Ao assistir às ululantes
manifestações adornadas por saraivadas de insultos contra os titulares de
cargos políticos, atingindo-os a esmo, sem seleção nem critério, não posso
deixar de refletir o que levará alguém, com a sua vida organizada, a
sujeitar-se a tudo isto. Acredito que a cupidez pelo poder mobilize alguns,
como a inocência e o sentido do bem comum estimule outros. Até acredito que genéticas
inclinações para comportamentos de risco determinem alguns. Compreendo que as
frustrações coletivas irrompam neste tipo de atitudes grupais, em que o
uníssono coletivo injuria o Presidente da República, primeiro-ministro,
ministros e deputados. As excitações contagiam-se e o berro comum
desresponsabiliza todos os intervenientes no eco em que se traduz. É a lógica
das multidões.Mais difícil de perceber são posições assumidas por
individualidades com notoriedade no espaço mediático e decorrentes obrigações
na formação da denominada “opinião pública”. O que se ouve e lê em comentários e
entrevistas ultrapassa a crítica e atinge diretamente o coração do regime. Podemos
apodar quem nos governa de incompetentes – e há muitos –, de néscios – e alguns
encontraremos –, de pouco esclarecidos – e até os poderíamos enumerar – e de
outras observações e comentários contundentes e brutais. Mas daí até à ofensa à
honra, à difamação ou à calúnia vai um passo de gigante. E é precisamente esse
passo que pode empurrar o regime pelo precipício à beira do qual se vai
colocando. Além da inaceitável sobranceria de se pensar que aqueles que
elegemos são piores do que nós…
Título e Texto: José Luís Seixas, Destak,
29-05-2013
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