segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Como se vê a Justiça hoje?

Jonathas Filho
Nos primórdios das civilizações, os homens precisaram estabelecer normas e regulamentos para conviver em paz. Entenderam que era importante haver a estabilidade social para o maior e melhor desenvolvimento de um povo. Daí, nasceram vários códigos que datam de épocas remotas, há mais de 2.000 anos a.C. Um dos mais conhecidos é “O Código de Hamurabi”, de onde se extraiu a famosa Lei de Talião, do olho por olho e dente por dente.  

A estela com o código de Hamurabi
Aplicavam-se as leis sem dosimetria, sem considerar agravantes ou atenuantes e peremptoriamente, de maneira decisiva, na vertical, de cima para baixo... sem recursos.
Parece que então a situação continuou complicada pois, na realidade a aplicação da Lei não era justa nem imparcial.

Nasceu então uma instituição que hoje entende e aperfeiçoa as Leis, para decidi-las e aplicá-las com equidade nas conformidades estabelecidas. Criaram postos para a acusação, a defesa, e o júri, além do juiz. Criaram a figura da vítima, do réu e das testemunhas. Criaram as particularidades, as características, os melindres pertinentes aos fatos, evidências e/ou as provas. Criaram as jurisprudências, os tribunais, varas e as instâncias e a hierarquia judicial. Criaram os ritos e os autos dos processos. A esse imenso conjunto de atitudes jurídicas deram o nome de Justiça.

O exposto acima ainda é muito pouco para expressar o que na realidade é a Justiça... há muito mais a ser explanado mas, antigamente se via a Justiça assim.
Atualmente, dentro dos conceitos de equidade, todo e qualquer julgamento prevê que a acusação, a defesa e o juiz tenham todo o conhecimento intrínseco do inquérito juntado ao processo, para que cada um se utilize dos fatos, para apuração e reconhecimento de direitos e responsabilidades, referenciando-os à exposição pública e observação dos interessados. Para evitar que, na substituição de quaisquer dos componentes da defesa, da acusação ou do próprio Juiz ou até mesmo para ser reestudado uma situação que não ficou esclarecida, criou-se o pedido de vistas aos autos do processo, suspendendo o julgamento e dilatando o tal prazo.

A Justiça, numa sociedade democrática, evolui em consonância com a própria evolução social, atendendo circunstancialmente todos os pleitos, criando instrumentos para a manutenção constante da ordem e da igualdade na aplicação da Lei nos desvios de condutas.
Assim como o martelo ou malhete, foi criado um ícone representativo da Justiça com a imagem de uma deusa vendada com uma espada numa mão e uma balança na outra.


- A Mulher com a venda, representa a imparcialidade, demonstrando que todos são iguais perante a lei.
- A Balança representa o equilíbrio, o bom senso e a inexistência de desvios nas sentenças. 
- A Espada representa a força coercitiva e a coragem na aplicação da regra e a manutenção dessa ordem.

Observou-se que qualquer argumentação sem a BALANÇA para pesá-la (argumentos esses se aceitos ou não), corresponderá à brutalidade do uso da força. Todavia sem a ESPADA para sua aplicação rigorosa, demonstrará que é fraca, da mesma forma que sem a VENDA NOS OLHOS não lhe caracteriza como imparcial. Estes complementos dão forma e sentido à Justiça.
Como vemos a Justiça nesses nossos dias, após sete anos em que vemos os nossos pleitos relativos ao AERUS serem protelados devido a recursos mesmo depois de reconhecidas como justas e legítimas as nossas pretensões?

Nosso olhar interrogativo observa a passagem de tribunal em tribunal até que o Exmo. Juiz Jamil Rosa de Jesus Oliveira, da 14ª Vara Federal apreciou, concluiu e sentenciou em 13 de Julho de 2012 a União a pagar como Antecipação de Tutela a folha de pagamentos do Aerus, mas o Desembargador Federal Carlos Moreira Alves, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) concedeu efeito suspensivo ao agravo da União, pois, segundo o entendimento dele, houve risco de grave dano ou dano de difícil reparação para a União. Assim, a antecipação de tutela foi suspensa até o julgamento definitivo desse agravo ou decisão superior que a afaste.
É lamentável que o Judiciário não analise questões já decididas por instâncias superiores e o contexto social que será atingido pela decisão judicial, conforme publicado no blog do Escritório de Advocacia Castagna Maia, em 31-10-2012.

Muitos dos nossos colegas, participantes desse fundo de pensão, já tiveram os seus últimos momentos aqui nessa vida brasileira. Mais de 850 se foram sem ver os Direitos restabelecidos e aplicados. A fila está andando e por favor apresem-se a responder pois para alguns de nós, os últimos dias estão muito próximos.

Continua a interrogação: Como vemos a Justiça Brasileira nesses nossos dias se à toda instância “vencida”, somos submetidos a outro embargo, a pedidos de vistas e a outros óbices que são legais mas, será que são justos?
Segundo o Mestre Rui Barbosa, a Justiça atrasada não é Justiça; senão injustiça qualificada e manifesta.


A protelação e o descumprimento de uma obrigação podem gerar outros prejuízos que vão muito além da falta do dinheiro para o dia-a-dia, para os remédios, para os serviços médicos etc... Pode causar o descrédito, gerar a desconfiança, infundir a depressão, daí então criando passos largos para mais um óbito.
Título e Texto: Jonathas Filho, Comissário de Bordo das Cias. Aéreas Cruzeiro e Varig, é aposentado do Aerus, não é Bacharel em Direito mas é muito dedicado aos estudos de causas & efeitos. Imortal da ABM, 09-9-2013

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Um comentário:

  1. Hoje , vê-se a justiça brasileira exatamente como Camões : caolha ...

    Abração.

    Sidnei Oliveira
    Assistido Aerus RJ

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