sexta-feira, 15 de novembro de 2013

XV de Novembro

Proclamação da República, óleo sobre tela, 1893, Benedito Calixto
José Manuel
Muito para lá do que todos conhecem e que aconteceu neste dia em 1889, a proclamação da República Brasileira nos faz chegar a uma outra comemoração.
Esta, nós também não vamos mais esquecer e não vai estar em nenhum livro de história, porque estará marcada em nossas vidas e nas dos nossos dependentes, como uma mancha vergonhosa e indelével
É a proclamação oficial da nossa indigência.

Há três meses, nos foi oferecido pelo governo um formal de acordo em relação ao AERUS com toda a pompa que é de praxe a estes momentos.
De lá para cá, e parece que a palavra exata "formal", não era aquilo exatamente o que pensávamos, ou seja, uma proposta entre partes e devidamente consubstanciada por fatos  e sentenças jurídicas já conhecidas.
Evidentemente que o governo ao nos chamar para um acordo estava ciente de que será perdedor nas várias áreas em que foi sentenciado, e joga com um acordo para ter uma vantagem enorme nessa negociação.
Isto está claro.

Também  a esta altura ou três meses após, estão claros os objetivos a que se propuseram. Nos enrolar com promessas de toda a espécie, empurrando sempre as datas, com a finalidade precípua de não realizar nada este ano e postergar não se sabe para quando este crime contra pessoas idosas.
Esta semana mais dois candidatos à indigência, se foram, aumentando para 11 o número de pessoas falecidas desde o dito anúncio governamental.
Ao que tudo indica o "formal", com a troca de uma simples letra acabou sendo transformado naquele líquido tóxico que todos conhecem e que nos conserva em estado aparentemente normal.
Estamos literalmente sendo mantidos  pelo governo em uma substância de "formol  psiquiátrico", para que aos olhos da população pareçamos estar em estado íntegro.

Nos últimos seis meses, grupos de idosos já tomaram atitudes, desde invasões, a greves de fome, com avanços significativos nas negociações.
Hoje, pelo menos é público e através de Senadores que nos prestigiam, a opinião pública conhece a irresponsabilidade da União e o que estamos passando, fatos até então desconhecidos, enquanto se esperava pelo Judiciário, e não se tomou nenhuma atitude contundente.
Hoje nós temos uma proposta de acordo, oferecida nada mais, nada menos do que pela presidente desta República que hoje aniversaria. E não é pouco, pois é uma responsabilidade assumida pela mais alta mandatária deste país e tem que ser cobrada, com todas as forças de que dispomos.
Cada vez que nos acomodamos com novas perspetivas de realização, essa mensagem é entendida por eles como um passaporte à postergação.

Faltam, a partir de hoje exatamente 40 dias para o Natal e, preto no branco, ou tomamos uma atitude agora, ou não vai ter Natal, outros, quiçá nós, vão morrer e, possivelmente jamais vão fazer acordo, baseados que estão em nossas fragilidades, em nossas deficiências,  porquanto acham que estão lidando com velhos.
Mas eles se enganam, pois apesar da idade nem todos como eles acham, são velhos e a capacidade de reagir é forte e sobre-humana.
É claro que não vamos cometer incivilidades, que talvez seja isso que querem, para achar mais um bode expiatório para não nos pagar.
As incivilidades são protagonizadas por eles, os responsáveis pelo fato, a cada postergação da assinatura do acordo, não por nós.

Todos, com  lideranças ou não, têm o seu livre arbítrio para protestar da forma como quiserem.
Eu exerço a minha cidadania, dentro de uma civilidade que os incomoda, ou seja fazendo-os passar vergonha no cenário mundial.
Isto para eles e em um ano eleitoral pode significar a sua morte política.
É exatamente aqui que os podemos  fazer cumprir as suas promessas, porque se promessa é dívida vamos cobrá-las, custe o que custar.

Venho esperando  há um mês para iniciar uma terceira greve de fome e só ainda não a iniciei por estar respeitando o protocolo assumido inter-partes.
Mas o tempo está se estendendo em demasia, a minha paciência está se esgotando e quem não está respeitando o protocolo, são os responsáveis indicados pela presidente para o fazer.
Não admito de forma alguma que a minha indigência seja oficializada.
Aos que não concordam comigo, lamento, mas os meus 67 anos de vida, 55 de trabalho e contribuição com impostos ao país não me sinalizam para pensar de outra forma.
Aos que ficam em casa, que podem fazer algo, mas continuam achando que sou seu representante, a minha tristeza e o meu desapontamento.

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