sábado, 4 de maio de 2013

Uma fraude espetacular: a corrupção da avaliação de Cuba de 2013 pela ONU

Cuba compra ‘grupos de fachada’ para manipular relatório sobre direitos humanos da ONU
Francisco Vianna
Cuba é um país paupérrimo, que vive sob o tacão de uma das últimas ditaduras socialistas sovietiformes do planeta, com seu povo passando por privações e escassez de toda ordem, mas o regime imposto por Havana parece arranjar dinheiro para tentar burlar a opinião pública mundial pintando um quadro internacional amplamente falso e fraudulento e comprando a inclusão de falsas informações em relatório de avaliação dos direitos humanos feitos pela ONU.

Nesta foto de arquivo, senhoras do grupo de oposição pacífica, “Damas de Branco”, são agredidas por agentes do estado cubano e do partido comunista cubano durante uma manifestação pacífica em Havana.
Um grupo de vigilantes cubanos relatou nesta semana que a ilha-cárcere dos Castros, Cuba, “cometeu fraude numa escala imensa”, usando “grupos de fachada” financiados pelo regime para influenciar uma avaliação da ONU sobre um expediente de Havana a respeito de direitos humanos, cuja ação consistiu em apresentar comentários favoráveis ao regime ditatorial da ilha.
Cerca de 454 ONGs enviaram comentários para a ONU destinados à consideração da organização mundial na reavaliação do regime cubano em curso. Dessas, 48 ONGs enviaram comentários para o Canadá — o segundo maior número de comentários — e 32 para a Rússia, de acordo com o informe do grupo “UN Watch”. Apesar de “ter havido críticas feitas por ONGs autênticas, estas são sobrepujadas em um número sem precedentes de comentários feitos ONGs fraudulentas, as quais seriam meras marionetes de Cuba e seus aliados no exterior”, afirma o informe. “Isto é fraude cometida numa escala imensa”, acrescenta o informe, tornado público ao mesmo tempo em que a ‘avaliação de Cuba’ pelo Conselho de Dos Humanos da ONU (CDHONU) em Genebra, na Suíça, foi publicada. O CDHONU faz uma auditoria a cada quatro anos em cada país para sua Avaliação Universal Periódica (AUP) sobre a situação interna dos direitos humanos em cada um deles. “Cuba usou centenas de grupos de fachada para se apropriar da compilação de comentários feita por uma ONG da ONU e convertê-la num cartel de propaganda a favor do regime ditatorial ‘socialista’ dos Castros”, disse o informe de 13 páginas da ‘UN Watch’.
A AUP não está vinculada a quem quer que seja, “mas, sim, causa certo impacto pelo fato de se constituir numa espécie de megafone, de um pódio, que influencia o pensamento das pessoas e forma opinião e é considerada uma fonte de legitimidade”, disse Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch e advogado canadense.
A ONG UN Watch (Vigia da ONU) tem sua sede em Genebra e monitora o trabalho da ONU sobre a avaliação dos direitos humanos em todos os países do mundo onde sua ação é permitida. Essa ONG é também associada ao Comitê Judeu-Americano, e este costuma critica a miúde o CDHONU porque muitos de seus membros tem maus antecedentes com relação ao respeito aos direitos humanos. Durante uma reunião do CDHONU sobre Cuba, na última quarta-feira, a Síria, o Irã e a Coreia do Norte ‘elogiaram’ Havana enquanto as nações ocidentais criticaram seus abusos e a sua falta de democracia. Todos los comentários e as respostas de Cuba acabam sendo compilados na AUP.
O informe da UN Watch, intitulado “Uma fraude espetacular: a corrupção da avaliação de Cuba de 2013 pela AUP” não refuta diretamente os elogios amontoados por ONGs à ilha governada por uma ditadura comunista, mas sim se limita a listar alguns dos comentários favoráveis com os nomes de quem os fizeram. Entre essas “ONGs” estavam várias organizações controladas pelo governo de Havana e pelo Partido Comunista de Cuba, tais como a Federação de Mulheres Cubanas, a Federação de Estudiantes Universitários e a União de Pioneiros de Cuba. Também fizeram comentários elogiosos a Cuba “grupos de solidariedade” tais como a sucursal de DAMBOVITA da Associação de Amizade Romeno- Cubana, o Clube LEOGANE de Amigos de Cuba no Haiti e o Comitê Nacional de Solidariedade a Cuba, do Sri Lanka.

Um dissidente é preso em Havana, nesta foto de arquivo de 2011. Cuba cometeu “fraude… numa escala imensa” para influenciar uma avaliação da ONU de seu expediente sobre direitos humanos por meio do uso de “grupos de fachada” para apresentar comentários favoráveis e fraudulentos a respeito da ilha-cárcere dos Castros. Foto: AP
Uma tal de ‘Organização de Solidariedade dos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAL), fundada em Havana em 1966 para apoiar a ditadura socialista cubana e os “movimentos de libertação nacional” — compostos quase sempre de guerrilhas— em atividade no chamado “terceiro mundo”, também, como não poderia deixar de ser, elogia a ilha-cárcere dos Castros, um dos pouquíssimos países do mundo onde ainda vigora o atraso socialista. Muitas das ONGs listadas no resumo dos comentários da AUP são provenientes de países paupérrimos que têm relações amistosas com Havana, e especialmente os quase 70 países aos quais Cuba, apesar da pobreza e miséria em que se encontra o seu povo, tem enviado missões “médicas, educativas e esportistas”. A denúncia da ONG UN Watch, em seu resumo de 105 parágrafos, em 72 inclui “profundos elogios” dos antecedentes sobre direitos humanos em Cuba. 77 informes do documento mencionam que “o marco constitucional e o Legislativo de Cuba reconhecem e garantem os direitos e liberdades humanas básicas”, o que é uma deslavada mentira, incapaz de enganar e iludir quem quer que seja medianamente informado no mundo livre. O resumo termina por denunciar a veleidade mentirosa da afirmação de 26 ‘contribuições’ dessas poucas ONGs cúmplices dos Castros e que afirmam: “os defensores dos direitos humanos estão protegidos e ninguém tem sido perseguido ou penalizado por exercitar seus direitos pacificamente”. Num dos raros comentários contrários citados, está o da ONG ‘Jornalismo Sem Fronteiras’, com sede na França, que escreveu que todos os jornalistas presos durante uma campanha repressiva em 2003 foram libertados em 2010 e 2011, “embora a quase totalidade deles tivesse que ser exilada”.
A ONG UN Watch também não livrou a cara da ONU, criticando o papel da UNESCO e a Equipe da ONU em Cuba — essencialmente sua embaixada em Havana — por seus elogios “grosseiramente enganosos” a Cuba em seus próprios informes para a AUP. Um informe da UNESCO “assinala que reconhece a sociedade civil cubana como um elemento chave na vida cultural de Cuba, e que ela exerce um papel ativo em nível local por meio de seu trabalho com as ‘Casas de Cultura e o Poder Popular’”.
Título e Texto: Francisco Vianna (da mídia internacional), 04-05-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-