Maria Lucia Victor Barbosa
O PT, cuja essência é
autoritária, sempre requereu para si o monopólio do poder, da virtude e da
verdade. Logrou ascender ao cargo mais alto da República na quarta vez depois
da escalada persistente de Luís Inácio da Silva, cuja imagem cuidadosamente
construída simbolizou o proletário para estar de acordo com a teoria de classes
de Karl Marx. Ele nunca foi um proletário – homem pobre com família numerosa
que só tem por bens sua prole – e sim, por breve tempo, esteve entre os
metalúrgicos que compõem a elite do operariado.
Conquistado o poder o PT se
desfez do monopólio da virtude, pois se no Brasil a corrupção é histórica e
endêmica, a militância petista dos altos cargos transformou seu partido no mais
corrupto de toda nossa história.
Quanto ao monopólio da verdade
evidenciou-se na prática ao contrário, ou seja, da propaganda enganosa às
contabilidades criativas o governo do PT fez da mentira sua arma de sustentação
e manutenção no poder. Nesta linha de conduta os petistas abusaram do
contraditório, contradizendo o que antes afirmavam como o próprio Luís Inácio
que se disse uma metamorfose ambulante.
Além do mais, petistas nunca
erram sendo os outros são sempre os culpados. Em outra estratégia o governo
dividiu para governar estimulando o ódio entre ricos e pobres e, num esdrúxulo
recorte da luta de classes promoveu o embate entre brancos e negros,
heterossexuais e homossexuais.
Na recente campanha que
terminou com uma pequena diferença a favor de Rousseff a exacerbação da
mentira teve contornos sórdidos e logrou transformar primeiro, Marina, depois
Aécio, em monstros perniciosos que ao lado dos banqueiros matariam os
coitadinhos dos pobres de fome e lhes tiraria todos os benefícios presenteados
pelo pai Lula. Marina seria a vacilante, a homofóbica. Aécio o bêbado que batia
em mulher. Essas e outras sandices eram difundidas incessantemente na
propaganda eleitoral gratuita, em palanques onde Rousseff “fez o diabo” e Luís
Inácio parecia necessitado de um exorcismo. Conforme a revista Veja, odiada por
Lula e demais companheiros: “o PT distorceu fatos, falsificou a história e
manipulou eleitoralmente a divulgação de informações, jogando o nível da
disputa na lama”.
No seu discurso após ser
reeleita, Rousseff lançou Luís Inácio ao chamá-lo duas vezes de presidente. Portanto,
nem bem terminou uma campanha outra já começou como demonstração do projeto que
visa à continuidade do PT no poder. Contudo, seria interessante considerar
alguns fatos:
1º - Luís Inácio perdeu feio
no seu berço político, São Paulo, onde não logrou eleger o terceiro poste.
Perdeu no Rio de Janeiro, no Sul e em vários Estados. Seu partido, ainda que
continue forte, perdeu deputados, senadores, governadores.
2º - O primeiro mandato da
criatura, arrasador para a economia, tende a piorar neste segundo com aumento
da inflação, da inadimplência, da queda da renda, do desemprego e do
crescimento zero.
3º - O PT tanto utilizou o
ódio como ferramenta de divisão social que conseguiu implantar esse sentimento
na sociedade. Isto apareceu de modo inequívoco no comportamento antipetista que
se alastrou praticamente pela metade dos eleitores durante a campanha, de modo
nunca havido e que tende a continuar.
4º - O projeto golpista do
governo de criação de comitês populares ou sovietes foi derrubado na Câmara,
enquanto vai se armando no Congresso uma oposição que inclui parte do PMDB.
5º - Partidos estão se
engalfinhando por ministérios e demais cargos e vai ser difícil contentar a
todos, a menos que Rousseff acrescente mais ministérios aos 39 já
existentes com as devidas repercussões negativas para os cofres públicos.
Disto se deduz que Luís Inácio
e seu partido nunca enfrentaram tantas dificuldades. Entretanto, não se pode
subestimar poderio petista. Para enfrentá-lo seria necessário o surgimento de lideranças parlamentares de fato oposicionistas e a manutenção da lucidez
antipetista na sociedade
Se tal não acontecer e o
governo dominar o STF nos moldes bolivarianos, domesticar o Congresso e a
sociedade não reagir, a ditadura da militância se instalará de vez através de
uma constituição feita à sua imagem e semelhança, da censura aos meios de
comunicação, de outras medidas autoritárias que implantem a sonhada democracia
de massas. Ainda é tempo de não virarmos uma Venezuela e sistemas congêneres da
América Latina. Todavia o perigo existe porque os embriões da falsa democracia
já estão plantados no Brasil.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, Socióloga,
4-11-2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-