Luísa Castel-Branco
Quando foi a última vez que
aqui escrevi? Imagino sempre que os leitores estão num autocarro em movimento
pela cidade, ou num comboio que se apressa em chegar.
Mas agora, tudo o que sempre
imaginei, tudo o que eu e quem me lê sempre tivemos por garantido, de tal forma
que não perdíamos tempo a pensar nisso, absolutamente tudo mudou.
O mundo mudou e ninguém nos
preparou para isto.
Continuo a acordar e a
acreditar que tive um pesadelo, igual aos filmes de ficção científica, que
sempre odiei. Mas afinal é a realidade.
Uma realidade cruel, que
divide novos em velhos, sim, velhos afinal não são só os trapos. Somos nós
também. Os mais vulneráveis. Os que acrescentam à idade as doenças e, por isto,
estamos confinados em casa, a dizer adeus da janela aos filhos e netos, como se
tal coisa matasse a saudade de um abraço, de um beijo, daquela gargalhada que
só eles sabem dar!
E quem vai trabalhar vai com
medo. Com cuidados, para não contrair este vírus invisível que devasta a
humanidade por igual.
E depois o desemprego, a fome,
a vergonha de pedir...
Ah! Sonho, sonhamos todos com
o dia em que o mundo volte a ser o que era. Até lá vamos indo de mansinho,
vamos rezando para que os outros cumpram também a sua parte e que nada de mal
ataque quem amamos.
Este medo corrói-nos a alma
por dentro, e damos por nós nesta luta solitária para o destruir!
Título e Texto: Luísa
Castel-Branco, Destak, 2-6-2020
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