sexta-feira, 31 de maio de 2013

Os campos e os pijamas listrados


José Manuel
Pois é… mais uma semana se passou. Hoje, 31-05-2013, termina mais um mês e os personagens principais deste caos verde-amarelo devem, graças ao feriadão, estar passeando em algum resort famoso, gozando os seus salários milionários, à custa de uma parcela da sociedade que lhes paga para que resolvam os problemas que afligem essa mesma sociedade sofrida, indignada.
Lembrar daqueles que estão sofrendo? Nem um pouco, pois o importante é viver o momento, aproveitar ao máximo os prazeres que a Nação proporciona e, agora que chegaram lá, querem que a dita sociedade para quem são pagos para trabalhar, se extinga em doses homeopáticas, se possível, despercebidas.
São nada mais nada menos do que 323 dias, 7.752 horas e 465.120 minutos, após uma sentença favorável e continuamente gerando tempos de incertezas, dor, angústia, ansiedade, vendo o apocalipse de nossas vidas se aproximar inexoravelmente.
Em nossa idade, um minuto pode significar a diferença entre a morte e o continuar vivendo. Não se apercebem disto. Não lhes interessa.
Para esse tipo de gente, números terríveis como esses são apenas estatísticas e nada mais do que isso!
Os altos salários que recebem e a soberba dos postos que ocupam na política ou no funcionalismo, lhes extirparam a sensibilidade, que até talvez nunca tenham tido. Estão acima do bem e do mal.
Pode ser. O dia do juízo final o dirá.
Os assistidos do Aerus e aqueles que tiveram as suas esperanças surripiadas e nada receberam até hoje, vivem momentos dramáticos e situação análoga ao holocausto Judeu (1938/1945).
Análoga porque a extensão do tempo de duração é a mesma, 7 anos, (2006/2013), as perdas são as mesmas, a dignidade roubada é a mesma, a violência aos direitos humanos é a mesma, a indigência é a mesma e felizmente a única discrepância está no número de mortes e na falta dos pijamas.
A hipócrita diferença é que não nos colocaram em campos de concentração. Não foi necessário, foram espertos!
Estão fazendo com que vivenciemos os nossos campos de concentração particulares, sem responsabilidades terceiras. Isentos.
O fantasma cruel de Dachau, Treblinka, Auschwitz está cada dia que passa mais presente em nossas vidas, na forma das doenças que não podemos curar, na alimentação que não podemos usufruir, nas noites que não podemos dormir, na vida que não podemos desfrutar, nos entes queridos que se foram e na morte que nos ronda assustadoramente.
Nossos campos não têm câmaras de gás, até porque o descaso, a indiferença, as manobras sub-reptícias ao longo destes 7 anos, a injustiça flagrante, a irresponsabilidade cometida contra nós, se torna simbolicamente pior.
Pelo menos nas câmaras a morte é rápida e só se sofre uma vez.
Em nossos campos as nossas mortes são precedidas por um silêncio exasperante, um sofrimento homeopático, mórbido, desumano, horroroso!
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 67 anos e 50 de trabalho

Um comentário:

  1. Verdade Jose Manuel, e ainda rindo da nossa cara de "bobos da corte"!!!!!!! Bjs.
    Ilca Eras

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