Promotor de justiça argentino
acusa firalmente o irã de infiltrar agentes na américa latina visando atos
terroristas.
Almudena Calatrava
O promotor do Ministério
Público (La Fiscalía) argentino Alberto Nisman, que investiga o atentado a
bomba antissemita ocorrido em Buenos Aires em 1994 contra uma instituição
judaica, acusou formalmente na quarta-feira de ontem o Irã de ter infiltrado
agentes em vários países da América Latina e de estarem a instalar redes de
inteligência para cometer atentados terroristas na região.
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O que restou do prédio da
AMIA, em Buenos Aires, após o atentado a bomba de 2004 patrocinado e coordenado
pelo Irã.
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Estes novos detalhes da
investigação são pouco conhecidos e agora vêm à luz depois que o governo de
Cristina Fernández assinou um memorando conjunto de entendimento com o Irã para
"esclarecer" o atentado contra a AMIA e que tem sido duramente
questionado pela comunidade judaica local e por Israel.
Segundo o relato de Nisman, os
agentes iranianos já se infiltraram no Brasil, no Paraguai, no Uruguai, no
Chile, na Colômbia, na Guiana inglesa, em Trinidad y Tobago e no Suriname.
Cópias desse relatório foram remetidas às autoridades judiciais desses países
com o intuito de fazê-los atuar "como consequência", de modo, que
nenhum deles poderá alegar, no futuro, que "não sabiam" sobre o fato.
Nisman assinalou como principal responsável dessa operação Mohsen Rabbani,
ex-'conselheiro cultural' da embaixada do Irã em Buenos Aires, quando o citado
atentado contra a AMIA foi perpetrado, e no qual morreram 85 pessoas, além de centenas
de feridos.
Para Nisman, está provado que
o atentado contra a AMIA não foi um ato isolado de um grupo terrorista
qualquer, mas sim "parte de uma trama muito maior, na qual o papel de
Rabbani não se limitou apenas à Argentina, mas também se estendeu à Guiana, além
de ser ele o responsável pela coordenação de tais atividades em toda a América
do Sul".
Para provar isto, o relatório
exarado tomou por base "informes, diligências comprobatórias e
atuações" na Argentina, na região, na Europa e nos Estados Unidos.
"Pela primeira vez na
história judicial da Argentina e do mundo se coletou tamanha abundancia de
dados e evidências num único expediente judicial, dotando o documento de
crédito pelo diferentes passos levados adiante pelo... Irã, para infiltrar seus
agentes, desde há décadas, em vastas zonas da América latina mediante o
assentamento de bases clandestinas de inteligência e operacionais de modo que,
caso o regime de Teerã assim o decida, possam ser utilizados em atos
terroristas de agressão, seja diretamente ou através de seu apêndice
terrorista, o Hezbollah com base no sul do Líbano", assinala o relatório.
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O LÍDER? Assad Ahmad Barakat,
segundo os EUA, seria o comandante do Hezbollah na fronteira. Foi preso
pela PF em 2002 e extraditado para o Paraguai.
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Os iranianos são, além de
Rabbani, o atual Ministro da Defesa Ahmad Vahidi, o ex-presidente Ali
Rafsanjani, o ex-Ministro da Inteligência, Ali Fallahijan, o ex-chanceler, Ali
Akbar Velayati, o ex-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Moshen Rezai, o
embaixador iraniano na época do ataque à AMIA, Hadi Soleimanpour, e o terceiro
secretário da embaixada quando ocorreu o atentado, Ahmad Reza Ashgari.
A INTERPOL emitiu notificações
vermelhas (avisos de que sobre alguém pesa uma ordem de prisão) apenas para o
libanês e para cinco dos iranianos: Vahidi, Fallahijan, Rabbani, Asghari e
Rezai.
Nisman explicou que o
documento "fortalece com novos elementos de juízo a responsabilidade das
autoridades máximas do Irã no atentado contra a AMIA, dando especial ênfase no
papel que teve Rabbani, não só no ato terrorista em si, com também como
coordenador dessa penetração iraniana na América do Sul e muito especialmente
na Guiana através de seu discípulo iraniano Abdul Kadir". Kadir cumpre
pena de prisão perpétua por sua responsabilidade no frustrado atentado, de
2007, ao aeroporto John F. Kennedy de Nova Iorque.
Ao ser consultado sobre se
esse relatório sentencial poderá conspirar, por sua postura crítica direta ao
Irã, contra o acordo assinado há quatro meses pela Argentina e pelo país
islâmico para tentar 'esclarecer' o atentado à AMIA, Nisman disse que isso
"não lhe compete comentar". "Tenho que atuar como um promotor
público de justiça e o relatório sentencial, que assinei, não interfere com os
trâmites legais nem tampouco com as decisões do governo argentino, e por isso
pautei minha atuação no ponto de vista jurídico. Não tenho diálogo com o
governo sobre o acordo, tema que me é inteiramente alheio", destacou.
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O LÍDER? Assad Ahmad Barakat,
segundo os EUA, seria o comandante do Hezbollah na fronteira. Foi preso
pela PF em 2002 e extraditado para o Paraguai.
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Os líderes judaicos sustentam
que o Irã nunca permitiu no passado nem permitirá no futuro entregar cinco
iranianos à INTERPOL, os quais, conforme os termos do acordo, poderão ser
eventualmente interrogados pela justiça argentina em Teerã.
O presidente da AMIA,
Guillermo Borger, disse que o comunicado sentencial de Nisman "ratifica a
recusa da comunidade judaica argentina ao memorando" e desmascara o modus
operandi da república islâmica na região "tentando levar a acabo a exportação
ideológica do fundamentalismo islamita".
O "memorando de
entendimento" entre ambos os países, que foi ratificado recentemente pelo
Congresso argentino – com apoio dos governistas – e pelo governo iraniano, no
entanto, não começou ainda a vigorar.
Título e Texto: Almudena
Calatrava. Publicado na quarta-feira, ontem,
29 de maio de 2013, no jornal da Flórida em espanhol, “El Nuevo Herald”.
Tradução: Francisco Vianna
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