quinta-feira, 30 de maio de 2013

A ameaça islamofascista iraniana à América do Sul

Promotor de justiça argentino acusa firalmente o irã de infiltrar agentes na américa latina visando atos terroristas.
Almudena Calatrava
O promotor do Ministério Público (La Fiscalía) argentino Alberto Nisman, que investiga o atentado a bomba antissemita ocorrido em Buenos Aires em 1994 contra uma instituição judaica, acusou formalmente na quarta-feira de ontem o Irã de ter infiltrado agentes em vários países da América Latina e de estarem a instalar redes de inteligência para cometer atentados terroristas na região.

O que restou do prédio da AMIA, em Buenos Aires, após o atentado a bomba de 2004 patrocinado e coordenado pelo Irã.
O jurista portenho, que tem a seu cargo a causa judicial pelo ataque terrorista contra a sede da Associação Mutual Israelita da Argentina (AMIA) em Buenos Aires, acusou especificadamente, num relatório enviado à Casa Rosada, que o governo iraniano está empenhado atualmente em "infiltrar seus agentes a partir, principalmente, da Venezuela, em países de América Latina e instalar neles estações de inteligência clandestinas destinadas a cometer, fomentar e patrocinar atos de terrorismo internacional em consonância com seus postulados de exportação de sua revolução teocrática islamofascista". O promotor público apresentou seu relatório num encontro com jornalistas de vários meios de comunicação e destacou que o remeterá ao juiz da causa, Rodolfo Canicoba Corral.
Estes novos detalhes da investigação são pouco conhecidos e agora vêm à luz depois que o governo de Cristina Fernández assinou um memorando conjunto de entendimento com o Irã para "esclarecer" o atentado contra a AMIA e que tem sido duramente questionado pela comunidade judaica local e por Israel.
Segundo o relato de Nisman, os agentes iranianos já se infiltraram no Brasil, no Paraguai, no Uruguai, no Chile, na Colômbia, na Guiana inglesa, em Trinidad y Tobago e no Suriname. Cópias desse relatório foram remetidas às autoridades judiciais desses países com o intuito de fazê-los atuar "como consequência", de modo, que nenhum deles poderá alegar, no futuro, que "não sabiam" sobre o fato. Nisman assinalou como principal responsável dessa operação Mohsen Rabbani, ex-'conselheiro cultural' da embaixada do Irã em Buenos Aires, quando o citado atentado contra a AMIA foi perpetrado, e no qual morreram 85 pessoas, além de centenas de feridos.
Para Nisman, está provado que o atentado contra a AMIA não foi um ato isolado de um grupo terrorista qualquer, mas sim "parte de uma trama muito maior, na qual o papel de Rabbani não se limitou apenas à Argentina, mas também se estendeu à Guiana, além de ser ele o responsável pela coordenação de tais atividades em toda a América do Sul".
Para provar isto, o relatório exarado tomou por base "informes, diligências comprobatórias e atuações" na Argentina, na região, na Europa e nos Estados Unidos.
"Pela primeira vez na história judicial da Argentina e do mundo se coletou tamanha abundancia de dados e evidências num único expediente judicial, dotando o documento de crédito pelo diferentes passos levados adiante pelo... Irã, para infiltrar seus agentes, desde há décadas, em vastas zonas da América latina mediante o assentamento de bases clandestinas de inteligência e operacionais de modo que, caso o regime de Teerã assim o decida, possam ser utilizados em atos terroristas de agressão, seja diretamente ou através de seu apêndice terrorista, o Hezbollah com base no sul do Líbano", assinala o relatório.

NA LISTA NEGRA DA TRÍPLICE FRONTEIRA DO BRASIL - Chamas, um dos acusados, mantém um Alcorão (à esq.) na mesa de trabalho. De sua moto (acima), ele nega as acusações e pergunta: "Vocês acham que o Hezbollah precisa de comerciantes paraguaios?"
Para seu propósito, o Irã se vale de "organismos diplomáticos, associações culturais, de beneficência, e até religiosas" como plataforma ativista na América Latina. “A área brasileira da Tríplice Fronteira, com o Paraguai e a Argentina, é onde se situa a mais bem organizada dessas bases", segundo o promotor argentino. O jurista também disse que requereu a INTERPOL que "aumente a potência das medidas para conseguir a prisão de oito iranianos e um libanês que têm pedido de captura internacional por causa da AMIA”. O libanês é Samuel Salman Reda, que segundo o promotor, "se valeu de uma falsa cidadania colombiana" para ingressar na Argentina vários anos antes do atentado contra AMIA "sem despertar suspeitas e ocultando sua origem ligada ao Hezbollah, que hoje cobiça tomar todo o Líbano".

O LÍDER? Assad Ahmad Barakat, segundo os EUA, seria o comandante do Hezbollah na fronteira. Foi preso pela PF em 2002 e extraditado para o Paraguai.
Os iranianos são, além de Rabbani, o atual Ministro da Defesa Ahmad Vahidi, o ex-presidente Ali Rafsanjani, o ex-Ministro da Inteligência, Ali Fallahijan, o ex-chanceler, Ali Akbar Velayati, o ex-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Moshen Rezai, o embaixador iraniano na época do ataque à AMIA, Hadi Soleimanpour, e o terceiro secretário da embaixada quando ocorreu o atentado, Ahmad Reza Ashgari.
A INTERPOL emitiu notificações vermelhas (avisos de que sobre alguém pesa uma ordem de prisão) apenas para o libanês e para cinco dos iranianos: Vahidi, Fallahijan, Rabbani, Asghari e Rezai.
Nisman explicou que o documento "fortalece com novos elementos de juízo a responsabilidade das autoridades máximas do Irã no atentado contra a AMIA, dando especial ênfase no papel que teve Rabbani, não só no ato terrorista em si, com também como coordenador dessa penetração iraniana na América do Sul e muito especialmente na Guiana através de seu discípulo iraniano Abdul Kadir". Kadir cumpre pena de prisão perpétua por sua responsabilidade no frustrado atentado, de 2007, ao aeroporto John F. Kennedy de Nova Iorque.
Ao ser consultado sobre se esse relatório sentencial poderá conspirar, por sua postura crítica direta ao Irã, contra o acordo assinado há quatro meses pela Argentina e pelo país islâmico para tentar 'esclarecer' o atentado à AMIA, Nisman disse que isso "não lhe compete comentar". "Tenho que atuar como um promotor público de justiça e o relatório sentencial, que assinei, não interfere com os trâmites legais nem tampouco com as decisões do governo argentino, e por isso pautei minha atuação no ponto de vista jurídico. Não tenho diálogo com o governo sobre o acordo, tema que me é inteiramente alheio", destacou.

O LÍDER? Assad Ahmad Barakat, segundo os EUA, seria o comandante do Hezbollah na fronteira. Foi preso pela PF em 2002 e extraditado para o Paraguai.
O governo argentino defende o polêmico acordo com o argumento de que ‘ajudará a mobilizar uma causa que está paralisada’, enquanto a oposição e a extensa comunidade judaica argentina o considera um fruto de hesitação do governo com base em fatores ideológicos.
Os líderes judaicos sustentam que o Irã nunca permitiu no passado nem permitirá no futuro entregar cinco iranianos à INTERPOL, os quais, conforme os termos do acordo, poderão ser eventualmente interrogados pela justiça argentina em Teerã.
O presidente da AMIA, Guillermo Borger, disse que o comunicado sentencial de Nisman "ratifica a recusa da comunidade judaica argentina ao memorando" e desmascara o modus operandi da república islâmica na região "tentando levar a acabo a exportação ideológica do fundamentalismo islamita".
O "memorando de entendimento" entre ambos os países, que foi ratificado recentemente pelo Congresso argentino – com apoio dos governistas – e pelo governo iraniano, no entanto, não começou ainda a vigorar.
Título e Texto: Almudena Calatrava. Publicado na quarta-feira, ontem, 29 de maio de 2013, no jornal da Flórida em espanhol, “El Nuevo Herald”.
Tradução: Francisco Vianna

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