Enquanto a Venezuela vai se
transformando socialmente numa Cuba e mergulhando no caudaloso e mal cheiroso
mar de miséria e pobreza que tipifica os regimes ditos “socialistas”, a
ilha-cárcere dos Castros procura desesperadamente se transformar numa Venezuela
sob o ponto de vista petroleiro, sem sucesso, contudo.
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A plataforma norueguesa Scarabeo 9, montada na China e alugada pelos russos, instalada ao largo de Havana em 2012. |
Para isso, Havana – desprovida
de tecnologia e capital estatal (uma vez que privado só estrangeiro) – vem a
tempos convidando uma série de empresas, preferentemente estatais, para
prospectarem ‘ouro negro’ em sua plataforma marítima peri-insular. Todavia,
para a frustração da ditadura Castro, até hoje, essas tentativas têm resultado
em nada que possa ter algum valor industrial, principalmente para essas
empresas, entre as quais se destacam as russas ZARUBEZHNEFT e GAZPROM, a
espanhola REPSOL, a venezuelana PDVSA, a PETRONAS, da Malásia, e a brasileira
PETROBRAS.
Quase todas já suspenderam
suas prospecções em torno da ilha, sendo que a última a levantar seu
equipamento de perfuração foi a russa ZARUBEZHNEFT, uma petroleira estatal que
prospectava ao largo do litoral norte de Cuba.
Tais fatos representam uma
frustração e uma desilusão para a ditadura cubana que sonhava prover sua
autossuficiência energética em pouco mais de dois anos e, assim, não ter que
depender do combustível altamente subsidiado fornecido pela Venezuela e até, em
escala bem menor, pelo Brasil.
A suspensão dos trabalhos da
Zarubezhneft marcou, na prática, o fim do único programa de exploração ativo
que ainda funcionava na ilha caribenha, que atualmente depende totalmente do
combustível fornecido pelo atribulado governo venezuelano do presidente Nicolás
Maduro, em detrimento da economia da própria Caracas.
A agência Reuters de notícias
relata que a estatal russa suspendeu seus trabalhos alegando “problemas
geológicos”, prometendo que retomará a prospecção em 2014... Disse ainda que a
saída dos russos das águas cubanas já era esperada, em função do vencimento
iminente do prazo no arrendamento da plataforma norueguesa que utilizavam e que
já foi arrendada a partir de julho por outra empresa.
Por outro lado, o Serviço de Geologia
dos EUA estimou que as águas territoriais cubanas têm “um potencial
significativo de petróleo convencional ainda não descoberto ou localizado” e
que se situa entre 4,6 e 9,3 bilhões de barris de óleo fóssil. Já as
autoridades cubanas elevam tais estimativas para algo em torno de 20 bilhões de
barris, o que, todavia, é considerado um exagero propagandístico de Havana.
"Esta é a segunda área geológica de Cuba que…
Parecia prometedora", disseram os russos da Zarubezhneft. Todavia, prospectar
petróleo exige “emprego de capital e mão de obra qualificada”, dois artigos que
são profundamente escassos não apenas em Cuba, mas em qualquer país socialista
e, por conseguinte, pobre.
Nos esforços de prospecção,
que começaram na última década envolvendo todas essas empresas citadas, a
espanhola REPSOL já enterrou na ilha cerca de 100 milhões de dólares desde o
início de 2012 com sua plataforma ‘SCARABEO 9’, especialmente construída na
China para evitar as restrições do embargo estadunidense, nas águas profundas
ao largo de Havana. A PETRONAS, da Malásia, a GAZPROM da Rússia e a PVDSA da
Venezuela, assim como a PETROBRAS do Brasil tampouco conseguiram encontrar
petróleo em escala industrial e cessaram suas atividades. No caso da Petrobras,
não se sabe ao certo quantos dólares a estatal brasileira já enterrou em Cuba.
O mercado considera provável
que os russos cumpram a sua promessa de retornar no ano que vem, porque o
governo do presidente Vladimir Putin tem se esforçado em melhorar suas relações
políticas e comerciais com antigos aliados de Moscou. E, na Rússia, para azar
do seu povo, as implicações político-ideológicas contam mais que os números do
mercado...
Salvo as preocupações
ambientais que as prospecções de petróleo em torno de Cuba provocam nos EUA
entre os ambientalistas e a indústria do turismo da Flórida, os que defendem o
levantamento do bloqueio econômico de Washington e a melhoria das relações
americanas com Havana também defendem que empresas americanas de prospecção
petrolíferas possam entrar nesse mercado potencial caribenho e eventualmente
levar uma fatia caso as já remotas esperanças de se encontrar petróleo na área
venham a se concretizar.
A verdade é que a situação
indica que, pelo menos por um punhado de anos, Cuba terá que continuar
dependendo dos 96.000 barris de petróleo que a Venezuela refina diariamente
para Havana e que representam cerca de dois terços do seu consumo.
Graças aos acordos altamente
vantajosos para Havana assinados pelo defunto Hugo Chávez, Cuba paga parte
desse combustível já subsidiado com salários altamente inflados que a Venezuela
paga aos 45.000 médicos-agentes ideológicos cubanos que “operam” no país
nortenho da América do Sul.
Maduro tem prometido a Cuba
que continuará com os subsídios, mas, como a produção de petróleo venezuelana
está em queda livre, refletindo o mesmo que ocorre em sua economia
“socialista”, há muita gente, não apenas entre os seus oposicionistas, mas
também entre os governistas, que está querendo muito acabar com esse ônus,
sendo mesmo que alguns analistas reconhecem que nisso está o principal
argumento – afora as acusações de fraude generalizada em sua eleição – daqueles
que querem a sua deposição.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia
internacional), 31-05-2013
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