"Cheio que nem um ovo"- exultava ontem um repórter da SIC N, ao mesmo tempo que imagens aéreas mostravam um Terreiro do Paço com uma concentração densa junto a um palco e imensos espaços esparsamente "povoados", ou mesmo vazios, no resto da praça.
"Mais de 500 000 pessoas ter-se-ão manifestado"- prosseguia o entusiasmado ativista, perdão, "jornalista".
Ora vamos lá descer da estratosfera, pá! Grândola
Vila Morena e tal, mas convém meter rédeas ao entusiasmo revolucionário e
evitar relinchos e zurros desse calibre.
O Terreiro do Paço não leva 200 000 pessoas, isso
já foi calculado por especialistas com aquele método de verificar quantas
pessoas cabem, apinhadas, num metro quadrado e multiplicar depois esse número
pela área em causa.
Com o Papa estava realmente quase cheio que nem um
ovo e a coisa andaria pelos 100 000.
Assim que, no momento em que o repórter debitava
aqueles disparates hiperbólicos, estariam no Terreiro do Paço, menos de 40 000
pessoas, o que é, convenhamos, uma razoável assistência a um jogo do Benfica.
"Nós somos o povo"- berravam os ativistas
do Bloco de Esquerda, e balia a carneirada que os seguia.
Realmente, pá?
Então o que dirão os benfiquistas num dia de casa
cheia. Provavelmente sentem-se com legitimidade que baste para fazer a
revolução, exigir a demissão do governo, do Presidente, e até do Rei de Espanha
e do sultão do Brunei.
Título e
Texto: Jose Carmo, no blogue “Fiel Inimigo”, 03-03-2013
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