Os governos europeus estão
aceitando a flexibilização das metas de austeridade acordadas no Tratado de
Maastrich. Até a Alemanha, suposto bastião da austeridade fiscal, tem
concordado com essa medida. O ministro das Finanças, Wolfgang Schauble, ao
menos quer condicionar tal afrouxamento às reformas trabalhistas, mas entende
que esse é o caminho, até porque o modelo americano, mais liberal, levaria a
uma revolução na Europa, segundo ele.
Pode ser que sim. Afinal,
décadas de “welfare state” produzem o nefasto costume de esperar sempre mais
benesses estatais. Privilégios são fáceis de garantir, basta uma canetada do
governo; mas são difíceis de cumprir no longo prazo, pois como sabia Margaret
Thatcher, o socialismo dura até durar o dinheiro dos outros. E nesse modelo,
com incentivos inadequados para a produção de riquezas, invariavelmente o
dinheiro desaparece, foge para locais mais amigáveis aos negócios.
As regras do Tratado de
Maastrich serviam como camisa de força para governos perdulários, algo
freqüente na Europa. Mas, com uma visão míope voltada apenas para o curto prazo,
as autoridades pretendem ignorar tais amarras e usar os gastos públicos para
alavancar o crescimento econômico. Falsa dicotomia: o governo não produz
riqueza; ele apenas tira do setor privado e transfere para o setor público, que
quase sempre gasta mal, seguindo critérios políticos em vez de econômicos, e
muitas vezes com desvios corruptos pela ausência do escrutínio dos donos desses
recursos.
Logo, acreditar que a gastança
estatal produz crescimento é ignorar as leis econômicas e da natureza humana,
além da experiência histórica. Ao rasgar as regras de Maastrich, os países da
zona do euro podem estar cruzando seu Rubicão, um caminho sem volta. É mais
fácil tirar o gênio da garrafa do que recolocá-lo lá dentro. Os keynesianos
sempre lembram as medidas anticíclicas quando é para expandir o governo, nunca
para retraí-lo. Mas a conta precisa ser paga, inexoravelmente.
Com impostos absurdamente
elevados, inúmeros privilégios para o setor público, déficits fiscais fora de
controle, endividamento público extremamente elevado, e leis trabalhistas
engessadas, a Europa vive uma espécie de esclerose econômica. Não é à toa que o
desemprego, especialmente dos mais jovens inexperientes, está em patamares
preocupantes. O tecido social fica esgarçado. É um terreno fértil para
aventureiros de plantão, para populistas e demagogos que vendem soluções
mágicas – e desastrosas.
A Europa tem um legado
fantástico para o mundo, e sérias manchas no currículo também, como o fascismo,
o nazismo e o comunismo. Espero que a região consiga atravessar essa crise e
sobreviver, sem uma decadência muito acentuada. Para adicionar insulto à
injúria, há o grave problema da islamização crescente, alimentada pelo
multiculturalismo que segrega em vez de assimilar esses imigrantes.
O modelo de estado de
bem-estar social precisa ser drasticamente revisto. Os europeus precisam
abandonar a visão de que o estado é um ente abstrato, que obtém seus recursos
de Marte e distribui benesses de forma altruísta. Nada mais falso. O caminho
necessário é doloroso, mas fundamental para salvar a região. A austeridade não
é o inimigo; é um remédio amargo, mas crucial. A Europa precisa de mais setor
privado e menos estado. Espero que não seja tarde demais para dar essa guinada.
Título e Texto: Rodrigo Constantino, 29-05-2013
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