sexta-feira, 31 de maio de 2013

Entre a cruz e a caldeirinha


Francisco Vianna
O estado sírio é apenas aparentemente laico, porque é formado por uma minoria religiosa alawita (ou alauíta) em contraposição a uma maioria sunita.
O fato da dinastia Al Assad "proteger" as outras minorias religiosas faz com que essas minorias sejam vistas pela maioria sunita como inimigas ou amigas de Damasco. Por isso a maioria dos cristãos (maronitas) já se mandou de lá e se estabeleceu no norte do Líbano onde, agora estão vivendo uma "paz tensa" entre a cruz e a caldeirinha, ou seja, entre a ameaça sunita do norte e a ameaça fundamentalista do Hezbollah do sul do Líbano.
O fato é que, mesmo posando de estado laico, a dinastia Assad se tornou aliada do Irã em seus propósitos antissemitas e antissionistas servindo de passagem facilitada pelo seu território de armas para a luta jihadista do Hezbollah contra o povo israelense.
Israel, por sua vez, prefere - e tem dito isso diversas vezes - a ditadura alauíta de Assad do que um regime imposto pela fundamentalista Irmandade Islâmica onde o Hezbollah teria um papel preponderante. 
Netaniahu tem dito também que, todavia, é muito mais fácil declarar uma guerra regular contra um país qualquer (no caso uma Síria fundamentalista islâmica) do que ficar combatendo assimetricamente grupos terroristas como faz com o próprio Hezbollah e o Hamas. 
É importante saber o que de fato há por trás dessa pretensa laiciedade do estado sírio. Não fosse o sectarismo disfarçado mas intenso dos alawitas no poder, al Assad já teria trazido para a mesa de negociação há muito tempo as principais lideranças sunitas para compor com elas um governo de algum consenso básico capaz de evitar a destruição em curso do país. 
A quem não interessa isso? Basicamente aos persas (iranianos). A Rússia entra como oportunista nesta estória e pode criar um barril de pólvora sírio com sinistros desdobramentos globais para o futuro deste pequeno planeta azul...
Um abraço,
Título e Texto: Francisco Vianna, 31-05-2013

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