segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Aposenticídio, um golpe que leva aposentados ao suicídio


Almir Papalardo
Antes de começar a soltar o verbo contra uma prática que vem lesionando meus direitos de cidadão, e que me está atravessado na garganta, quero fazer uma revelação pessoal. Daqui a dois meses estarei completando 81 anos de idade. É isso mesmo que vocês leram, 81 anos de idade. Uma confissão que, obrigatoriamente, num país sério, teria que fazer com que minha voz fosse ouvida, por ser um cidadão idoso, merecedor de todo respeito dos poderes públicos. E sou ainda um brasileiro que cumpre religiosamente seu dever de eleitor. Portanto, posso ainda reclamar! É um direito que ainda não me tomaram...

Seria uma fase da vida em que deveria estar tranqüilo, despreocupado, gozando o restante do tempo que ainda tenho para viver, garantido por uma legislação justa, que me desse estabilidade e segurança, por já ter honestamente cumprido toda minha missão no mercado trabalhista, com vultosas contribuições mensais ao INSS.

É, mas não estou não! Sinto-me angustiado, intranqüilo, desesperado, vendo meu benefício previdenciário ser manipulado levianamente, com cortes anuais indevidos, que o reduzirá dentro de pouco tempo a apenas UM salário mínimo. Aposentados que tinham seus benefícios na base de dez salários mínimos, hoje, com tal massacre, estão recebendo de aposentadoria apenas quatro salários mínimos.

Mas, não é culpa das atuais leis trabalhistas não. Elas existiam e foram criadas para proteger o trabalhador brasileiro, onde estão incluídos também, é lógico, os aposentados. Governantes incompetentes e indignos, inventando um fajuto déficit da Previdência, distorceram-nas, para poder lesar o velho trabalhador aposentado. E já adotam esse procedimento perverso há 17 anos.

Faltam-lhes senso de justiça, capacidade, patriotismo, sensibilidade e respeito ao cidadão, preferindo ficar no comodismo, pois são incapazes de criarem mecanismos que possam corrigir qualquer eventual problema existente nas contas da Previdência. Não podem abrir mão dos nefastos desvios da verba previdenciária, que usam para socorrer bancos, empreiteiras, montadoras, apadrinhados, robustecer bolsas benesses de todo tipo, empréstimos de verba e perdões de dívidas de outros países e por aí vai. Já desviaram da Previdência 3,5 trilhões de reais que jamais retornaram aos cofres da Previdência. Eu falei trilhões mesmo! E para o aposentado, nadica de nada...

Portanto, cerca de mais de nove milhões de aposentados, em vez de estarem vivendo seguros, tranquilos e em paz, enfrentam como punição uma cruel guerra desigual, em busca de igualdade que todos os cidadãos brasileiros, ativos e inativos, têm o direito de desfrutar. Assim preceitua a nossa Constituição Federal. Não queremos regalias, pois sabemos que não podemos competir com trabalhadores em atividade, mas também, não podemos aceitar, que nos tirem tudo o que construímos em 35 anos trabalhados. Nada nos deem, concordamos; mas também não tirem o pouco que ainda temos!
Queremos isonomia sim, entre todos os aposentados, não podendo admitir, que a Previdência, corrija as aposentadorias com dois índices diferentes! Qual é? Somos bodes expiatórios ou válvulas de escape para os apertos que os governos criam pela sua própria incompetência administrativa?

Com este Aposenticídio, essa perseguição cruel aos aposentados, lembra-nos muito o ex-senador Mão Santa - PMDB/PI (2007), que confirmava o suicídio já de vários aposentados que desesperados e descontrolados com as dificuldades financeiras que a cada ano mais se avolumavam, resolveram dar um fim à vida.

E não precisamos ir muito longe, lembremo-os que, recentemente, um amigo nosso, aposentado do Aerus, tentou praticar este ato tresloucado que não foi concluído com sucesso, felizmente, porque nosso bom Deus impediu que tal ato desesperado se consumasse...

Virá agora no início de outubro uma outra eleição, concorrendo onze candidatos para a presidência da república, quase vinte e cinco mil políticos para os diversos cargos e trinta e dois partidos políticos, onde não se escuta em campanhas ninguém pronunciar a palavra "aposentados", fazendo-nos cair na triste realidade de que somos realmente os eternos esquecidos, onde ninguém quer se lembrar de nós! Ignoram-nos pobres aposentados...
Título e Texto: Almir Papalardo, 04-08-2014

6 comentários:

  1. Grande Almir

    Antes de mais nada parabéns por MAIS UM brilhante texto. Se existisse uma ABLA, Associação Brasileira de Letras dos Aposentados, você com certeza seria incluído.
    Amigo, sou o aposentado do Aerus a quem você se referiu. Realmente há 8 meses eu cometi o gesto TRESLOUCADO de tentar acabar com a vida. Eu chegara ao limite. Não suportava mais viver. Não suportava mais as pessoas ( antrofobia ). Eu evitava sair de casa. Quando o fazia fugia das pessoas que conhecia. Uma vez cheguei ao cúmulo de me esconder atrás de um carro para não encontrar um vizinho. Tudo me fazia mal. Quando lia os jornais e apareciam matérias sobre os maiores canalhas atuais, Lula e Dilma, eu me sentia mal. Sentia nojo de tanta sordidez, de tantas mentiras, de tantas falcatruas. Quando chegava o fim do mês e recebia meus "salários" do Aerus/Inss eu confrontava seus valores com minhas despesas. Era um suplício. O dinheiro não chegaria sequer ao dia 20. A partir daí eu tinha que implorar ajuda de parentes. Isso era uma tortura inominável. Certo dia não suportei mais e decidi acabar com a vida. Ingeri duas caixas de comprimidos e JAMAIS vou entender o momento em que abri os olhos numa CTI e percebi que estava vivo. Odiei aquele momento.
    Hoje, oito meses depois, vejo a inexcedível besteira que iria fazer. Sabe o motivo? Recebi a notícia que serei ... VOVÔ !!!!!!!!! Sempre tive esse sonho e a esta altura da vida pensei que nunca seria realizado. VOU SER VOVÔ !!!!!!!!!! Ao receber a notícia vieram aos meus olhos as lágrimas mais lídimas e sinceras que derramei em toda a minha vida.
    E naquele momento pensei que, se tivesse consumado meu ato extremo, teria morrido sem a alegria de ver meu ... NETINHO !!! Que palavra LINDA ! NETO !!!!!!!!! Meu Deus, como descrever a alegria de ver teu filho ter um filho ?
    Agora é esperar contando as horas para que chegue logo o momento do nascimento. Faltam 3 meses ( meu filho só agora resolveu me contar, depois de 6 meses da gravidez) e eu estou com vontade de ir HOJE para a maternidade. Nunca senti tanta ansiedade em minha vida.
    O que tenho a fazer é agradecer a Deus por não ter permitido que meu gesto tresloucado se concretizasse e prometer que jamais tentarei novamente acabar com minha vida.
    Como fazer tal loucura se daqui a 3 meses terei meu netinho GUILHERME em meus braços. Caramba, só em escrever o nome dele meus olhos se encheram de lágrimas, que garanto serem de novo as mais verdadeiras e sinceras deste " velho babão ".

    Que Deus abençoe a todos,

    Rubens de Freitas, o VOVÔ orgulhoso !!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Rubens, vovô, parabéns, amigo. A justiça divina não falha nunca. Estou feliz por você ( apesar de todos os pesares pelos quais estamos passando ). Mas, venceremos, pode acreditar. Amanhã será outro dia. Do alto dos meus 67 anos, dos quais 34 foram dedicados à Varig - desejo-lhe muitas alegrias e vida longa. GUILHERME ESTÁ CHEGANDO !!!! Um abraço fraterno, João Sobreira Rocha, de Goiânia

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    1. Querido amigo João Sobreira, não tenho como agradecer suas LINDAS palavras. São pessoas como você que me fazem ter ânimo e esperança de dias melhores.
      Você usou uma palavra mágica : VENCEREMOS ! Vou usá-la como mantra e repeti-la à exaustão até que a justiça seja feita.
      Amigo, lembro-me de ter lido um lindo texto seu no site do Apoaerus. Você tem um enorme talento para escrever e deveria fazer isso com mais frequência.
      Por que não pede autorização para nosso amigo Jim Pereira para usar este espaço e escrever as coisas lindas que poucos sabem fazer como você? Acho que o Jim não iria se opor pois ele é um dos incentivadores das coisas belas da vida.
      Um forte abraço, querido amigo, e que Deus te abençoe,

      P.s - meu e-mail é rubens_de_freitas@hotmail.com. Gostaria de receber notícias suas com mais frequência. Caso você queira me enviar e-mail vou ficar muito feliz.

      Rubens de Freitas

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  3. Meu prezado amigo Rubens de Freitas: Fiquei feliz ao deparar-me com sua explícita e bem redigida mensagem, em resposta ao meu artigo. Isto mostra graças a Deus que você agora está com alto astral, recuperando-se daquele momento de desespero e descontrole. E acima de tudo, está radiante pela expectativa nova de ser Avô. É isso mesmo meu amigo, enquanto homens com poderes de decisão nos fecham uma porta, Deus, na sua infinita bondade, compensando-nos, nos abre uma outra porta. Que Deus lhe abençoe amigo, por ter recuperado a razão e proteja o seu futuro netinho Guilherme, que passará agora a ser o motivo principal de sua existência. É de fato sublime sermos Vovô". Felicidade em dobro terás, quando ver seu netinho já andando, correr de braços levantados para você, pedindo-lhe colo, exclamando com meiguice: ...-Vovô-! Tenho duas belas netas, agora já moças, que sempre foram meu motivo de orgulho. Felicidades para você, para toda a sua família e, principalmente, para o seu querido netinho.
    Almir Papalardo.
    Em tempo: Peço-lhe permissão para enviar o seu comentário juntamente com o meu artigo "Aposentícidio, ......", para todos os meus contatos e também para os "Direitos Humanos Internacional";

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  4. Meu querido amigo Almir

    Precisava fazer esse " velho babão " se emocionar tanto ? kkkkkkk Também, como não se emocionar ao ler tuas lindas palavras? Você me fez imaginar o momento de meu neto " correr de braços levantados pra mim, pedindo-me colo e exclamando com meiguice " VOVÔ". Vai ser uma alegria indescritível.. Obrigado, amigo, por dar asas à minha imaginação.
    Claro que você pode fazer uso de meus comentários, sem nenhum problema.

    ERRATA : eu escrevi no texto anterior ABLA como se fosse Associação Brasileira de Letras dos Aposentados. Na verdade eu quis dizer ACADEMIA, fazendo uma analogia com a Academia Brasileira de Letras.

    Um abração e fique com Deus.

    Rubens de Freitas

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  5. Quem está no poder, é o povo. São nossos representantes.

    Perguntado, em 1979, por um garoto, sobre o que faria se seu pai ganhasse o salário mínimo o Presidente Figueiredo respondeu. "Eu dava um tiro na cuca.
    Porque não fizeram alguma coisa com o salario mínimo e a Previdência não eram ditadores?
    Janda
    Não fi-lo porquê não quilo... como diria o outro Jânio Quadros.

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