Moscou atendeu a uma encomenda
de armas feita pelo exército sírio para que enviasse “o mais rápido possível”,
uma expressiva quantidade de armas de guerra suficiente para manter uma longa e
cansativa batalha contra os insurgentes na guerra civil que vitima o país. A
estatal russa exportadora de armas, a ROSOBORONEXPORT (Birô Russo de
Exportação), enviou cerca de vinte mil rifles Kalashnikov com 20 milhões de
cartuchos de munição, metralhadoras, lançadores de granadas, granadas de mão e
rifles com mira de visão noturna.
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Além da quantidade impressionante de civis mortos e refugiados, as cidades sírias estão devastadas por uma guerra civil de caráter religioso entre uma minoria alauita e uma maioria sunita. |
Quanto à Rússia, o envio de
armas e munições é mais do que apenas um “negócio” de exportação e representa
uma tentativa de reafirmar sua influência e papel hegemônico na região, que na
prática é como um convite às potências ocidentais a fazer o mesmo em favor dos
rebeldes que lutam contra o regime de Damasco. Se isso realmente ocorrer,
teremos um envolvimento bélico sem precedentes que poderá engolfar todo o
Oriente Médio num conflito não declarado onde os vendedores de armas têm
grandes chances de nunca receber de seus ‘clientes’ o respectivo pagamento, num
cenário em que a teocracia islamofascista do Irã a tudo assistirá com
indisfarçável satisfação, sem enviar um persa sequer para a luta ou uma arma
que seja para engrossar a carnificina.
Além do material bélico
convencional ‘exportado’ por Moscou, seguiram também as avançadas bases móveis
de lançamento de mísseis defensivos antiaéreos S-300, prometidos pelo governo
russo ao longo da semana passada.
Tudo isso ocorre em meio às
citadas expectativas de que uma conferência internacional conjunta, proposta
pelos EUA, possa levar a uma negociação capaz de por termo, politicamente, à
guerra civil síria. Tal conferência, no entanto, só existe no terreno das
hipóteses, uma vez que ainda não tem data para ser realizada e talvez não haja
interesse real das partes em levá-la adiante. Apesar de tudo, fala-se em
realizá-la até meados de julho, quando talvez já possa ser tarde demais para se
evitar uma ampliação perigosa do conflito, no qual a OTAN e os países
ocidentais relutam em participar diretamente, limitando-se a agir como a
Rússia, só que enviando armas e logística para os rebeldes insurgentes.
Líderes da oposição síria, por
sua vez, questionam quem os representaria nessa reunião ou mesmo se algum deles
compareceria a ela, embora, o governo sírio esteja dizendo, atraves de seu
Ministro do Exterior, que “compareceria a ela com a melhor das intenções”.
Entrementes, todos os lados envolvidos reavaliam suas perspectivas quanto ao
futuro do país e os rumos do próprio conflito fratricida.
Quanto ao Ocidente, a Grã-Bretanha
e a França estarão à vontade para armar os rebeldes sírios se assim desejarem,
enquanto lutam para levantar um embargo da União Europeia que expira na sexta-feira
de amanhã. O governo Obama, que por enquanto se mantém for a do fogo, está propenso
a começar a enviar ajuda letal para as forces de oposição ao regime de Assad.
Na vizinhança, o Qatar e a
Arábia Saudita, junto com alguns ricaços do Golfo Pérsico já gastaram milhões
em armas em prol de diversos grupos rebeldes.
O Irã começou a enviar
suprimentos na área de tecnologia, equipamento e pessoal especializado para
auxiliar o governo sírio, que conta também com a participação de um
considerável contingente do grupo terrorista do sul do Líbano, o Hezbollah, um
cliente do Irã e da Síria na luta contra Israel.
Todavia, nenhuma força externa
tem tido um envolvimento tão consistente na Síria como a Rússia, que tem
servido a Damasco como principal fornecedor de armas, como já havia feito
anteriormente com o governo do pai de Assad.
Obama tem dito que Assad deve
renunciar, e uma grande quantidade de autoridades americanas, em nome de
preocupações humanitárias, tem instado Moscou a ficar fora do caminho ao longo
do processo, ao invés de perigosamente, intervir nele e com isso proporcionar
uma ampliação do mesmo na região, com limites e consequências incalculáveis.
Título e Texto: Francisco
Vianna (da mídia internacional), 30-05-2013
Chefe do exército rebelde pede armas ao ocidente
Acho super irônico, a UE fornecer armas para os rebeldes e continuar a embagar o governo. A intenção da UE é absurdamente óbvia. Assad cai e quem sobe no poder? os Fanáticos Islamistas? antes um Assad do que esses terroristas fantoches.
ResponderExcluirO estado sírio é apenas aparentemente laico, porque é formado por uma minoria religiosa alawita (ou alauíta) em contraposição a uma maioria sunita.
ResponderExcluirO fato da dinastia Al Assad "proteger" as outras minorias religiosas faz com que essas minorias sejam vistas pela maioria sunita como inimigas ou amigas de Damasco. Por isso a maioria dos cristãos (maronitas) já se mandou de lá e se estabeleceu no norte do Líbano onde, agora estão vivendo uma "paz tensa" entre a cruz e a caldeirinha, ou seja, entre a ameaça sunita do norte e a ameaça fundamentalista do Hezbollah do sul do Líbano.
O fato é que, mesmo posando de estado laico, a dinastia Assad se tornou aliada do Irã em seus propósitos antissemitas e antissionistas servindo de passagem facilitada pelo seu território de armas para a luta jihadista do Hezbollah contra o povo israelense.
Israel, por sua vez, prefere - e tem dito isso diversas vezes - a ditadura alauíta de Assad do que um regime imposto pela fundamentalista Irmandade Islâmica onde o Hezbollah teria um papel preponderante.
Netaniahu tem dito também que, todavia, é muito mais fácil declarar uma guerra regular contra um país qualquer (no caso uma Síria fundamentalista islâmica) do que ficar combatendo assimetricamente grupos terroristas como faz com o próprio Hezbollah e o Hamas.
E´ importante saber o que de fato há por trás dessa pretensa laiciedade do estado sírio. Não fosse o sectarismo disfarçado mas intenso dos alawitas no poder, al Assad já teria trazido para a mesa de negociação há muito tempo as principais lideranças sunitas para compor com elas um governo de algum consenso básico capaz de evitar a destruição em curso do país.
A quem não interessa isso? Basicamente aos persas (iranianos). A Rússia entra como oportunista nesta estória e pode criar um barril de pólvora sírio com sinistros desdobramentos globais para o futuro deste pequeno planeta azul...
Um abraço,
Francisco Vianna