O STF surfou no surto da covid para
disparar um Mandamento Raul Seixas a cada governador e prefeito brasileiro: faz
o que tu queres, há de ser tudo da lei
Guilherme Fiuza
O STF está fazendo política,
como sempre. Pelo menos como tem sido com essa corte aí, ungida pelo Lula.
Depois de meter a caneta de forma ditatorial numa nomeação do presidente da
República, está conduzindo de forma circense (com os devidos vazamentos
especulativos) a investigação sobre suposta interferência presidencial na
Polícia Federal. Logo o STF, que interfere até em capa de revista. Mas de sua
pior interferência ninguém mais fala.
O Brasil está impedido de ter
uma política de enfrentamento da epidemia de coronavírus graças a um ato
bizarro do STF. A corte máxima do país tirou do governo nacional o poder de
conduzir o país durante a crise de saúde — como se a epidemia fosse estadual.
Ou seria ela municipal?
Como se estivesse em mais uma
dessas piruetas de Marco Aurélio para encenar o impeachment de
Bolsonaro, ou de Alexandre de Moraes para decidir quem pode dirigir a PF, ou de
Gilmar Mendes para soltar Lula no grito, o STF surfou no surto da covid para
disparar um Mandamento Raul Seixas a cada governador e prefeito brasileiro: faz
o que tu queres, há de ser tudo da lei.
E eles fizeram. Ou melhor,
estão fazendo. Nem todos, mas numa farra dessas bastaria meia dúzia de
aloprados para operar um belo estrago — e temos mais, muito mais que meia dúzia
botando para quebrar.
Nem vamos falar aqui das
inúmeras investigações sobre equipamentos de saúde superfaturados. Deixemos
essa parte com a polícia. Falemos do que esses aloprados estão fazendo
diretamente com a vida da população, o que é ainda pior do que roubar.
Milhares de municípios
brasileiros sem um único caso de coronavírus estão com tudo fechado. Está sendo
gestada uma ruína social sem precedentes — já convertida em tragédia
humanitária, na cara de todo mundo.
Quem vocês estão esperando que
venha libertá-los dessa sina? O papa?
Podem esperar sentados, ele
não virá. A própria Organização Mundial da Saúde já deixou claro que em áreas
menos atingidas pela epidemia e com vulnerabilidade social pode e deve haver
circulação — isolados os grupos de risco e os sintomáticos — com o devido
distanciamento pessoal e higienização. E você acha que os aloprados locais vão
seguir as diretrizes da OMS ou o Mandamento Raul Seixas?
A OMS serviu no começo, quando
propagou o “fica em casa” (e cala a boca). Aí os tiranetes diziam que estavam
seguindo a ciência. Depois as autoridades que ainda têm algum juízo foram vendo
que a coisa era mais complicada — e o confinamento totalitário não era uma
panaceia. Mas quando Tedros Adhanom avisou, no início de abril, que o lockdown precisava
ser relativo às circunstâncias de cada localidade, e que o contágio estava se
dando de forma massiva dentro das residências, ninguém mais tinha ouvidos para
o diretor-geral da OMS. Saiu cada um decretando a própria ciência.
O prefeito de São Paulo, por
exemplo, inventou um rodízio de carros que causa aglomerações de pessoas. É uma
ciência que nem o Tiririca consegue decifrar.
Já o governador de São Paulo
inventou uma equação matemática entre porcentual de confinados e demanda por
leitos — fórmula que nenhum cientista sério do mundo conhece, e que foi
abalroada pela realidade exposta em Nova York: 84% dos hospitalizados com
covid-19 no Estado norte-americano mais atingido pela epidemia estavam
cumprindo o confinamento horizontal.
A ciência não tem certezas
absolutas sobre o lockdown e a forma mais eficaz de adotar o
isolamento, mas João Doria, Bruno Covas e aloprados associados têm.
Não vamos cansar sua beleza
com rodeios: esses tiranetes estão fazendo política e vão manter o garrote
máximo possível, pelo prazo mais longo que puderem, prolongando a epidemia e
adiando o próprio treinamento da população para as novas formas de circulação
restrita e distanciada. E vão continuar descendo o sarrafo na população
trabalhadora, como se medidas sanitárias autorizassem a boçalidade.
Veja um androide como Wilson
Witzel barbarizando mulheres e crianças na orla do Rio de Janeiro enquanto, na
mesma cidade, pessoas se aglomeram para receber o auxílio emergencial — sem
nenhum meganha do governador para ao menos organizar a distância entre os
ocupantes das filas. Quem aí está preocupado com contágio e com a preservação
de vidas?
O STF é o padrinho dessa
tragédia. Fez isso por politicagem contra o governo federal. Vamos ver até
quando os brasileiros sequestrados vão esperar para rugir contra os falsos
protetores que estão devastando o país.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, revista Oeste, 15-5-2020, 10h23
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