sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Trágica mansidão

JM Ferreira de Almeida
Um país que não se interroga sobre o que justifica ou o que move o presidente do sindicato dos trabalhadores dos impostos na defesa do diploma, hoje vetado pelo PR, sobre a quebra do sigilo bancário, é uma sociedade que se conforma com tudo o que os poderes lhe infligem.

Pensava eu que não passava despercebido a ninguém que os sindicatos, ainda que nalguns casos constituam consabidamente a infantaria do PC, veem juridicamente limitada a sua ação pela defesa dos interesses profissionais dos seus associados. Ou seja, está-lhes vedado o envolvimento no exercício da função política designadamente quando querem condicionar o legislador em matéria que nada tem que ver com direitos e deveres laborais. Mas não é assim, e o Senhor Ralha é sempre solicitado pelos media para opinar sobre a bondade da opção do legislador em matérias constitucionalmente reservadas à Assembleia da República e em domínios que têm que ver, e só, com o sistema fiscal. Não emite opinião como cidadão, tendo naturalmente direito a ela e a exprimi-la. Fá-lo em nome e representação dos trabalhadores da AT. Como em nome dos funcionários dos impostos fala sobre a moral e a ética no exercício das funções pelos governantes, como aconteceu com o secretário de estado do governo anterior que acusou de delito grave, ou do atual secretário de Estado Rocha Andrade que absolveu no caso da aceitação do convite da GALP para assistir a jogo de futebol.


Este desvelo pela devassa do capitão do sindicato dos trabalhadores dos impostos - cuja representatividade efetiva se desconhece, mas que calculo que surpreenderia muitos se fosse revelada -, faz refletir sobre o que realmente move os dirigentes sindicais nesta campanha pelo acesso quase incondicionado de funcionários da AT às contas bancárias dos contribuintes. Mas faz também pensar no que pode explicar a atração dos media por esta e outras criaturas, sem que a estes ocorra que reais interesses os fazem defender o que defendem.
Título e Texto: JM Ferreira de Almeida, 4R – Quarta República, 30-9-2016

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A denúncia contra a Fiscal do Galeão alcança três milhões de pessoas!


No momento em que digito estas palavras o post atingiu o impressionante número de 1 285 879 visualizações, isto é, 1 285 879 pessoas leram (aqui) a denúncia de Mariana Cavalcante. Claro, para o nosso blogue esse recorde de acessos é indizível.

Sim, é evidente, estamos muito satisfeitos com esses números, que ajudaram de forma extraordinária a divulgar a denúncia de Mariana Cavalcante. Quase orgulhosos estamos, porque acreditamos ter sido os primeiros a blogar essa denúncia.

Se nós, aqui do blogue, tivemos esse extraordinário número de acessos, acrescentemos os compartilhamentos em milhares de perfis do Facebook, repasses via e-mail e desde ontem mais alguns blogues… é fácil imaginar que o alcance da denúncia já tenha chegado a algo como três milhões de pessoas!

Não temos memória de alguma denúncia originária do Facebook ou de blogues (incluindo-nos) que tenha tocado tanta gente, no Brasil e no Exterior.

Ficamos com a conclusão de que o comportamento da denunciada fiscal da Alfândega do AIRJ – que teve centenas de (des)casos relatados – reflete uma ‘normalidade’ de recepção dos agentes alfandegários em todo o país. ‘Normalidade’ essa engasgada em milhões de viajantes brasileiros.

Oxalá Mariana Cavalcante tenha sido a primeira a chutar o pau da barraca!


JP 

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Propaganda amadora


Jorge Coelho, um suposto senador da república e muito bem pago pela SIC Noticias, a debitar propaganda geringonça, ainda por cima falsa. Quantos não andarão assim nos meios de comunicação social?  
Imagem e Texto: Nuno Gouveia, 31 da Armada, 30-9-2016

Sabe António Costa o que está a fazer?

Rui Ramos
Para onde nos leva António Costa? Este é o primeiro governo em Portugal sem nenhuma ideia, sem nenhuma direcção, sem uma razão de ser, a não ser a dos egoísmos partidários que o formaram.

Se há uma coisa que este governo e a sua maioria fizeram crescer em Portugal, foi a incerteza. Alguém, neste momento, sabe ao certo se a economia cresce mais ou menos do que antes? Se pagamos mais ou menos impostos? Quase todos os dias, algum relatório traz mais um número para atear dúvidas. É o mundo ideal para os fact checkers. Mas erraria quem pensasse que vivemos apenas um caso agudo de discórdia estatística. A incerteza não vem apenas da possibilidade de interpretar percentagens e especular com casas decimais, mas da profunda perturbação do regime político, em que toda a oligarquia faz grandes esforços para não reparar.


O regime português tinha, entre outras, estas duas regras: a primeira dizia que o governo de um Portugal integrado na zona Euro devia assentar em forças políticas identificadas com o projecto da integração europeia, e os valores que esse projecto representa; a segunda estabelecia que nenhum partido chefiaria um governo se não tivesse o primeiro lugar nas eleições. Foi assim durante quase 40 anos. Deixou de ser assim o ano passado, quando António Costa, derrotado nas eleições, salvou a sua carreira política entregando-se nas mãos de partidos que sempre combateram o regime tal como se desenvolveu desde 1976, opondo-se a todas as revisões constitucionais e à integração europeia. O regime continuou, claro. Mas sem essas regras, deixou de se perceber o seu caminho. Qual é a direcção? A do PS, que promoveu a integração europeia, ou a do PCP e BE, que sempre a combateram? Para que serve o governo? Para cumprir as regras do Tratado Orçamental, que o PS subscreveu, ou para romper com o Tratado Orçamental, contra o qual o PCP e o BE votaram? Poder-me-ão dizer: bem, o PS governa, logo é a orientação do PS que predomina. Mas ao violar a segunda regra, António Costa depende completamente do PCP e do BE, que todos os dias exibem a sua influência. Para onde vamos?

O aplauso da morte

Rui Verde


As notícias das execuções extrajudiciais levadas a cabo a sangue-frio em Viana e reportadas pelo Maka Angola foram recebidas com satisfação por parte da população.

Uns escreveram: “Irmãos, creio que esses bandidos que foram mortos também já tiraram Vida dos outros, só pagaram o que haviam cometido ao longo das suas caminhadas”. Outros: “Quem com ferro fere, com faca será ferido. É a lei da vida.” Ou ainda: “Estes indivíduos não merecem viver, não podemos desejar a morte de algum, mas estes caras devem morrer porque deus disse toda árvore que não dá boa fruta seja cortada.” (sic). Estes são alguns dos comentários à notícia.

No Maka Angola defende-se com veemência a liberdade de expressão, quer para defender as nossas posições, quer para discordar delas, e por isso não se oblitera a opinião de vários sectores da população que aplaudem as execuções levadas a cabo pela Polícia. Mas isto não significa que se concorde com essas opiniões. Elas representam um perigo de morte para todos nós, e demonstram que um governo que não cuida da economia, da educação e da saúde só merece aplauso quando mata os seus concidadãos. Isto é trágico.

O que distingue a civilização da barbárie é a existência de um modo de fazer as coisas segundo regras aceites. Antigamente, se uma pessoa matava outra, competia à família desta vingar-se e ir matar outra pessoa da primeira família. Estas atitudes desencadeavam uma espiral de violência que terminava na razia de aldeias e em centenas de mortos inocentes. Não havia regras. Era a força bruta. Ganhava o mais forte, o mais selvagem. A vida era, como escrevia o filósofo inglês Hobbes, brutal, curta, suja e desagradável. Nunca se sabia quando estaria alguém numa esquina com uma faca para nos matar, os nossos filhos eram trucidados na guerra, e as nossas filhas sistematicamente violadas.

Os dois dias de silêncio e reflexão eleitoral podem alterar resultados das pesquisas anteriores. Técnicas de abordagem e não de panfletagem


Cesar Maia
           
1. Em vários países, a lei eleitoral proíbe qualquer tipo de propaganda ou campanha três dias antes das eleições. Aqui mesmo, na América Latina, são os casos do Chile e do Peru, entre outros.
               
2. No Brasil, embora sem a abrangência da lei de vários países, nesta eleição de 2016, viveremos um processo semelhante. A lei brasileira, de 2015, ao proibir propaganda eleitoral nas ruas, construiu, de certa maneira, um cenário público de reflexão e silêncio eleitorais.
               
3. Com isso, coube às inserções e programas, através das TVs e das Rádios, ocupar quase plenamente os espaços públicos de propaganda eleitoral. Quinta-feira é o último dia de propaganda via TVs e Rádios, assim como último dia de debates nos meios de comunicação (que antes terminavam na sexta-feira).
               
4. Dessa forma, a partir desta sexta e deste sábado, teremos uma espécie de “lei” de fato, de silêncio e reflexão. O eleitor, em sua casa, será certamente impactado por esta nova situação. E no caso específico de 2016, esse impacto do silêncio e da reflexão será ainda maior pela proporção dos eleitores que afirmam que ainda poderiam mudar o seu voto.
                
5. Na Cidade do Rio de Janeiro essa proporção alcança 40%, segundo o Datafolha. Com a interrupção das inserções e programas nas TVs e nas Rádios, a sensação do eleitor é que esses 2 dias servirão para, mais que avaliar, decidir seu voto. No Rio, o candidato que lidera as pesquisas com 30% das intenções de voto, mesmo que seja afetado, não o será sobre a sua presença no segundo turno.

O fim de um partido?

Paulo Tunhas
O manifesto radical de Michael Foot, em 1983, foi descrito como “o mais longo bilhete de suicídio da história”. Corbyn levou a coisa a outro patamar e o seu destino arrisca-se a não ser muito longo.

Entretidos que andamos com as desgraças caseiras e com as eleições americanas, ninguém parece dar muita importância ao que se passa no Partido Trabalhista. A Inglaterra, por estes dias, resume-se na comunicação social portuguesa ao Brexit e a pouco mais. E, no entanto, tudo o que aconteceu desde que Jeremy Corbyn ascendeu, em Setembro de 2015, à chefia do Labour, uma chefia renovada no passado dia 24, arrisca-se, aos olhos de muita gente, a conduzir à perda definitiva de relevância do Partido Trabalhista, à semelhança do que aconteceu, nos anos 20 do século passado, ao velho Partido Liberal de Gladstone e de Lloyd George.

Corbyn representa, como se sabe, a “esquerda dura” do trabalhismo, no seguimento do seu mentor Tony Benn, que, de resto, começou na ala direita do partido. As tradições são o que são, e a “esquerda dura” trabalhista tem uma longa tradição e sempre foi mais ou menos activa. Mas esta nova encarnação vegetariana, abstémia e pacifista oferece um radicalismo que não parece ter tido antes uma tão plena oportunidade de se manifestar na chefia partidária. E Corbyn anda bem acompanhado, como por exemplo por um seu importante e muito próximo ministro-sombra, John McDonnell, que recentemente se recusou a pedir desculpa por ter apelado ao linchamento da deputada conservadora Esther McVey. McDonnell tem de resto uma longa história no capítulo: em 2003 elogiou, lembra a Economist, “as bombas, as balas e o sacrifício” do IRA.

O velho radicalismo da “esquerda dura” trabalhista – nacionalizações extensas, desarmamento nuclear unilateral, eliminação das bases americanas, anti-europeísmo manifesto ou mais ou menos disfarçado, etc. – encontra-se devidamente complementado em Corbyn por outras posições próprias ao presente. Tal como o antigo mayor de Londres, Ken Livingstone, Corbyn elegeu Israel como o seu ódio de estimação. Defendeu, por exemplo, os autores do atentado bombista de 1994 à embaixada israelita em Londres. E, naturalmente, é dotado de uma vasta complacência para com o islamismo radical. Corbyn, de resto, e só superficialmente há incoerência nisto (é unicamente Israel que se quer atacar), não vê grande diferença entre Israel e o Estado Islâmico.

Orçamento do Estado: O extraordinário mundo da política de ilusões

Helena Garrido
Os números mostram-nos uma realidade diferente da narrada pelo Governo. À medida que 2016 chega ao fim percebemos que a receita é irrepetível em 2017. Os alertas estão aí a começar pelo FMI.

“2016 e 2017 não são nem nunca poderão ser 2011”. A declaração é do Presidente da República na abertura do terceiro Fórum do Turismo. Numa só frase, Marcelo Rebelo de Sousa resumiu aquilo que se receia que nos possa acontecer. Para não repetirmos 2011, agora como tragédia, parece óbvio que o Governo vai ter de alterar a combinação de políticas, que lhe garantiu o acordo com o Bloco de Esquerda e o PCP e a subida ao poder. As ilusões chegam ao fim, mesmo que a habilidade política de António Costa consiga manter alguma ilusão.

Um dos mais interessantes aspectos da governação de António Costa é sem dúvida o poder de criar ilusões, de fazer acreditar que a “austeridade” acabou. As mensagens políticas e especialmente as ferramentas económicas usadas são extraordinárias, e umas alimentam as outras, possibilitando a repetição da frase “prometemos e cumprimos”.

Prometeu-se reduzir impostos e aumentar os rendimentos. É uma realidade. Prometeu-se e cumpriu-se, de facto. Mas quando se olha para os grandes números o que se descobre é uma interessante engenharia política. Os dados da receita fiscal de Janeiro a Agosto dão-nos uma fotografia, em números, do que se está a passar. A descida registada na receita dos impostos directos é praticamente igual à subida que se verifica na tributação indirecta (pouco mais de mil milhões de euros).

Ou seja, na economia como um todo, não existe uma descida nos impostos. Há uma alteração do perfil da tributação. O actual Governo reforçou a componente dos impostos “narcotizantes”, aqueles que nem reparamos que estamos a pagar, e regressivos. 



No limite, a política de impostos deste Governo pode estar a ser até mais injusta – no sentido que se traduzir em menos equidade – do que a do anterior Executivo. Um imposto indirecto é cego ao rendimento. Mas, argumenta-se, é preciso olhar para os impostos que estão a aumentar, o maior contributo vem do ISP e esse afecta apenas os que usam o carro. O contra-argumento: num país em que os transportes públicos servem mal ou não servem de todo os cidadãos, a probabilidade de boa parte das pessoas estarem a pagar mais impostos ou pelo menos o mesmo que anteriormente é elevada.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Presidente Trump

Não conheci um único americano que veja em Hillary Clinton as qualidades para ser presidente deste país; ela é citada como “a opção menos pior” por alguns

Flavio Quintela

Eu gosto de conversar com as pessoas. Podem me chamar de chato, mas puxo conversa na fila do mercado, no avião, na sala de espera, no táxi, na reunião de condomínio etc. Nesses últimos tempos, marcados pela proximidade da eleição para presidente, tento sempre abordar o assunto e tentar descobrir o que as pessoas comuns pensam a respeito de Donald Trump e Hillary Clinton. E o que tenho visto pode ser resumido em três afirmações básicas: a pessoa declara voto para o Trump porque gosta dele ou porque não suporta mais “os políticos de sempre”; a pessoa não gosta de nenhum dos dois, mas acha o Trump louco demais para ser presidente; ou a pessoa não gosta de nenhum dos dois, mas acha a Hillary criminosa demais para ser presidente.

Tive a sorte, em minhas incursões conversativas, de nunca topar com um democrata radical (o equivalente americano dos petistas), daqueles que amam Hillary apesar de tudo de ruim que ela representa. Pode parecer mentira, mas não conheci um único americano que veja em Hillary Clinton as qualidades para ser presidente deste país; ela é citada como “a opção menos pior” por alguns.

Depois de terminado o primeiro debate presidencial, na segunda-feira, li inúmeras análises que davam a Hillary a vitória. A mídia televisiva norte-americana chegou a mostrar um certo alvoroço pelo desempenho de sua candidata preferida, e muitos comentaristas isentos ou apoiadores de Trump seguiram pela mesma linha de raciocínio. Para mim – e para alguns outros poucos analistas –, Trump saiu vitorioso do debate justamente por ter mostrado que não é o louco-racista-misógino que Hillary vinha exibindo em sua propaganda eleitoral. Trump mostrou que não passa de um homem normal; profissionalmente, um empresário de sucesso com pouca atuação política. Enfim, alguém de fora do establishment, com uma postura muito mais de pessoa comum do que a robotizada Clinton, com seu sorriso falso sempre presente. Enquanto ele mostrava indignação diante das mentiras de Hillary, ela ria em tom de deboche de tudo o que ele falava – o tipo de atitude que os americanos não esperam de um presidente.

Rua com casa no meio


Carros bons que não vendem


Governo Temer corta a verba para as páginas petistas, os chamados “blogs sujos”

Reinaldo Azevedo
Essas páginas, fartamente financiadas com dinheiro do contribuinte, serviam e servem ainda como plataformas para espalhar difamações e achincalhes na esgotosfera

O governo Temer, numa atitude obviamente correta, suspendeu o repasse de dinheiro público a 13 blogs ou sites que, atenção!, não devem ser caracterizados apenas como pró-PT. A coisa é pior. Já chego lá. São eles: Brasil 247, Carta Maior, Conversa Afiada, Diário do Centro do Mundo, Site Jornal GGN (Blog do Luís Nassif), Portal Fórum, Opera Mundi, Brasil Econômico, O Cafezinho, Portal Fórum, Sidney Rezende, Viomundo e Brasil de Fato.

Atenção! De janeiro a dezembro de 2015, informa a Folha, essas páginas haviam recebido do governo e de estatais R$ 5,1 milhões. Entre janeiro e junho de 2016, o valor caiu para R$ 1,54 milhão. Após esse período, a fonte secou. Gente como Luiz Nassif chama isso, ora vejam!, de “censura”. Como? Quer dizer que, se um veículo não recebe verba oficial, está sendo censurado? O que foi feito da boa e velha iniciativa privada?

Censura uma ova! O problema dessas páginas — e isso ficou claro num documento que vazou da Secom, ainda no primeiro governo Dilma — é que não eram usadas apenas para, vá lá, defender pontos de vista do PT e do governo. No mais das vezes, serviam e servem também à difamação daqueles que o partido considera “inimigos”. E isso não exclui ninguém: políticos, juízes, jornalistas, empresários… Enfim: o PT define o alvo, o governo dá (ou dava) a grana, e a turma dispara.

Informa a Folha:
“Na lista estão o Blog do Luís Nassif (R$ 746 mil), o Brasil 247 (R$ 732 mil), o Diário do Centro do Mundo (R$ 194 mil) e o Conversa Afiada (R$ 333 mil), do jornalista Paulo Henrique Amorim. Os valores totais podem ser maiores, pois a Petrobras e a Caixa não forneceram os números divididos por recebedor, apenas o total. O Banco do Brasil, por exemplo, pagou R$ 500 mil ao Blog do Nassif em 2015 e R$ 113 mil de janeiro a maio deste ano. Para o Brasil 247, foram R$ 491 mil no ano passado e mais R$ 120 mil nos cinco primeiros meses de 2016. O Conversa Afiada recebeu R$ 199 mil em 2015 e R$ 44 mil neste ano.”

Com o PSOE em cacos, Pedro Sánchez marca primárias para outubro

Depois da demissão de 17 membros da equipa de Pedro Sánchez, o PSOE está mergulhado numa guerra interna cujo desfecho ainda é incerto. Líder do órgão máximo diz que Sánchez já não manda no partido.

João Pedro Pincha
O Partido Socialista espanhol (PSOE) está mergulhado numa grave crise interna depois de, na quarta-feira, 17 membros do comité executivo se terem demitido para forçar a saída do líder, Pedro Sánchez. Desde as primeiras horas desta quinta-feira que se multiplicam as movimentações na sede do partido, em Madrid, para onde convergiram tanto os apoiantes como os opositores de Sánchez.

Foto: Mariscal/EPA

Desde as 10h30 que os 18 membros que restam do comité executivo do PSOE estão reunidos. Segundo os estatutos do partido, a demissão da “metade e mais um” daquele órgão leva automaticamente à destituição do líder e à convocação de um congresso extraordinário. O que está agora em disputa é se a saída dos 17 membros, na quarta-feira, é suficiente para afastar Sánchez. O comité executivo tem atualmente 35 membros, mas originalmente tinha 38. Os estatutos não especificam se a “metade mais um” se refere ao número atual de membros ou se, pelo contrário, diz respeito ao número original. Em qualquer dos casos, 17 demissões não representam a fasquia que os estatutos exigem (seriam 18 para um comité de 35 pessoas e 20 para um com 38 membros).

Ainda assim, esta manhã, a presidente do comité federal do partido disse, à entrada da sede, que “neste momento a única autoridade que existe no PSOE” é ela própria. Além de liderar o comité que coordena as diferentes federações do partido pelo território espanhol, Verónica Pérez é também a secretária-geral do PSOE em Sevilha, que integra a federação do partido na Andaluzia — liderada por Susana Díaz, a principal candidata a substituir Pedro Sánchez. Sem se referir especificamente ao líder, a responsável disse aos jornalistas que o comité executivo já não está em funções e pediu “dignidade pessoal” aos companheiros de partido.

Ninguém nasce corrupto

Rafael Marques de Morais



Nota: Comunicação inaugural proferida no Seminário  sobre a “Corrupção e justiça criminal: A eficácia e a garantia da justiça criminal no tratamento da corrupção”, organizado pela Associação Moçambicana de Juízes e o Centro para a Integridade Pública (CIP), de 27 a 29 de Setembro, em Maputo.

Quando recebi o convite da Associação Moçambicana de Juízes para falar no Seminário sobre “Corrupção e Justiça Criminal – A eficácia e garantia da justiça criminal no tratamento da corrupção”, julguei tratar-se de algum engano, ou mesmo de uma armadilha. Até hoje, a minha relação com juízes tem-se limitado a processos de julgamento e a condenações, precisamente pelo facto de eu denunciar actos de corrupção e as consequentes violações dos direitos humanos.

Em Angola, o sistema judicial é apenas o prolongamento da cleptocracia vigente no país. Quem se demarca de fazer parte dos esquemas é ostracizado ou excluído, e quem combate a corrupção, a má gestão pública e os abusos de poder é punido pelas autoridades.

Sorri e lembrei-me então do espaço de diálogo existente em Moçambique e de como, durante muitos anos, ele serviu de referência política e moral para muitos angolanos.

Muitos angolanos consideram extraordinário que os presidentes moçambicanos, no fim dos seus mandatos constitucionais, deixem pacificamente o poder. Desde a instauração da democracia, Moçambique já elegeu o seu terceiro presidente, ainda que pertençam todos à Frelimo. Em Angola, pelo contrário, o presidente José Eduardo dos Santos, há 37 anos no poder, encontra sempre artifícios, com recurso ao sistema judicial que o sustenta, para continuar na presidência até que Deus o chame, na linha de Robert Mugabe.

Entre as muitas referências históricas comuns entre Angola e Moçambique — que sempre nos levam a termos comparativos —, destacam-se as longas guerras civis por que ambos os países passaram. Moçambique, depois de ter dado um exemplo de reconciliação e de paz no continente, regressou a uma situação de conflito latente. Angola, que até recentemente registava um dos maiores crescimentos económicos no mundo, regressou às filas de pão nos supermercados e ao descalabro económico.

Por que razão, mais uma vez, perdemos as oportunidades soberanas de cuidarmos das acções essenciais que deveriam nortear os actos políticos, económicos e cívicos dos nossos países?

Por isso, é com grande honra e estima pelo povo moçambicano que venho aprender com os meritíssimos juízes sobre uma das vossas mais nobres missões: contribuir para a consolidação do Estado de Direito em Moçambique, combatendo um dos seus principais inibidores e grande factor de estrangulamento, a corrupção.

Então vamos relembrar a verdadeira natureza do PSOL, dos Freixos, Alencares, Jeans e Erundinas e Tomorrows

Reinaldo Azevedo
O texto é longo, mas vale a pena. Imaginem se o PSOL fosse um partido grande como o PT... Do que seria capaz a legenda?

Se há coisa de que gosto, é de uma boa briga. Até o New York Times ameaça me fazer famoso por isso. Dizer o quê?

No dia 5 de setembro de 2013, publiquei aqui um post com um título gigantesco: “Um PT mixuruca, com complexo de moralidade – Chefona do PSOL, aquela que insuflava greve armada de PMs, confessa que tomou grana de sindicato para financiar a própria campanha e o partido; ambos têm de ser cassados, segundo a lei. Agora vamos ouvir o que têm a dizer o Caetano Veloso, o Chico Buarque e o Wagner Moura”.

Pois é… O PSOL é o partido que recorreu à Justiça para tirar do site do MBL e do YouTube a campanha de Fernando Holiday, que disputa uma vaga a vereador em São Paulo. A Justiça concedeu uma liminar, amparando-se na lei que impede que entidades de personalidade jurídica apoiem candidatos.

Só que a mesma lei proíbe que sindicatos façam doações a partidos. E, obviamente, outras leis proíbem que membros de partidos roubem os sindicatos. Vocês vão notar que até os aparelhos que uso para indicar o mundo contemporâneo, há meros três anos, já são obsoletos. Só o PSOL não muda. Desde que os pterodáctilos defecavam na cabeça de outros seres primitivos.

Então leiam o que segue:
*
O preâmbulo, com os Varões de Plutarco
É claro que, no ambiente propriamente institucional, o PSOL não tem muita importância, embora conte com três figuras públicas que não hesitariam em pedir a própria canonização — materialista, é claro! São figuras muito apreciadas por setores da imprensa como expoentes da ética, da coerência e da moral inquebrantável. Refiro-me ao deputado federal Chico Alencar (RJ) e ao deputado estadual Marcelo Freixo (RJ), mais aclamado pelos socialistas do circuito Leblon-Copacabana-Ipanema do que biscoito na praia.

“Biscoito”, leitores do Rio, é como a gente chama “polvilho” aqui em São Paulo… Freixo passou a ser o queridinho do Chico Buarque, do Caetano Veloso e do Wagner Moura, três profundos conhecedores do socialismo com liberdade. O trio forma, assim, o “magister dixit” da sabedoria política.

Meet the Western Charlatans Justifying Jihad

Giulio Meotti
Why has the philosopher, Michel Onfray, become so popular among the French jihadists fighting in Syria and Iraq? Journalist David Thomson, a specialist in jihadi movements, explained that "Onfray is translated into Arabic and shared on all pro-ISIS sites."

Onfray recognizes that we are at war. But this war, to him, was started by George W. Bush. He "forgets" that 3,000 Americans were killed on September 11, 2001. If you remind him that "ISIS kills innocent people", Onfray will reply: "We have also killed innocent people." It is the perfect moral equivalence between ISIS and the West. Barbarians against barbarians! With his moral relativism, Onfray opens the door to Islamist cutthroats.

The French intellectual Thomas Piketty, after the massacres in Paris, pointed at "inequality" as the root of ISIS's success. Another well-known German philosopher, Peter Sloterdijk, claimed that the September 11 attacks were attacks were just "small incidents".

Famous representatives of European culture also embraced Adolf Hitler's dream. Their heirs now justify jihad as the ultimate punishment for Western freedoms and democracy.

After September 11, 2001, the cream of European intellectuals immediately started to find justifications for jihad. They evidently were fascinated by the Kalashnikov assault rifle, "the weapon of the poor". For them, what we had seen in New York was a chimera, an illusion. The mass killings were supposedly the suicide of the capitalist democracy, and terrorism was the wrath of the unemployed, the desperate weapon of a lumpenproletariat offended by the arrogance of Western globalization.

These intellectuals have sown seeds of despair in a large Western echo-chamber. From 9/11 to the recent massacres on European soil, the murdered Westerners are portrayed as just collateral victims in a war between "the system" and the damned of the earth, who are only claiming a place at the table.

One of these intellectuals is Michel Onfray. It has been a while since we heard the expression: "Useful idiot." The cynical expression is often attributed to Lenin, and was used to designate Western sympathizers who justified the horrors of Communism. The French magazine L'Express used it for Onfray: "the useful idiot of Islamism".

When his "Atheist Manifesto" was published in 2005, Onfray could never have imagined that ten years later, he would become the darling of the jihadist group, Islamic State (ISIS). Yet, on November 21, 2015, a week after the massacres in Paris, Onfray appeared in a propaganda video of the Islamic State. A few days later, Onfray, this idol of the reflexive European middle class, said that a "truce could be signed between ISIS and France".

Onfray just gave another interview to the magazine Famille Chrétienne, where he explained that there is no moral difference between "killing innocent lives of women, children and elderly" and "state terrorism" -- between ISIS and the Western war on terror.

Onfray is the most widely read French philosopher in the world and has dethroned Michel Serres, Michel Foucault and Jean-Paul Sartre. This philosopher, drunk with the Enlightenment, has written 80 books, translated into nearly 30 languages. He is not a Marxist, but a libertarian hedonist. According to Onfray, the entire Judeo-Christian heritage prevents free, loving enjoyment. Hence his insistence, ultimately, that the Western civilization is "dead."

How did this great hedonist, the theorist of materialism and atheism, become the darling of Islamist cutthroats? Prime Minister Manuel Valls accused him of having "lost his bearings."
()
Giulio Meotti, Gatestone Institute, September 28, 2016 

183 bandeiras!

A última a nos visitar foi a de São Martinho.

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609 189 acessos!

Foi este o número total de acessos ao nosso blogue durante a quarta-feira, 28 de setembro de 2016.

De salientar que até ao momento a postagem Fiscal da Alfândega do Galeão extrapola recebeu 823 618 visitas!


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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Mais de MEIO milhão de visitas/acessos!

Sim! Acabamos de ultrapassar a marca de 500 000 visualizações. Em um só dia! Vamos ver qual será o total ao final do dia de hoje.

Os fantasmas também jogam boliche

José Manuel

Os mortos vivos e os vivos mortos da Varig estão jogando partidas de boliche há, mais ou menos, dez anos, treinando com afinco a paciência para o grande jogo, o gran finale necrológico partidário, que se avizinha.

E os fantasmas? BUUUUUU! até os fantasmas do VNA, VDX, VJH, VMB, VLF, VOI, VPJ e tantos outros, vão continuar assombrando e voando em rasante sobre as cabeças daqueles que direta ou indiretamente os abateram em pleno voo por dinheiro, calhordice, vagabundagem e para sempre.

O VJM está bem vivo lá no museu aeroespacial, só curtindo o jogo.

Se os aviões são fantasmas revoltados, imagine-se todos aqueles que os tripulavam com amor, a zoeira que vão fazer.

O jogo dos fantasmas continua e... BUUUUUU! no momento está tendo uma grande festa nos céus e na terra, sendo o programa alegria alegria para todos, uma grande confraternização nas pistas do boliche.

Até ao momento vários "spare" já foram, mas ainda faltam alguns pinos caírem pois o jogo não acabou, e o "strike" tão ansiado não nos devolverá a empresa nem os nossos mortos, mas o prazer de ver todos irem caindo, um a um e reaparecerem pendurados pelo pescoço não tem preço!

Pesadelo Espanhol: fragmentação, “laboratório social”, bastidores e aventuras

Gonzalo Guimaraens


A Espanha continua politicamente à deriva. A Câmara de Deputados encontra-se de tal modo fragmentada, que há oito meses tenta sem sucesso articular uma maioria para eleger o chefe de governo. Os parlamentares têm fracassado na escolha do primeiro-ministro do país, desde o Partido Popular (PP), de centro-direita, passando pelo PSOE, socialista, até os novos partidos como “Ciudadanos” e “Podemos”.

Um problema delicado consiste em que tal fragmentação política parece estar contagiando os diferentes setores da sociedade e acostumando-os com um governo acéfalo quase permanente. Por sua vez, o Rei da Espanha — que, entre suas atribuições, detém o poder de convocar os líderes políticos para formar o governo — tem fracassado em suas tentativas. É o caso de ressaltar que, perdendo assim a sua razão de ser, o monarca está ficando perigosamente à margem dos acontecimentos.

Vai tomando conta da população um sentimento de irritação, impotência, frustração, cansaço e desinteresse pela coisa pública. Até quando poderá se prolongar essa situação em uma nação da importância da Espanha, para a qual continuam olhando os países latino-americanos?

Estará a Espanha se transformando em uma espécie de “laboratório experimental” para a América Latina? Baseados em teorias sociológicas do caos, alguns dizem que a Espanha estaria passando por um momento de mudança de paradigmas sociais e políticos, e levantam hipóteses no sentido de que esse caos poderá fazer germinar novas formas de governo e de sociedade.

Idosa procura emprego


182 bandeiras visitaram este blogue!


A última veio de Granada.



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[Minha Pátria é a Língua Portuguesa] Nova Iorque ou… Nova York?


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QUIZ: Musicais

Nos anos 50, o musical transformou-se num dos gêneros mais populares de Hollywood. Que filme de 1952 costuma ser considerado como seu expoente máximo?


A – Um Americano em Paris
B – Grease (Brilhantina)
C – Serenata à Chuva/Cantando na Chuva 
D – Isso é Espetáculo

Charada (321)

Álvaro, Gaspar e Samuel disputaram
uma prova de triatlo. No âmbito das três
modalidades, cada um deles conseguiu obter
um primeiro, um segundo e um terceiro lugar.
Analisando as seguintes premissas,
descubra a ordem de chegada dos três atletas
em cada modalidade.


a) No ciclismo, Gaspar só venceu Álvaro;
b) Álvaro não chegou em primeiro lugar na natação; 
c) Na corrida, Gaspar chegou atrás do Samuel.

Nossa! 7620 visualizações! Ontem, 27 de setembro

Graças à postagem Fiscal da Alfândega do Galeão extrapola. Só esta teve 5 496 acessos!

Trinta e seis minutos do dia 28 de setembro, a postagem está com 6 187 visualizações e o blogue com 3 575 acessos!


Temos postagens com recordes de visualização, mas nunca vi tamanho rastilho de uma postagem!!

Well… obrigado!

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Quem fica com mais saudades: quem parte ou quem fica?

Imaginemos que A foi visitar B durante xis dias. A voltou para casa.

Diga lá, quem sente mais saudades? A, que partiu, ou B, que ficou?


Volkart pede mais participação

Prezados leitores desta Revista Virtual,
Penso que em nossa vida, a Generosidade é algo importante para quem é, o faz feliz em ser e perceber, o ato a quem ela é destinada. É importante também para quem recebe, para aquele que se beneficia com ela. Então, concluo que ser Generoso realmente é importante, também porque nos distancia do egoísmo.

Vendo, lendo e participando deste blog, percebo a falta de generosidade dos leitores deste blog… não comentam, poucos o fazem, não compartilham suas experiências, seus conhecimentos, suas aventuras, opiniões, críticas. Tantos colegas que se beneficiam, são informados, se distraem e se divertem com o blog, mas não participam, por quê?

Enfim, compartilhar, tudo isto é generosidade, é dividir com o próximo um pouco de si, é importante na nossa vida.    

Então, gostaria de deixar aqui um pedido, a todos os grupos aos quais o blog se relaciona, por exemplo, no meu caso, aos ex-Trabalhadores da VARIG:
Vamos participar, compartilhem!
Tenho a certeza que se sentirão bem. 
   
Um Forte Abraço Fraterno a Todos!                                       
Texto: Heitor Volkart, 27-9-2016

Relacionado:

Campanha de utilidade pública: petistas, nesta eleição, prestem atenção no vice!

Implicante


O primeiro turno da eleição 2016 ocorrerá no próximo domingo. Na imensa maioria dos municípios brasileiros, será o único turno. O PT entrou nessa disputa bem menor do que o observado há quatro anos, mas ainda assim há quase mil petistas pleiteando o cargo de prefeito. Por isso, o Implicante reforça a campanha lançada semanas atrás. E se permitirá até mesmo o uso do capslock: PETISTAS, PRESTEM ATENÇÃO NO VICE!

Porque não tem escapatória: votou no candidato a prefeito? Votou também no vice. E aí depois não vale conversa fiada a respeito de ter votado no projeto, de ter votado contra o candidato adversário, de ter apenas tentado dar utilidade a um voto que estava perdido… Apertou o um? Apertou o três? Confirmou? Votou no PT e no vice escolhido pelo PT – quem nem sempre, ou quase nunca, pertence também ao mesmo partido.

Vai ficar bem feio se, depois de tudo o que aconteceu no impeachment de Dilma Rousseff, ainda sustentarem o papo de que não votaram no vice.
O Implicante deseja a todos uma boa votação. 
Título, Imagem e Texto: Implicante, 27-9-2016

Carta aberta a Passos Coelho

Sim, eu sei... Mas o senhor, o que é que propõe?

José Mendonça da Cruz

Caro Dr. Pedro Passos Coelho,

Votei em si em 2010 e em 2015. Começo por este esclarecimento para – esperançosamente – o interessar a si e irritar os seus oponentes, sobretudo os militantes que enchem caixas de comentários de jornais, revistas e blogs com considerações tão incendiadas quanto obtusas contra si e a sua governação, junto com acusações de azia e ressabiamento com que imaginam esmagar quem afinal só lamenta o seu pobre entendimento. Se o interessei, a si, tanto melhor; se indispus os orcs, tanto faz: os pobres diabos produzem ruído e autossatisfação, mas é só isso, só folcore, nunca elegeram ninguém. Os orcs não são problema, Dr. Passos Coelho, mas eu, seu eleitor, sou. É que eu, embora compreendendo-o, tenho um problema consigo: é que não sei o que quer.

Austeridade, só? E que mais? 
Compreenda-me. Eu considero-o sério, responsável e prudente como António Costa não é, e não quero perder mais do que umas poucas linhas a discutir a sua governação entre 2011 e 2015. Compreendo que fez o necessário para dar um aroma de seriedade às contas públicas e conquistar a credibilidade entre instituições internacionais e investidores. Compreendi menos bem por que razão aceitou para as suas políticas a mesma denominação de «austeridade» com que os autores da bancarrota baptizaram as consequências desta. Compreendo ainda menos por que razão a elegeu como proclamação-cerne da sua política. E não consigo nem começar a compreender por que razão nunca fez cavalo de batalha da publicidade sobre o controlo da dívida, a baixa das taxas de juros, a taxa de crescimento superior à média europeia, a recuperação do emprego, o saldo primário positivo, a animadora taxa de investimento, a animação das exportações, o equilíbrio da balança corrente, a confiança internacional. É que além de sinais de bom rumo, essas bem que poderiam ser as fundações de um programa de governo com esperança e crível. Mas onde é que ele ficou, Dr. Pedro Passos Coelho? Além de mais austeridade, de mais do mesmo, o senhor prometeu o quê? Pensou que bastava? Pensa que, esperando, vai bastar?

Não basta.
A primeira notícia que tenho para si (desculpe-me a presunção) é que não basta nem vai bastar. Eu sei que o Dr. Jorge Sampaio é, por detrás da sua fingida apatia e do ar equidistante e aristocrata que se inventou, um dos mais perniciosos personagens que nos competiu sofrer. Mas, em outras circunstâncias, em outro sentido, com uma seriedade a que ele era medularmente estranho, não é verdade que há vida para além do défice? O desespero com que o actual governo se aferra ao cumprimento desse mesmo défice quando tudo o resto vai mal não é, a contrario, prova disso mesmo? Pois se a vida para além do défice vai, com este governo, de mau a muito pior; onde haveria o lamentável governo de aferrar-se? Mas… e o senhor, Dr. Pedro Passos Coelho, além do cumprimento do défice que mais teria aí para nós? É que eu ainda não ouvi. Julgo que ninguém sabe nem ouviu.

Melhor não violarem ninguém

Vitor Cunha
Recebi, nos últimos dias, algumas mensagens acerca da minha misoginia, brutalidade, bestialidade e grunhideira. O habitual, previsível como um chá a meio da tarde, algo que nos reconforta para o resto do dia. Porém, um anónimo “ya, eu sou de esquerda, yo” sugeriu que eu fiz um apelo à violação da Mariana Mortágua. Primeiro ri: é altamente implausível por todos os motivos imagináveis, incluindo alguém desgraçar a vida só porque eu o teria – eventualmente – sugerido, achar que a Mariana tem fetiche por assaltos na rua por gajos espadaúdos que não sejam como os xoninhas que apoiam o Bloco é o mesmo que um apelo à violação. Se há coisa que parece evidente é que os desejos de Mariana não são concretizáveis, incluíndo esse, caso seja mesmo real.

Depois, sorri ao pensar que isso era um pretexto para poder evidenciar – mais uma vez – o quão a esquerda revolucionária está sempre preparada para dar pancada, mas nunca preparada para a receber.

Depois, ainda, achei piada quando fui ver que essa micro-indignação é sobre aquilo que acham o máximo na rádio pública sob a batuta da dupla Quadros e Nogueira.

Mais à frente, fui ler o que escrevi e constatei que intui um desejo de Mortágua de uma rua mais musculosa, daquele tipo de rua que é boa para a revolução e depois, quando começa a incomodar, é transformada em carnificina pelos dirigentes revolucionários.

Depois, deixei de perceber a acusação: então a deputada propõe roubar proprietários e não está disposta a ser assaltada ela própria? E a igualdade? E a justa distribuição de riqueza? E a torre de marfim que a esquerda impoluta inventa para si própria para justificar as suas atrocidades? E a imbecilidade dos dirigentes do Bloco que, deixando queimar a ex-estrelinha da sorte Mortágua, fazem um favor aos socialistas, os que nem têm que anunciar nada excepto, nas entrelinhas, o rumo ao colapso da tesouraria?

Fiscal da Alfândega do Galeão extrapola


Queridos amigos,
Essa senhora da foto se chama Maria Lucia Lima Barros.

Ela é auditora fiscal e atua na alfândega do aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro.

Neste último sábado, dia 24 de setembro, retornei de uma viagem de duas semanas para a Índia com a minha avó, de 86 anos, que chegou de cadeiras de rodas e passando muito mal depois de 14 horas de vôo.

Fomos paradas na alfândega e pediram para abrir as nossas bagagens. Abrimos, sem qualquer hesitação. Ocorre que, durante quase 4 horas, sofremos um verdadeiro terror psicológico por parte desta senhora, Maria Lucia.

Em total desrespeito a mim e à minha avó, idosa, ouvimos todos os tipos de deboches, grosserias e sarcasmos. A servidora passeava de um lado para o outro, conversando com várias pessoas, muitas vezes rindo e tudo parecia fazer parte do seu "show".

E, o que é pior: passadas 4 horas de evidente assédio moral – que pareceram uma eternidade –, a auditora fiscal sequer conseguiu concluir o seu trabalho, alegando que ainda precisaria de muito tempo para firmar a sua convicção e apontar os valores eventualmente devidos.

Foi, então, que, com o intuito de dar um basta à situação, resolvi ir embora, deixando os objetos que tinha comprado. Maria Lúcia lavrou um termo de retenção (nulo, sob o ponto de vista jurídico, já que sequer elencava quantidade e qualidade dos itens). Se recusou a me informar o seu sobrenome, limitando-se a apor o número de sua matrícula. E disse que voltasse no plantão dela para recuperar os meus pertences! Mais um absurdo porque não se trata de um ato personalíssimo...

Minha avó, senhora de idade, não queria ir embora sem suas coisas. E, mais uma vez, Maria Lucia veio com um tom irônico alegando que, para tanto, levaria ainda muito mais tempo... Cinco minutos depois, apareceu com um DARF no valor de 1500 reais, sem nenhuma fundamentação! Minha avó ficou indignada, mas, mesmo assim, preferiu pagar, acabando com aquele sofrimento e levando as coisas dela para casa.

Mas, o que mais me impressionou durante toda essa saga foi que todos os servidores públicos presentes na ocasião me pediam para permanecer calma e me falavam que essa conduta dela era recorrente. E que, a cada vôo, um passageiro era eleito e assediado por ela.