terça-feira, 28 de maio de 2013

Luana e Lobão

Que canseira dessa corrupção, desse pensamento carniça-egoísta que assola esse país.
Luana Piovani
 

Waldo Luís Viana
Há poucos dias tive contato com as palavras lindas do grande cantor, compositor e roqueiro Lobão sobre a situação cultural do país. Soube até – com rara satisfação – que ela estava lendo o livro “Ordotoxia” de Gilbert Keith Cherteston, um dos maiores escritores ingleses do início do século XX.

A evolução intelectual e emocional dos artistas oferece uma diretriz e um vértice completamente invertido em relação aos políticos. Os artistas são faróis da sociedade e, em diversos momentos da modernidade, foram molas fulgurantes de crítica ao mundo burguês.

No renascimento havia mecenas, de famílias burguesas ricas e italianas que, tentando lutar contra os poderes eclesiásticos e aristocráticos, financiavam artistas que eram grandes representantes da arte, da cultura e da evolução dessas mesmas sociedades. Suas obras estão aí, eternizadas e aclamadas pelos povos...

Tudo isso mudou com a evolução do capitalismo que transformou a arte em objeto de negócio. Os burros séculos posteriores resolveram transformar a arte em objeto de bons negócios e prazer. Poucos escritores lutaram contra essa tendência, tentando denunciar o que a arte burguesa, contendo em seu bojo um sistema de conformidade, impedia que o povo se libertasse dos novos sistemas escravocratas do pensamento pífio da revolução industrial.

Desculpem a mera digressão pretensamente universitária, porque queria dizer que sou do tempo em que os artistas lutavam contra a ditadura militar. Eram “tempos de chumbo” – diziam que tais – até alguns faziam bossa nova, cinema novo, novas tendências literárias e eu era um homem pequeno, com menos de 15 anos de idade...

Lembro-me de que era adolescente e comecei um namoro com uma atriz, cujo sonho maior era fazer uma novela na Rede Globo. Logo o esquerdismo cultural lhe confiou: não! É melhor o teatro, porque a Rede Globo, com suas novelas quer iludir o povo sobre a terrível realidade que nos assola.
Eu sei que terminamos o namoro e ela deixou de ser atriz porque a família dela toda, do norte, era esquerdista.
Agora, temos estranho panorama e obscura trama. Os nossos artistas querem todos viver os episódios burgueses da Rede Globo e morar em coberturas em prédios de gente rica. Esqueceram Brecht e Stalinslavisky, em troca de gordos cachês e uma vida de conformismo e desídia pagã...
A proteção das novelas ao regime militar foi substituída por uma proteção à cultura de classe C sugerida agora pelo partido governante. A Rede Globo faz o mesmo papel defecante que fazia quando protegia a cultura da ditadura militar e os seus artistas também.

A história se repete como farsa ou tragédia, mas surgiram duas pessoas maravilhosas, que não conheço pessoalmente, mas admiro muito e que estão destoando desse panorama pífio e trágico.

Lobão e Luana Piovani estão caçoando da miséria corrupta do PT, das leis de incentivo cultural, das políticas das estatais em proteger os artistas coagidos – enfim da corrupção maltrapilha do PT que está conduzindo o país a uma estúpida regressão, cultural, corrupta e marginal.

Os estádios que o Médici mandava construir para incentivar o pão e circo do povo estão voltando, num preço exponencial. Mas agora os recursos custam “n mais capa” e destruirão a nossa formação nacional de capital bruto em 2017. Mas essa é outra estória.

Lobão e Piovani somente levantaram o logro da tragédia que virá. Mas aplaudo a sua coragem e iniciativa, num país cada vez mais burro e totalitário.
Título e Texto: Waldo Luís Viana, escritor, economista, poeta e tem certeza de que não ganhará o prêmio Nobel nesse país burro e autocrata... Teresópolis, 28 de maio de 2013.

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Um comentário:

  1. Denunciar os crimes do PT – que os petistas chamam de malfeitos – é um imperativo de todo cidadão honesto. Daí a conceder créditos a qualquer idiota que critica o PT vai uma longa distância. Ainda há pouco, o tal de Lobão andou publicando livro em que desanca tanto o partido como do governo como as esquerdas em geral, particularmente Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto. Que de esquerda nada têm e não passam de meros oportunistas. Se amanhã der dinheiro e prestígio ser de direita, viram a biruta na hora. Da noite para o dia, o roqueiro virou herói, merecendo até mesmo elogios do Rodrigo Constantino.

    Demonstrando coragem insólita, o analfabeto funcional fez uma crítica letal às esquerdas: “intelectual de esquerda é punheta de pau mole”. Foi incensado por articulistas hostis ao PT. Como se seus impropérios de mau gosto quisessem dizer algo. O roqueiro atroz revela a mesma estupidez do recórter tucanopapista hidrófobo da Veja, quando chama Che Guevara de porco fedorento. Ora, para que servem tais insultos de moleque? No fundo, invalidam a crítica e acabam prestigiando o criticado. Quem quiser criticar as esquerdas, que as critique com propriedade. Palavrões só servem para absolvê-las.

    Sobre o corajoso “intelectual” que “ousou” enunciar o óbvio, recebi de um leitor algumas informações a partir de uma entrevista sua, concedida à Playboy em 2000. Pinço alguns itens:

    - tentou suicídio com overdose de Rivotril, em 1979, por estar vivendo no que classificou de “cárcere privado”; sua mãe bipolar tentou pelo menos 16 vezes suicídio, mas só foi exitosa em 1984
    - tomou “acidentalmente” um coquetel de calmantes e álcool que o deixou em coma por quinze dias
    - usou e abusou de maconha, cocaína, heroína e álcool além de promover turnês ensandecidas
    - em 1987 foi preso com um papelote de cocaína, 30 gramas de haxixe e 2 gramas de maconha no aeroporto Tom Jobim. Foi processado, julgado e condenado. Ficou preso durante um ano (1988-1989) sem direito a sursis. Uma arbitrariedade, segundo ele
    - foi preso cinco vezes por desacato à autoridade, incitação ao uso de drogas e atentado ao pudor e respondeu a apenas 132 processos judiciais (prescritos)
    - começou a fazer reportagens com exus, leu toda a doutrina espírita e umbandista. Decidiu fazer um ritual em casa. Colocou um LP de Pink Floyd na vitrola, fez um altarzinho, acendeu umas velas e disse: “Ó, Exu, pode me falar. Aqui tem um ombro amigo, pode vir. Estou aqui para lhe servir. Você deve ser uma figura difícil, rejeitada, utilizada pelas pessoas. Olha, acho isso um absurdo...” Dali a pouco estrebuchou, caiu no chão. Acordou tonto, deitado na cama. Olhou ao redor e percebeu que tudo estava destruído, as gavetas puxadas, uma garrafa de álcool que tinha rasgada no meio. Chamou pela mamãe bipolar. Perguntou-lhe se não tinha ouvido algum barulho. “Barulho seu eu sempre ouço”, respondeu ela. Depois disso, o roqueiro foi fazer eletroencefalograma
    - achou que, em certa época, era uma coisa charmosa ficar chocando as pessoas com suas histórias de incesto
    - a primeira masturbação foi numa cruz. Teve tesão por Jesus Cristo. Tinha 6 anos de idade e foi numa Sexta-Feira Santa. Foi beijar o corpo de Cristo na igreja, e achou aquela tanguinha uma delícia! Quando chegou ao quarto, botou a cruz no colchão, deitou em cima e se masturbou pela primeira vez. Ao mesmo tempo que era uma coisa meio pervertida, também achou que era lúdico
    - e, pior que tudo isto, votou em Lula por duas vezes.

    Com esse formidável currículo, o ex-detento, viciado, profanador de imagem religiosa e decadente roqueiro – como diz o leitor – vira lúcido só porque proferiu algumas sandices contra as esquerdas.

    Por : Janer Cristaldo

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