segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Keynes e os keynesianeiros saloios

Pinho Cardão
Face ao débil crescimento económico, insistem alguns na necessidade urgente de mais investimento público, socorrendo-se de Keynes para dar suporte teórico à ideia.

Há precisamente 80 anos, na sua Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda, Keynes justificava a intervenção do Estado para moderar e contrariar os ciclos económicos. Estava-se na Inglaterra na época subsequente à Grande Depressão, a despesa pública andava pelos 9% do PIB, o défice não tinha significado e a dívida pública diminuta, as economias eram protecionistas e estavam muito longe de sofrer o impacto da globalização. Foi neste quadro que Keynes elaborou a sua teoria, preconizando o uso de políticas monetárias (redução da taxa de juro) e políticas fiscais, fomentadoras do investimento em infraestruturas.Todavia, reconhecia restrições a uma aplicação global da sua teoria, pressupondo a inelasticidade dos impostos e a dívida a partir de certo limite.

Deste modo, e seguindo o seu pensamento, Keynes por certo reprovaria em que se utilizasse mais despesa pública em circunstâncias de défices elevados, carga fiscal e dívida pública nos seus limites extremos, como acontece em Portugal. Aí, os efeitos seriam perpetuar o ciclo negativo, em vez de o amortecer ou contrariar. O caso português, de aplicação, pelo governo de Sócrates, de políticas keynesianas fora de tempo e de modo, é bem ilustrativo. 

Que queiram repetir a dose, mais que asneira, é ignorância crassa, delírio ou, no limite, crime anti-económico.

Keynes foi um homem vivido, passando por muitos ofícios, negócios e missões, ao contrário de uns tantos keynesianeiros de hoje, saloios de biblioteca ou boys partidários que diariamente o invocam em vão.
Título e Texto: Pinho Cardão, 4R – Quarta República, 12-9-2016

NdE: John Maynard Keynes morreu em abril de 1946, há SETENTA anos!

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