quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Perigos da religião...

Valdemar Habitzreuter
É altamente louvável a pessoa que segue uma doutrina religiosa para edificar-se ética e moralmente e conviver com o próximo em paz e harmonia. A força que a impele a fazer isto está calcada na ideia de um Ser Supremo – DEUS – de infinito amor atraindo o ser humano a ser bom e disseminar o bem entre os homens. 

Praticar uma religião, portanto, tem como objetivo praticar o amor. O perigo está quando adeptos de alguma religião desvirtuam a ideia de um Deus de amor e alimentam a ideia de violência e ódio, disseminando desgraças no seio da humanidade. 
Alá, o Deus dos muçulmanos, é a ideia de um Deus de amor e não de ódio, mas muitos de seus adeptos confundem amor com ódio... Na Idade Média verificou-se isto também no cristianismo.

Os que se julgam possuidores de uma única religião verdadeira e não toleram outras é sinal de que não praticam sua própria suposta religião verdadeira.

Assim, ter a ideia de um Ser Supremo não é passaporte para se erigir doutrinas de amor e paz perpétua. Os fundadores das religiões, altamente intuitivos e voltados para o bem, fundamentaram suas doutrinas na ideia da existência de um Ser Supremo que é todo amor – Deus.

Mas, ter uma ideia significa isto que existe concretamente o ideado? Esse Deus de amor existe ou apenas é uma ideia que alimentamos nas nossas mentes?

O que se verifica é que a fragilidade das religiões reside no conceito abstrato de Deus. Este conceito dá margem a distorções, pois é um conceito vazio sem fundamentação empírica e sensível, daí as diversas práticas religiosas tentando colocar conteúdo neste conceito abstrato.

 A ideia de um Deus de amor só é propícia quando tem a força de congregar a todos num objetivo comum: a paz entre os homens. Mas quando esta força não é capaz de produzir a paz, a ideia desse Deus passa a ser concebida como uma força reacionária – a ideia de um Deus irado e intolerante. Os adeptos dessa ideia justificam seus atos de violência com base nessa concepção.

As diferentes idiossincrasias religiosas são muitas vezes, causa de violência, acusando-se mutuamente por falsas orientações para o alcance da paz e, ao mesmo tempo, proclamando-se de posse do verdadeiro caminho a trilhar. E isto proporciona a intolerância religiosa descambando em atos terroristas aos quais assistimos nesta semana na França. Eis o perigo da religião. 
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 8-1-2015

Um comentário:

  1. Como sempre Waldemar você redige muito bem, e encontra ainda fatos na história para conceituar as religiões que chama umas as outras de seitas.
    O conceito abstrato do UNO é que denuncia as más práticas desse ou daquele sacerdócio, ou pastorado ou bispado, pouco importa.
    A PAZ é empírica, seu símbolo é um dos mais nefastos animais da natureza, capaz de transmitir mais de 83 doenças.
    Eu imagino os primórdios dos humanos, quando o mais forte era líder.
    Depois um mais fraco valeu-se das gangues para usurpar o poder.
    Depois o homem fez exércitos para ampliar seus domínios.
    Porém nesses entremeios, alguém mais fraco ainda com o dom da palavra e de suposta magia, começa a dominar soberanos, e povos e mais povos.
    Temiam-se muito mais os pajés que os caciques.
    A eles foi determinado o contar estórias das origens humanas.
    A religião virou desculpa para grandes conquistas.
    Encerro, escrevendo pouco porque não quero fazer apologias contra os religiosos.
    Ele que leiam Epicuro, Sócrates e Platão, e que chamem Nietzsche de ignorante.
    Bravo texto

    ResponderExcluir

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-