Francisco Vianna
O estado sírio é apenas
aparentemente laico, porque é formado por uma minoria religiosa alawita (ou
alauíta) em contraposição a uma maioria sunita.
O fato da dinastia Al Assad
"proteger" as outras minorias religiosas faz com que essas minorias
sejam vistas pela maioria sunita como inimigas ou amigas de Damasco. Por isso a
maioria dos cristãos (maronitas) já se mandou de lá e se estabeleceu no norte
do Líbano onde, agora estão vivendo uma "paz tensa" entre a cruz e a
caldeirinha, ou seja, entre a ameaça sunita do norte e a ameaça fundamentalista
do Hezbollah do sul do Líbano.
O fato é que, mesmo posando de
estado laico, a dinastia Assad se tornou aliada do Irã em seus propósitos
antissemitas e antissionistas servindo de passagem facilitada pelo seu
território de armas para a luta jihadista do Hezbollah contra o povo
israelense.
Israel, por sua vez, prefere -
e tem dito isso diversas vezes - a ditadura alauíta de Assad do que um regime
imposto pela fundamentalista Irmandade Islâmica onde o Hezbollah teria um papel
preponderante.
Netaniahu tem dito também que,
todavia, é muito mais fácil declarar uma guerra regular contra um país qualquer
(no caso uma Síria fundamentalista islâmica) do que ficar combatendo
assimetricamente grupos terroristas como faz com o próprio Hezbollah e o
Hamas.
É importante saber o que de
fato há por trás dessa pretensa laiciedade do estado sírio. Não fosse o
sectarismo disfarçado mas intenso dos alawitas no poder, al Assad já teria
trazido para a mesa de negociação há muito tempo as principais lideranças
sunitas para compor com elas um governo de algum consenso básico capaz de
evitar a destruição em curso do país.
A quem não interessa isso?
Basicamente aos persas (iranianos). A Rússia entra como oportunista nesta
estória e pode criar um barril de pólvora sírio com sinistros desdobramentos
globais para o futuro deste pequeno planeta azul...
Um abraço,
Título e Texto: Francisco Vianna, 31-05-2013
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