O PSB oficializou nesta
quarta-feira a candidatura de Marina Silva à Presidência da República, tendo o
deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) como vice. Para não variar, tudo está sendo
feito de acordo com as exigências de… Marina. O partido que a recebeu já foi
transformado em mero hospedeiro. Ela não está nem aí para a legenda que a
abrigou. Pois é… Eu sempre disse que seria assim. Vamos ver?
1: Marina disse há quatro dias
que acataria os acordos regionais feitos por Eduardo Campos. Isso não vale
mais: ela só vai subir em palanques em que todos os partidos pertençam à
coligação nacional. Isso exclui São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio.
2: O comando do PSB afirmou
que Marina assinaria uma carta de compromisso mantendo os fundamentos do
programa que Campos queria para o país. Marina já deixou claro que não assina
nada.
3: O PSB tinha o comando da
campanha de Eduardo Campos, que estava a cargo de Carlos Siqueira. Marina
resolveu dividir a função com o deputado federal marineiro Walter Feldman (SP).
Na prática, todo mundo sabe, Siqueira foi destituído.
Vale dizer: Marina está, como
sempre, fazendo tudo o que quer, do modo que quer, na hora em que quer. Para
alguma melancolia deste escriba, acabo de ouvir na TV uma jornalista a dizer
que isso só prova a… “coerência” de Marina. É mesmo, é? Entre a burrice e a
desinformação, acuso as duas.
Feldman, agora seu
braço-direito, é um portento da “nova política” que Marina diz abraçar. Foi secretário
do governador Mário Covas e dos prefeitos José Serra e Gilberto Kassab. Só não
se tornou secretário de Saúde do então prefeito Paulo Maluf porque Covas não
deixou. Saiu do PSDB atirando contra o governador Alckmin e voltou tempos
depois, fazendo uma espécie de mea-culpa. Durou pouco a fidelidade. Ainda como
deputado tucano, juntou-se aos marineiros e passou a comandar a resistência a
qualquer acordo com o PSDB em São Paulo. Não se trata de uma sequência para
depreciá-lo. Trata-se apenas de fatos.
É claro que Feldman vai atuar
contra a candidatura de Alckmin à reeleição. Até aí, tudo bem, né? Faça o que
quiser. Ocorre que o candidato a vice na chapa do governador é o deputado
Márcio França, do PSB, partido ao qual, formalmente ao menos, Marina e seu
coordenador pertencem. Aliás, depois de Campos, França era a liderança de maior
expressão nacional da legenda, que tem uma grande chance de ocupar um posto
político importantíssimo no Estado mais rico do país e com o maior eleitorado.
Se Marina já deixou claro que
não vai respeitar os acordos firmados por Campos, ainda que esteja ocupando o
seu lugar, por que ela respeitaria o programa do PSB caso se eleja presidente
da República? A minha tarefa é fazer a pergunta. A dela é cuidar da resposta.
A vespa se aproxima da
Joaninha inocente; o objetivo é injetar um ovo em seu abdômen sem que a coitadinha
perceba. Nem dói…
|
Olhem aqui. No dia 19 de
dezembro de 2013, escrevi um post em que comparava Marina a certa vespa que usa
outros insetos, especialmente a joaninha — ainda viva — para depositar seu ovo.
A estrovenga é injetada diretamente no abdômen da vítima, que carrega, então, a
larva até que uma nova vespa venha à luz. Quando esta nasce, o hospedeiro
morre. O nome disso é “parasitoidismo”, que é diferente do parasitismo, que não
mata o hospedeiro. Há oito meses, portanto, com Campos ainda vivo, afirmei que
era precisamente isso o que Marina faria com o PSB. Como eu sabia? A partir de
determinado momento, ela tentou ser um parasistoide do PT, com agenda própria.
Foi repelida. Buscou fazer o mesmo com o PV. Foi repelida outra vez — e sua
grande votação não levou a um aumento da bancada da legenda. Era o partido do
“Eu-Sozinha”. Terminada a eleição, tentou tomar a direção dos Verdes. Não
conseguiu e saiu para fundar a Rede. Agora, no caso do PSB, não sei, não,
parece que o ovo foi parar no abdômen da legenda.
Depois de algum tempo, a
Joaninha passa a carregar a estrovenga, como um zumbi, uma morta-viva. Assim
que a nova vespa nascer, a hospedeira morre… para valer
|
Ganhe Marina a eleição ou não, tão logo ela migre para a sua Rede, o PSB será menor do que era antes da sua entrada. Na nova legenda, aí sim, ela será, como sempre quis, em sua infinita humildade, Igreja e Estado ao mesmo tempo; rainha e autoridade teológica. E sempre cercada de fanáticos religiosos, com diploma universitário.
Título, Imagens e Texto: Reinaldo Azevedo, 21-08-2014
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