET, QUE QUE VAI SER TRANSMITIDA ESTA
SEGUNDA-FEIRA, 12 DE NOVEMBRO, NA RÁDIO SIM:
"Vi-me envolvida numa
enorme polémica, na sequência de um programa de televisão onde manifestei a
minha convicção de que algo tinha de mudar na forma como vivemos.
Farei um resumo do que defendi
e lamento se porventura magoei algumas pessoas que não me compreenderam quando
disse que tínhamos de mudar o modo como vivemos. Gostaria de começar por
esclarecer, se necessário for, que não estava a falar para os mais pobres, ou a
dizer que são os pobres que têm de se habituar à pobreza. Como gostaria que dela
pudessem sair, certa que para isso é imprescindível crescimento económico. Não
tenho medidas políticas para erradicar a pobreza do mundo; se tivesse, era
política; e não sou. Só faço o que posso numa área específica e com uma forma
concreta. Sou presidente da Federação Portuguesa dos BA (Bancos Alimentares) e
da FEBA,
(Federação Europeia de Bancos Alimentares) que congrega Bancos Alimentares, que
com o mesmo modelo ajudam 330 mil pessoas em Portugal e 5 milhões em 21 países
da Europa, pessoas em situações de pobreza e que necessitam de auxílio
alimentar.
Não quero ver em Portugal o
que vi na Grécia, onde estou a preparar BA e onde há tanta miséria que nem se
encontram medicamentos para os doentes crónicos, onde falta o gás e a luz, onde
escasseia a comida nos supermercados.
O Estado Social foi concebido
a seguir à grande Depressão, em 1929, para acudir a situações de emergência
social, numa altura em que a esperança de vida era de 60 anos pelo que o peso
das reformas era pequeno. Ganhou maior dimensão a seguir à 2ª Grande Guerra,
numa época de grandes necessidades, onde até era justificada a criação de
emprego pelo Estado, nomeadamente em obras públicas, empresas, etc. Com o tempo
e a prosperidade económica o peso do Estado Social foi aumentando, e felizmente
passaram a ser garantidos direitos essenciais como a Educação, os cuidados de
Saúde, etc. Só que nos últimos anos a situação tem vindo a alterar-se muito com
a alteração na pirâmide demográfica e o peso que as reformas têm hoje (até
porque aumentou imenso a esperança de vida e muitas pessoas têm longos anos de
pensionistas) e porque o peso da Europa no mundo alterou-se radicalmente:
competimos com países muito mais prósperos do que nós e onde não vigoram
direitos sociais idênticos. É pois precisamente para manter o Estado Social e
defender quem mais precisa que temos portanto de repensar o seu modelo e
assegurar a sua sustentabilidade. Volto a realçar: para ajudar quem mais precisa. Para que não precise. Porque a
pobreza estrutural infelizmente mantém-se.
Vivemos nos últimos anos
muitas vezes acima das nossas reais possibilidades: tanto no que se refere às
despesas públicas (autoestradas, estádios de futebol, rotundas) como as
despesas individuais de uma camada significativa da população. Adoptamos
hábitos que não podemos manter: daí o facto dos países e de muitas famílias
estarem endividados, que tenham assumido créditos que hoje dificilmente podem
suportar.
O pior é que se tinha uma
expectativa de vida que não pode ser realizada exactamente porque a conjuntura
e o mundo mudaram. E vemos que os nossos filhos vão viver pior do que nós
vivemos, se nada for feito, ou nada fizermos por eles.
Penso que muitas das críticas
que me foram feitas, sobretudo nas redes sociais, foram por pessoas que nem
ouviram o programa de televisão, nem tudo o que eu disse, mas que interpretaram
parcialmente o que foi sendo comentado, descontextualizando totalmente o que
expressei.
Tenho pena desta polémica que
não é boa para ninguém. É triste ver a incapacidade de encarar com realismo
que, se não mudarmos nada a situação, não é mesmo sustentável.
Aqui, nos BAs, continuaremos a
fazer o mesmo trabalho sem perder de vista quem efectivamente precisa."
Isabel Jonet, Rádio Renascença
Comentário de Jorge Duque na
revista Visão:
A Sra. Isabel Jonet está do
lado errado da barricada. Em Portugal, o politicamente correcto afirma que para
se ajudar os pobres tem de se pertencer à esquerda radical. Ora, a sua obra
magnífica, que já tirou a fome a milhares de homens, mulheres e crianças sem
qualquer custo para o Estado, é um amargo de boca para os tais iluminados da
esquerda fundamentalista. Este grupo, predominantemente do PCP e BE, é, regra
geral, agressivo e grosseiro para quem prova que eles só têm vozearia na
opinião pública e tem sido sempre a direita conservadora (a começar pela
Igreja) a ajudar os mais desfavorecidos.
Portanto, a Sra. Isabel Jonet
não tem nada que pedir desculpa, pois a suas palavras foram propositadamente e
maldosamente mal interpretadas pelos tais membros da esquerda integrista. O
resto dos detractores seguiu o mesmo caminho ou por desespero ou por
imbecilidade.
Os cidadãos mais esclarecidos
e moderados apenas lhe pedem que continue com a sua excelsa obra de tirar a
fome e quem precisa no nosso necessitado País.
Jorge Duque
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